NOTAS PRÉVIAS

 

O cuidar da criança estomizada no domicílio: estudo de caso

 

 

Andréa Maria Alves Vilar1, Marilda Andrade2

1Hospital Universitário Pedro Ernesto
2Universidade Federal Fluminense

 


RESUMO

Objetivos: Identificar quando os enfermeiros iniciam as orientações ao cuidador/familiar da criança com estoma para a alta hospitalar; discutir como se dá a participação da família no cuidado da criança com estoma, desde a internação até a alta hospitalar, a partir do olhar do enfermeiro.

Método: Estudo descritivo, com abordagem qualitativa realizado com 31 enfermeiros de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um hospital do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados por meio de entrevista com auxílio de roteiro semiestruturado e analisados por técnica de análise temática de conteúdo.

Resultados prévios: Os enfermeiros orientam para a alta assim que sabem da confecção do estoma e a família possui dificuldades neste cuidar. Discussão: A orientação é um instrumento minimizador das dificuldades apresentadas pelo cuidador. Conclusão: A participação sistematizada não somente do enfermeiro, mas da equipe multidisciplinar é fundamental na orientação para a alta hospitalar ao cuidador da criança estomizada.   


Descritores: Necessidades Especiais; Criança; Alta Hospitalar; Estomia; Enfermagem.

 

SITUAÇÃO PROBLEMA E SUA SIGNIFICÂNCIA

Atualmente, a assistência à recém-nascidos e crianças vem sofrendo avanços por meio da alta tecnologia utilizada nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). O crescimento destas unidades vem acompanhado de tecnologia de ponta e a cada momento os profissionais se deparam com máquinas mais modernas, precisas e invasivas. À custa destes avanços muitas crianças conseguem sobrepor às barreiras hospitalares e dão continuidade a essa assistência a nível domiciliar, onde podem vir a necessitar de cuidados especiais. Estas são denominadas como Crianças portadoras de necessidades especiais (CPNE), com denominação no Brasil, desde 1998, como Crianças com Necessidades Especiais de Saúde (CRIANES). Estas crianças podem ser portadoras de disfunções decorrentes da prematuridade ou de outros agravos à saúde, como doenças crônico-degenerativas ou as que apresentam limitações no seu estilo de vida e nas funções normais para a idade, exigindo severas mudanças no seu cotidiano do cuidado, acompanhamento contínuo e interdisciplinar pelos serviços de saúde, além de cuidados especiais por parte dos familiares(1). Nestas crianças não é difícil se verificar a existência de estomas, vocábulo que deriva do grego e significa boca, que constitui-se de uma abertura cirúrgica que permite a comunicação entre um órgão interno e meio exterior (2). Destaca-se que 90% das crianças estomizadas atingem a idade adulta. Assim, os cuidadores/familiares necessitam estar aptos para esses cuidados específicos no ambiente extra-hospitalar, onde uma estratégia é a criação de parceria entre estes e os profissionais de saúde, a fim de amenizar os desgastes do cuidado a uma CPNE, ainda no ambiente hospitalar, desde o momento da confecção destes estomas, até a alta hospitalar(3). Esta pesquisa propõe cooperar na formação de novos profissionais que irão atuar na área de enfermagem, por meio da confecção de um guia de orientação aos enfermeiros para a orientação de cuidadores e/ou familiares de crianças portadoras de estomas (especialmente: traqueostomia, gastrostomia, jejunostomia, colostomia) para a alta hospitalar, a fim de que a visão de cuidar venha a ser voltada não somente para a criança, mas para o cuidador, desde o ato da indicação da confecção do estoma. Almeja-se suscitar a realização de novas pesquisas com o intuito de aumentar o interesse por esta área de estudo, já que pouca literatura sobre a temática é encontrada. A disseminação do conhecimento nesta área poderá refletir na assistência, e consequentemente na melhoria na qualidade de vida desta população, mediante um preparo precoce e adequado do cuidador/familiar da CPNE e redução do tempo de permanência das mesmas no ambiente hospitalar.

 

MÉTODO

A estratégia utilizada foi o estudo de caso associado a um estudo descritivo, com abordagem qualitativa. O estudo foi realizado na UTI Neonatal de um hospital universitário situado na zona Norte do Rio de Janeiro. Este setor é composto por 21 leitos (13 leitos intensivos e oito leitos de berçário intermediário) e por uma sala de preparo de medicação. Os leitos intensivos são designados como: UTI 1 (abrange oito leitos de recém-nascidos maiores de 2 kg) e UTI 2 (abrange cinco leitos de recém-nascidos com peso inferior a 2 kg). O número de leitos pode aumentar de acordo com a necessidade de vaga e da possibilidade de inclusão de novos pacientes à unidade. O estudo foi realizado com 31 enfermeiros plantonistas, lotados nos diversos setores desta UTI neonatal, compreendendo o serviço diurno (SD) e o serviço noturno (SN). A coleta de dados foi encerrada após a ocorrência de repetição das informações quanto ao tema abordado. As entrevistas foram realizadas com auxílio de um roteiro de entrevista, no período de janeiro a março de 2012, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto, sob o registro: 3139/2011, em acordo as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O instrumento utilizado foi composto de 13 questões, as quais objetivou coletar dados sociodemográficos e informações específicas sobre o a atuação e percepção dos profissionais sobre o tema “estoma”. Os dados foram submetidos à de técnica de análise temática de conteúdo, de acordo com Bardin. Esta técnica exigiu a leitura flutuante e exaustiva de todo o conteúdo, após a qual verificou-se a ocorrência de repetições de palavras/expressões nas falas dos entrevistados. Posteriormente, as unidades de registro foram codificadas e emergiram sete categorias.

 

RESULTADOS PRÉVIOS

A pesquisa se encontra em andamento e como resultados prévios identifica-se que os enfermeiros possuem momentos diferenciados para o início das abordagens ao familiar/cuidador quanto às orientações para a alta hospitalar. Os enfermeiros tendem a iniciar o processo de educação em saúde tão logo se tenha o conhecimento sobre a necessidade da confecção do estoma, a fim de poder minimizar as dificuldades apresentadas pelo cuidador, que se encontra temeroso ao se deparar com a ciência e necessidade de cuidado da criança portadora de estoma.

 

REFERÊNCIAS

1. Neves ET, Cabral IE. A fragilidade clínica e a vulnerabilidade social das crianças com necessidades especiais de saúde. Rev Gaúcha Enferm. 2008; 29(2):182-90.

2. Colorretal [ homepage on internet ]. Definições e Técnicas de Estomas Intestinais. [ cited 2012 Sep 26 ]. Available from: http://www.colorretal.com.br/index.php/2011/04/15/definicoes-e-tecnicas-de-estomas-intestinais-parte-1/

3. Fonseca E, Marcon S. Support network to families of low birth weight babies after hospital discharge: a qualitative study. Online braz j nurs [ internet ]. 2009 [ cited 2012 Sep 26 ] ;8(2). Disponível em: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/j.1676-4285.2009.2443

 

 

Recebido: 17/09/2012
Revisado: 24/09/2013

Aprovado: 30/03/2013

 

 

Dados do projeto:
Projeto de dissertação do programa de mestrado profissional em enfermagem assistencial - UFF. Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da UERJ, sob nº CAAE:0052.0.258.000-11
Orientadora: Marilda Andrade.