ARTIGOS ORIGINAIS

Os caminhos percorridos pela Enfermagem brasileira na pesquisa: estudo documental


Andréa Tayse de Lima Gomes1, Pétala Tuani Candido de Oliveira Salvador1, Cláudia Cristiane Filgueira Martins Rodrigues1, Yole Matias Silveira de Assis1, Manacés dos Santos Bezerril1, Viviane Euzébia Pereira Santos1

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RESUMO

Objetivo: caracterizar as dissertações e as teses disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações (CEPEn) da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) quanto ao caminho percorrido pela Enfermagem brasileira no âmbito do ensino, da pesquisa, da gestão e da prática assistencial. Método: estudo do tipo documental e quantitativo, cujo material foram os Catálogos de Teses e Dissertações, disponíveis no sítio da ABEn, do Volume XIX ao XXXII. Utilizaram-se os seguintes indicadores de coleta de dados: nível acadêmico, instituição de ensino, ano, local, objeto de estudo, desenho metodológico e implicações e recomendações finais para a Enfermagem. Resultados: foram encontrados 8.720 resumos, dos quais 7.141 (81,89%) compuseram a amostra final. Destes, 627 (8,78%) associaram-se ao ensino, 329 (4,61%) à gestão, 2.564 (35,91%) à prática assistencial e 3.621 (50,71%) à pesquisa. Conclusão: observou-se que houve um substancial crescimento na quantidade e na qualidade das publicações produzidas pela enfermagem brasileira nos últimos 20 anos (1994-2014).

Descritores: Pesquisa em Enfermagem; Enfermagem Prática; Ensino.


INTRODUÇÃO

A Enfermagem amplia seu espaço no âmbito da pesquisa, principalmente no que diz respeito à evolução técnica, científica e metodológica dos estudos realizados por enfermeiros no cenário brasileiro no decorrer dos últimos anos.

Denota-se que a produção de conhecimento da Enfermagem está no curso de um processo de desenvolvimento extremamente significante, relacionado ao crescimento da pós-graduação na área, e essa realidade contribui para repercussões na sua visibilidade nacional e internacional(1).

Nesse cenário, é notório que a pesquisa se consolida na práxis dos enfermeiros como reflexo do surgimento de novos grupos de pesquisa, da estruturação de novos programas de pós-graduação e do crescente interesse dos profissionais de Enfermagem em complementar sua formação com um curso de Mestrado e/ou Doutorado nas Instituições de Ensino Superior (IES). Essa realidade contribui para a qualidade do cuidado, amplia o conhecimento e favorece a eficiência das ações de Enfermagem em busca da cientificidade para uma assistência baseada em evidências(2).

Nesse sentido, pode-se afirmar que a formação de mestres e doutores em Enfermagem colabora para a configuração da profissão como disciplina no âmbito da ciência, com responsabilidade de gerar resultados capazes de fundamentar um campo de conhecimentos sustentado em bases sólidas, tecnicamente competentes e moralmente aceitáveis no processo de cuidar nas suas três dimensões básicas, a saber: cuidar de indivíduos e de grupos; administrar/gerenciar o trabalho da Enfermagem e os espaços assistenciais; educar e pesquisar(3-4).

Desse modo, a produção científica contribui para a formação de qualidade de novos recursos humanos, tendo em vista a multiplicação e a replicação do conhecimento produzido para a comunidade científica(5).

Diante do exposto, a justificativa para a execução deste estudo partiu da necessidade de conhecer o que a Enfermagem brasileira tem publicado no decorrer dos últimos 20 anos (1994-2014), vislumbrando o caminho percorrido nessa trajetória.

Para nortear a pesquisa, elaboraram-se os seguintes questionamentos: Quais as características das dissertações e teses disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações (CEPEn) da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn)? Qual o caminho percorrido pela Enfermagem brasileira no âmbito do ensino, da pesquisa, da gestão e da prática assistencial?

Com a finalidade de responder às questões de pesquisa, objetivou-se caracterizar as dissertações e teses disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações (CEPEn) da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) quanto ao caminho percorrido pela Enfermagem brasileira no âmbito do ensino, da pesquisa, da gestão e da prática assistencial.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, descritiva, com abordagem quantitativa e documental, caracterizada como uma fonte de coleta de dados restrita a documentos, constituindo-se o que se denomina fontes primárias(6). Além disso, a pesquisa documental objetiva extrair informações a partir de técnicas adequadas para seu tratamento e sua análise, de acordo com princípios científicos(7).

Os dados foram coletados por duas mestrandas, duas doutorandas e uma enfermeira, no período de abril a maio de 2015, utilizando o Catálogo de Teses e Dissertações do Centro de Estudos e Pesquisas da Associação Brasileira de Enfermagem como fonte de dados, o qual é um acervo que disponibiliza teses e dissertações produzidas por programas de pós-graduação em Enfermagem no Brasil.

Para direcionar a coleta dos dados, foi previamente construído um “Protocolo da Pesquisa Documental”, o qual foi utilizado em pesquisas anteriores de mesma natureza. O referido protocolo foi composto por: tema, objetivo do estudo, questões norteadoras, estratégias de busca, critérios de elegibilidade dos estudos, estratégias para coleta de dados e avaliação crítica dos estudos e síntese dos dados.

A coleta de dados foi executada nos catálogos de teses e dissertações do Volume XIX ao XXXII, disponíveis no sítio da ABEn. Para o processo de seleção dos estudos, adotaram-se como critérios de inclusão: dissertações e teses, componentes do CEPEn da ABEn, produzidas por enfermeiros. Os critérios de exclusão foram dissertações e teses com resumos incompletos, que não respondessem aos indicadores de coleta de dados em sua totalidade.

Antes da leitura dos resumos, buscaram-se os currículos lattes dos autores da tese ou dissertação, a fim de garantir que somente trabalhos elaborados por enfermeiros fossem inclusos na pesquisa. Após esse passo, os estudos foram selecionados com base na leitura dos resumos disponíveis, conforme os critérios de elegibilidade elencados e, a partir disso, selecionaram-se 7.141 resumos para compor a amostra final do estudo, conforme descrito na Tabela 1.

Tabela 1 – Distribuição dos resumos encontrados e selecionados de acordo com os critérios de elegibilidade, 2016, Natal/RN.

Tabela 1

FONTE: Própria pesquisa

Os dados coletados foram digitados em planilha eletrônica do Microsoft Excel 2010® de acordo com os seguintes indicadores:

RESULTADOS

Inicialmente, obteve-se uma amostra de 8.720 resumos de teses e dissertações, alocados nos catálogos da ABEn do Volume XIX ao XXXII. Entre eles, 7.141 resumos atenderam aos critérios de inclusão e, portanto, compuseram a amostra final deste estudo. Nesse sentido, as perdas representaram 18,11% (n=1.579) das pesquisas que tiveram seus resumos publicados nos catálogos da ABEn no período de 2001 a 2013.

Observou-se que houve destaque para as pesquisas de dissertação oriundas de mestrado acadêmico (n=5.475; 76,67%), seguidas por teses de doutorado (n=1.666; 23,33%), e não houve nenhuma publicação de estudos relacionados a mestrado profissionalizante no período pesquisado.

A Figura 1 representa a distribuição anual das pesquisas publicadas e desenvolvidas por enfermeiros. Averiguou-se que o número de pesquisas foi aumentando com o passar dos anos, sendo o maior número de publicações no ano de 2012, que representa 16,47% da amostra (n=1.176), seguido pelo ano de 2011 (n=618; 8,65%).

Figura 1 – Distribuição da produção científica da Enfermagem de acordo com o ano de publicação, 2016, Natal/RN.

Figura 1

FONTE: Própria pesquisa

Em relação às Instituições de Ensino Superior (IES) às quais as teses e as dissertações estão vinculadas, houve destaque para a Universidade de São Paulo – USP (n=2.508; 35,12%), seguida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (n=784; 10,98%), pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (n=610; 8,54%) e pela Universidade Federal do Ceará – UFC (n=493; 6,90%), respectivamente.

Quanto ao local de realização dos estudos categorizados por região do Brasil, constatou-se que o Sudeste representou o maior quantitativo (n=3.416; 47,84%), seguido pelo Nordeste (n=1.185; 16,59%), Sul (n=1.069; 14,97%), Centro-Oeste (n=219; 3,07%) e Norte (n=50; 0,70%). Observou-se que oito (0,11%) pesquisas foram em nível nacional e que dez (0,14%) resultaram de pós-graduação stricto sensu feitas totalmente ou parcialmente fora do Brasil (internacionalização). Além disso, um grande quantitativo de resumos não informou onde o estudo foi realizado (n=1.188; 16,64%).

Ao agrupar o local de execução dos estudos por Estados federativos brasileiros, verificou-se que o maior quantitativo foi em São Paulo (n=2.027; 28,39%), seguido pelo Rio de Janeiro (n=830; 11,62%), por Minas Gerais (n=535; 7,49%), pelo Ceará (n=432; 6,05%) e por Santa Catarina (n=382; 5,35%).

Dentre os 7.141 resumos de teses e dissertações analisados, predominaram as pesquisas do tipo descritivas (n=6.389; 89,47%), seguidas pelas exploratórias (n=345; 4,83%), pelas bibliográficas (n=231; 3,23%) e pelas experimentais (n=176; 2,46%). Desse modo, a Tabela 2 demonstra a associação entre o ano de publicação e o tipo de estudo das pesquisas realizadas por enfermeiros nos últimos 20 anos (1994-2014).

Tabela 2 – Distribuição do ano de publicação associado ao tipo de estudo das pesquisas produzidas por enfermeiros brasileiros nos últimos 20 anos, 2016, Natal/RN.

Tabela 2

FONTE: própria pesquisa

De acordo com a Tabela 2, denota-se que houve um crescimento no número de estudos no decorrer dos anos, com destaque para as pesquisas do tipo descritivas, que tiveram o ápice no ano de 2012 (n=955; 13,37%), bem como os estudos exploratórios (n=110; 1,54%), experimentais (n=56; 0,78%) e bibliográficos (n=55; 0,77%). No entanto, entre 1994 e 1998, observa-se que a produção científica na Enfermagem brasileira era incipiente.

Em relação à abordagem metodológica, predominaram as pesquisas do tipo qualitativas (n=3.921; 54,91%), acompanhadas pelas quantitativas (n=2.405; 33,68%) e, por último, pelas mistas (n=439; 6,15%). Verificou-se que 376 (5,27%) resumos não traziam o tipo de abordagem metodológica utilizada na pesquisa, conforme explanado na Tabela 3.

Tabela 3 – Distribuição do ano de publicação associado à abordagem metodológica utilizada nas pesquisas produzidas por enfermeiros brasileiros nos últimos 20 anos, 2016, Natal/RN.

Tabela 3

FONTE: Própria pesquisa

No que concerne à Tabela 3, averiguou-se que a pesquisa do tipo qualitativa se sobressaiu entre as publicações. Observou-se que o maior número de estudos qualitativos (n=578; 8,09%), quantitativos (n=469; 6,57%) e mistos (n=82; 1,15%) ocorreram no ano de 2012. Entretanto, em 2000, houve um índice elevado (n=174; 2,44%) de resumos cuja abordagem utilizada não foi possível identificar.

O Quadro 1 sintetiza as recomendações e as implicações dos resumos analisados de acordo com as categorias atribuídas aos objetos de estudo – ensino, pesquisa, gestão e prática assistencial.

Quadro 1 – Síntese das recomendações finais e das implicações apresentadas nos resumos analisados de acordo com as categorias atribuídas aos objetos de estudo, 2016, Natal/RN.

Quadro 1

FONTE: Própria pesquisa

De acordo com as categorias atribuídas aos objetos de estudos das teses e das dissertações produzidas por enfermeiros entre 1994 e 2014, constatou-se que 627 (8,78%) contribuíram diretamente para o ensino em Enfermagem, 329 (4,61%) trouxeram implicações para a gestão, 2.564 (35,91%) estabeleceram relação com a prática assistencial e 3.621 (50,71%) aplicaram-se à pesquisa.

DISCUSSÃO

O crescente número de publicações nos catálogos da ABEn no decorrer dos últimos 20 anos (1994-2014) demonstra a evolução da Enfermagem como ciência. Isso denota que os enfermeiros estão cada vez mais interessados em buscar melhor qualificação, possivelmente com o objetivo de prestar uma assistência de qualidade e com base em evidências científicas.

Desse modo, os cursos de pós-graduação stricto sensu surgiram como uma necessidade de garantir a continuidade da formação para os profissionais de Enfermagem, como mestres e pesquisadores, proporcionando a ampliação e o aprofundamento de investigações na área da saúde, com consequente produção de conhecimentos e de inovações tecnológicas específicas(9).

Um estudo realizado nos catálogos online do CEPEN entre 2001 e 2009 apresentou uma predominância de dissertações de mestrado (74%), e apenas 26% da amostra era composta por teses de doutorado. Estes dados concordam com aqueles encontrados na presente pesquisa e se justifica pelo maior quantitativo de cursos de mestrado disponíveis no Brasil em detrimento dos de doutorado(10). Isso resulta da exigência de menos requisitos por parte da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para abertura de cursos de mestrado em comparação aos cursos de doutoramento.

A finalidade do mestrado profissional é estreitar os laços entre a academia e a prática, rompendo com a dicotomia do pensar e fazer(11). No entanto, na presente pesquisa, não houve nenhum resumo relacionado à dissertação de mestrado profissional. Acredita-se que a implantação de cursos de mestrados profissionais é um desafio que se impõe à Enfermagem(11), pois essa formação exige uma reforma na concepção de stricto sensu, na medida em que deve haver uma inter-relação com a dinâmica dos serviços de saúde com vistas a buscar soluções para os problemas detectados no cotidiano da assistência e do gerenciamento do cuidado, contribuindo para que a solidez das instituições de saúde se conforme, também, em campos de pesquisa e de produção de conhecimento.

O progressivo crescimento da produção de pesquisas ao longo dos anos ocorre em detrimento do avanço na criação de programas de pós-graduação no Brasil. Essa realidade é capaz de gerar como consequências um maior quantitativo de publicações, o que resulta na expansão da Enfermagem enquanto ciência, a qual vem ganhando firmes alicerces no conhecimento científico progressivamente(12). Corroborando esse fato, do início de 2013 ao fim de 2014, contabilizou-se o total de 447 teses e dissertações publicadas nos catálogos da ABEn, e esse quantitativo compõe 6,26% da produção stricto sensu brasileira dos últimos 20 anos (1994-2014).

Autores(1) corroboram os resultados alcançados ao demonstrarem que, em 2012, a Enfermagem teve seu auge no número de publicações, atingindo o 6º lugar no ranking mundial na base SCImagoJournal & Country Rank (SCImago). A área também cresceu em relação à sua contribuição na produção científica do Brasil, visto que representava 0,2% do conhecimento divulgado na referida base de dados em 2005, passando a 1,9%, em 2012, o que reflete um crescimento relativo de 713%.

Diante desse cenário, o impacto do crescimento da pós-graduação na visibilidade internacional da produção de conhecimento da Enfermagem brasileira é constatado pelos índices do número de artigos na base de dados Scopus/SCImago, o qual ocupava o 25º lugar da produção mundial da área em 2000 e teve uma ascensão para o 7º lugar em 2013, superado pelos Estados Unidos da América, pelo Reino Unido, pela Austrália, pela França, pelo Canadá e pela Alemanha(13).

Neste estudo, observou-se um destaque em produções científicas na região Sudeste, o que corrobora os resultados de uma pesquisa histórica(4) a qual constatou que o Sudeste foi a região pioneira no ensino de pós-graduação em Enfermagem stricto sensu, inicialmente implantando na Universidade Federal do Rio de Janeiro e, em seguida, na Universidade de São Paulo.

A pós-graduação em Enfermagem encontra-se em notória expansão no Brasil, fato constatado pelo aumento considerável do número de cursos e de programas de pós-graduação, de egressos e da produtividade científica com publicação de artigos em periódicos com fator de impacto relevante. Entretanto, nas regiões Norte e Centro-Oeste, ainda há um déficit na oferta para este nível de ensino com a qualidade exigida pela CAPES, dados esses que vão ao encontro dos apresentados nesta pesquisa(14).

Percebe-se, ainda, uma concentração significativa na Região Sudeste do Brasil, que pode estar relacionada ao investimento substancial nas áreas de pesquisa e tecnologia, bem como ao pioneirismo na implantação de programas de pós-graduação(15). Essa realidade remete à necessidade da promoção de uma melhor distribuição geográfica de programas de pós-graduação stricto sensu no país(16).

Embora a presente pesquisa demonstre que apenas 0,14% da amostra se relacionava à internacionalização, a oportunidade de participar de um programa de mobilidade acadêmica internacional promove ganhos de diversas ordens, a saber: a produção científica, sobretudo em relação ao avanço do conhecimento no que se refere aos métodos de pesquisa e referenciais teóricos; a formação profissional, pela possibilidade de debate de ideias e contato com perspectivas teóricas e metodológicas de domínio dos centros de excelência; e, por fim, as trocas de experiências culturais(17).

Mesmo diante da inserção incipiente da Enfermagem no que diz respeito à internacionalização, ela vem conquistando espaços importantes no cenário nacional e internacional por meio de intercâmbios acadêmicos, redes de pesquisa e publicações internacionais conjuntas. Reconhece-se que algumas limitações ainda precisam ser superadas, principalmente quanto ao domínio de uma segunda língua(18).

Em relação ao tipo de estudo, observa-se a necessidade de ampliação das pesquisas experimentais na Enfermagem, posto que esse tipo de estudo confere maior nível de evidência científica para a aplicabilidade na prática, em detrimento dos estudos descritivos (preponderantes na presente pesquisa).

Quanto à abordagem metodológica, houve predominância de estudos qualitativos que, em geral, é o método escolhido com o propósito de compreender a subjetividade dos sujeitos, visto ser a Enfermagem uma ciência orientada na visão holística do ser humano, destinada a considerá-lo em todos os seus aspectos(19).

Assim, por não se deter a fatores isolados, a pesquisa qualitativa é amplamente utilizada na Enfermagem, proporcionando, dessa maneira, a exploração das diversas dimensões do indivíduo, de modo a considerá-lo em sua singularidade e complexidade(19).

Nesse contexto, a pós-graduação stricto sensu é de fundamental importância para a formação de mestres e doutores em Enfermagem, qualificados e produtivos, com o intuito de aprimorar o ensino nos cursos de graduação existentes e a prática da Enfermagem no Brasil e no mundo(20).

Entretanto, apesar dos avanços no surgimento dos programas de pós-graduação, ainda são grandes e desafiadoras as necessidades de consolidação da Enfermagem como ciência no Brasil(14).

CONCLUSÃO

A presente pesquisa buscou trazer ao conhecimento da sociedade os caminhos que a Enfermagem brasileira vem percorrendo no âmbito da pesquisa, do ensino, da prática assistencial e da gestão, com vistas a desvelar o desenvolvimento dessa área como disciplina e como ciência.

Nesse sentido, nos últimos 20 anos (1994-2014), houve um substancial crescimento na quantidade e na qualidade das produções científicas oriundas de mestrado acadêmico e doutorado no Brasil realizadas por enfermeiros.

No entanto, há um grande quantitativo de pesquisas descritivas, demonstrando, assim, a necessidade de produção de estudos experimentais, com vistas a contribuir para a Enfermagem baseada em evidências. Isso se justifica pelo fato de o estudo experimental apresentar maior evidência científica e maior confiabilidade para poder ser aplicado na prática.

O grande número de pesquisas qualitativas demonstra o quanto a Enfermagem se preocupa em conhecer o ser humano em sua singularidade e complexidade, posto que essa abordagem metodológica permite que o sujeito seja compreendido por meio de expressões subjetivas, tais como emoções, sentimentos e percepções.

As limitações deste estudo dizem respeito a não padronização e incompletude dos resumos analisados. Além disso, a amostra foi composta apenas por resumos publicados nos catálogos da ABEn. Ademais, esta pesquisa retrata somente o cenário brasileiro, fazendo-se necessária a ampliação do conhecimento sobre o assunto tratado no cenário internacional.

Portanto, sugere-se a realização de novos estudos que incluam a análise de teses e de dissertações na íntegra, bem como o conhecimento produzido fora do Brasil.


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Todos os autores participaram das fases dessa publicação em uma ou mais etapas a seguir, de acordo com as recomendações do International Committe of Medical Journal Editors (ICMJE, 2013): (a) participação substancial na concepção ou confecção do manuscrito ou da coleta, análise ou interpretação dos dados; (b) elaboração do trabalho ou realização de revisão crítica do conteúdo intelectual; (c) aprovação da versão submetida. Todos os autores declaram para os devidos fins que são de suas responsabilidades o conteúdo relacionado a todos os aspectos do manuscrito submetido ao OBJN. Garantem que as questões relacionadas com a exatidão ou integridade de qualquer parte do artigo foram devidamente investigadas e resolvidas. Eximindo, portanto o OBJN de qualquer participação solidária em eventuais imbróglios sobre a matéria em apreço. Todos os autores declaram que não possuem conflito de interesses, seja de ordem financeira ou de relacionamento, que influencie a redação e/ou interpretação dos achados. Essa declaração foi assinada digitalmente por todos os autores conforme recomendação do ICMJE, cujo modelo está disponível em http://www.objnursing.uff.br/normas/DUDE_final_13-06-2013.pdf

Recebido: 08/01/2016 Revisado: 09/01/2017 Aprovado: 23/01/2017