NOTAS PRÉVIAS

Análise dos fatores preditores à transmissão vertical da sífilis: estudo seccional


Samara Isabela Maia de Oliveira1, Alexandra do Nascimento Cassiano1, Débora Feitosa de França1, Juliana Raquel Silva Souza1, Rhuama Kerinina Costa e Silva1, Nilba Lima de Souza1
1Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RESUMO

Objetivo: analisar os fatores preditores à transmissão vertical da sífilis. Método: estudo epidemiológico do tipo seccional, retrospectivo, documental, de natureza descritiva e analítica. A amostra não probabilística será quantificada a partir de todas as notificações de sífilis congênita com respectiva notificação da sífilis em gestante referente aos meses de janeiro de 2014 a dezembro de 2015 no município de Natal/RN. O instrumento de coleta a ser utilizado baseia-se no protocolo de investigação dos casos de sífilis precoce do Ministério da Saúde. A análise dos dados será respaldada pela descrição das variáveis quantitativas, em média, desvio padrão, mediana, além do teste qui-quadrado para testagem de hipótese com significância de 95% e p<0,05. O estudo segue a resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e tem parecer homologado sob nº 1. 449.134. Resultados esperados: Espera-se oferecer subsídios que permitam o conhecimento dos fatores preditores à transmissão vertical da sífilis.

Descritores: Sífilis Congênita; Transmissão Vertical de Doença Infecciosa; Cuidado Pré-Natal.


INTRODUÇÃO

A sífilis, apesar de ser uma doença infecciosa conhecida há mais de meio milênio, permanece como um dos principais agravos à saúde a ser enfrentado em âmbito global. A transmissão materna do Treponema pallidum para o feto denomina-se sífilis congênita (SC), a qual apresenta como resultados adversos o aborto, perda fetal, morte neonatal, baixo peso ao nascer e neonatos com evidências clínicas da infecção(1,2).

Dentre os fatores preditores à SC, estão o início tardio ou não realização do pré-natal, as falhas no rastreamento e no diagnóstico precoce da doença, o tratamento inadequado da mulher grávida e da parceria sexual durante o período gestacional, e, ainda, a não conclusão do tratamento(3). A Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que 1,5 milhões de gestantes são infectadas com a doença a cada ano. No Brasil, em 2013, foi registrada uma taxa de 7,4/1000 nascidos vivos para a sífilis em gestantes e de 4,7/1000 nascidos vivos para a forma congênita(4).

Em consideração à elevada incidência da sífilis congênita, foi pensada a seguinte questão de pesquisa: Quais os fatores preditores para a transmissão vertical da sífilis?

HIPÓTESE

Os fatores preditores no pré-natal estão relacionados ao aumento da transmissão vertical da sífilis.

OBJETIVOS

Geral: Analisar os fatores preditores para transmissão vertical da sífilis.

Objetivos específicos: Delinear o perfil sociodemográfico e clínico das gestantes e recém-nascidos notificados com sífilis; Realizar associação entre os fatores preditores e os desfechos clínicos dos recém-nascidos com sífilis; Realizar a distribuição espacial da sífilis gestacional e da sífilis congênita nas áreas adstritas à capital do RN.

MÉTODO

Pesquisa epidemiológica, tipo seccional, retrospectiva, documental, de natureza descritiva e analítica. A área de estudo será a capital do estado do RN.

A população será constituída por todas as gestantes notificadas com sífilis, rastreadas a partir da notificação de sífilis congênita, bem como pelos recém-nascidos notificados com o agravo. A amostra não probabilística será constituída pelos prontuários de todas as gestantes elegidas e atendidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSF), pelas fichas de notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) para a sífilis em gestante e sífilis congênita, e pelas fichas do SISPRENATAL.

Serão incluídas as mulheres notificadas com sífilis gestacional rastreadas a partir da notificação da sífilis congênita e excluídas as gestantes que foram notificadas com sífilis, porém sem a notificação de sífilis congênita; os RN com sífilis congênita de mães que não realizaram o pré-natal; e, ainda, os casos de notificação em duplicidade. O corte temporal para captação dos dados corresponde aos dois últimos períodos para consolidação da meta do Plano Plurianual 2012-2015.

A variável dependente corresponde aos recém-nascidos com desfecho para a sífilis congênita; enquanto que, as variáveis independentes são os fatores associados à ocorrência da transmissão vertical: início tardio do pré-natal; baixo número de consultas de pré-natal; processo diagnóstico da sífilis; tratamento da gestante; tratamento do(s) parceiro(s).

O instrumento de coleta a ser utilizado baseia-se no protocolo de investigação dos casos de sífilis precoce do Ministério da Saúde divulgado em 2014. Serão coletados os dados relativos à caracterização materna quanto à idade, escolaridade, situação conjugal, ocupação e raça, além de dados demográficos.

No seguimento ao pré-natal, serão extraídas as informações referentes ao momento do diagnóstico e notificação da sífilis, estágio clínico da sífilis na gestante, a realização do pré-natal e o número de consultas, esquema de tratamento prescrito, ocorrência de abandono ou de tratamento incompleto, motivo do abandono do tratamento, e resultados dos testes treponêmicos e não treponêmicos para estudo sorológico da doença na gestante. Quanto ao parceiro, será investigado sobre a presença do parceiro no pré-natal, o esquema de tratamento e se o mesmo foi realizado concomitante à gestante.

A análise dos dados será respaldada pela descrição das variáveis quantitativas, será utilizada média, desvio padrão, mediana, além do teste qui-quadrado para testagem de hipótese com significância de 95% e p<0,05.

A pesquisa teve parecer aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sob nº 1. 449.134 em consonância com as recomendações da resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

RESULTADOS ESPERADOS

Oferecer subsídios que permitam o conhecimento sobre os fatores preditores à transmissão vertical da sífilis, em especial, os fatores relacionados às ações no pré-natal das gestantes com sífilis no município de Natal, a fim de fortalecer as ações dos profissionais de saúde e, sobretudo, a gestão do SUS para controle dos casos de sífilis congênita.


REFERÊNCIAS

  1. World Health Organization. Investment case for eliminating mother-to-child transmission of syphilis: promoting better maternal and child health and stronger health systems. Library Cataloguing-in-Publication Data. [cied 2014 aug 4 Genebra: World Health Organization; 2012. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/75480/1/9789241504348_eng.pdf?ua=1.
  2. Cavagnaro SMF, Pereira TR, Pérez CP, Vargas FDELV, Sandoval CC. Sífilis congénita precoz: a propósito de 2 casos clínicos. Rev. chil. Pediatr [internet]. 2014 [cited 4 aug 2014] 85(1):86-93. Available from: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0370-41062014000100012&lng=es&nrm=iso.
  3. Nonato SM, Melo APS, Guimarães MDC. Syphilis in pregnancy and factors associated with congenital syphilis in Belo Horizonte-MG, Brazil, 2010-2013. Epidemiol. Serv. Saúde [Internet]. 2015 Dec [cited 2016 sept 07]24(4):681-694. Available from: http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742015000400010&lng=pt.

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Recebido: 12/08/2016 Revisado: 07/09/2016 Aprovado: 09/09/2016