Nursing related to arterial hypertension: analysis of the production of the knowledge from 1995 to 2005.

 Análise da produção do conhecimento em enfermagem acerca da temática hipertensão arterial, 1995 a 2005

 

Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu 1, Luciana Alves da Rocha 2, Ana Lúcia Pereira de Albuquerque 3, Ana Virgínia de Melo Fialho 4, Thereza Maria Magalhães Moreira 5 

1-5 Universidade Estadual do Ceará – UECE

 

ABSTRACT:  The objective was to analyze the knowledge produced in the nursing about arterial hypertension in the period of 1995 to 2005.  The bibliographical study related articles of the Brazilian nursing, of international circulation, with the words "hypertension" or "arterial hypertension" as describers, present in the Specialized Bibliographical Database  in the Nursing Area of Brazil (SBDNAB). Were identified 38 articles, being 12 (31,5%) in the Magazine of the School of Nursing of the University of São Paulo and 9 (23,7%) in the Latin-American School of Nursing. Were prioritized environments of primary attention, carried out, especially, in São Paulo.  From the total, 27 studies (71.0%) did not have theoretical references. There was a predominance of doctors authors and productions of qualitative nature 18 (47,3%).  The subjects concerned, on its major part, about multi-professional approach 10 (26,3%) and handling with medicines 7 (18,4%).  We consider fundamental the continuity of works approaching that theme, therefore there is need of  catalyze and to improve the researches in nursing, being important the identification of gaps in the existing knowledge. 

Keywords: research; nursing; hypertension

 RESUMO: Objetivou-se analisar o conhecimento produzido na enfermagem sobre hipertensão arterial no período de 1995 a 2005. O estudo bibliográfico relacionou artigos da enfermagem brasileira, de circulação internacional, com o descritor “hipertensão” ou “hipertensão arterial”, presentes na Base de Dados Bibliográficos Especializados na Área de Enfermagem do Brasil (BDENF). Foram identificados 38 artigos, sendo 12 (31,5%) na Revista da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e nove (23,7%) na Latino-Americana de Enfermagem. Foram priorizados ambientes de atenção primária, realizadas, sobretudo, em São Paulo. Do total, 27 estudos (71.0%) não continham referencial teórico. Houve prevalência de autores doutores e de produções de natureza qualitativa 18 (47,3%). Os temas versavam, em sua maior parte, sobre abordagem multiprofissional 10 (26,3%) e tratamento medicamentoso 7 (18,4%). Consideramos fundamental a continuidade de trabalhos abordando essa temática, pois há necessidade de catalisar e aprimorar as pesquisas em enfermagem, sendo importante a identificação de lacunas no conhecimento existente.

Palavras-chave: pesquisa; enfermagem; hipertensão

INTRODUÇÃO

O presente estudo surgiu a partir da disciplina pesquisa em saúde e metodologia quantitativa do mestrado acadêmico cuidados clínicos em saúde da Universidade Estadual do Ceará e a temática hipertensão arterial foi escolhida por ser objeto de estudo das autoras e tema bastante presente nos grupos de pesquisa dos quais participam.

A realização de pesquisas propicia o surgimento de descobertas e a construção de conhecimentos que abrangem até os aspectos mais triviais da experiência humana e, cada vez mais, essa atividade se mostra imprescindível para o fortalecimento de qualquer disciplina1.     

Vários temas têm sido foco das pesquisas em enfermagem. Um destes temas que tem merecido a atenção das enfermeiras é a doença crônica. No universo das doenças crônicas-degenerativas, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) se destaca pela magnitude de suas múltiplas expressões2.

Apesar do avanço científico-tecnológico na área, a HAS continua apresentando altas taxas de prevalência. A pressão arterial não controlada é o maior problema de saúde do Brasil3. Em nosso meio, a HAS tem prevalência estimada em cerca de 20% da população adulta (maior ou igual a 20 anos) e forte relação com 80% dos casos de acidente vascular encefálico (AVE) e 60% dos casos de doença isquêmica cardíaca. Indubitavelmente, a referida doença é fator de risco para doenças cardiovasculares, cuja principal causa de morte, o AVE, tem como origem a HAS não controlada 4.

A HAS e suas complicações são responsáveis por alta freqüência de internações, ocasionando altos custos hospitalares, econômicos e sociais no país5. Denominada de “assassina silenciosa”, muitas vezes é isenta de sintomas ou oligossintomática. Causa comprometimento no endotélio vascular, acometendo, posteriormente, órgãos vitais do organismo, como coração, cérebro e rins6.

Atualmente, utiliza-se como critério para seu diagnóstico, índices pressóricos maiores ou iguais a 140/90 mmHg5. Porém, a delimitação do diagnóstico de hipertensão somente a partir das cifras pressóricas é arbitrária. Faz-se necessário ressaltar a importância da identificação dessa doença considerando níveis pressóricos, fatores de risco, lesões em órgãos-alvos e co-morbidades associadas, visando prevenir equívocos ou danos às pessoas.

Com os avanços da classificação dos programas de enfermagem internacional, a direção do foco das pesquisas de enfermagem está mudando para os fenômenos apresentados pelo cliente com hipertensão arterial e as intervenções desses fenômenos3 .

Pela elevada prevalência e pelas graves repercussões que pode causar, torna-se indispensável a realização de pesquisas para que os conhecimentos gerados sejam aplicados na assistência de enfermagem, melhorando a qualidade de vida dos pacientes portadores de hipertensão arterial. Mas que conhecimentos estão sendo produzidos nas pesquisas de enfermagem sobre a temática? Tentaremos responder a essa questão ao longo do estudo.

Na visão de Padilha, Silva e Borenstein7 a construção do conhecimento em enfermagem parece ter como uma de suas principais metas situá-la no contexto da ciência. Compreender como esse conhecimento tem sido construído, como a ciência da enfermagem tem se consubstanciado, é essencial ao desenvolvimento e progresso da profissão no país. Desenvolvimento este que deve ter como preocupação primordial a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Assim, resolveu-se realizar esta pesquisa a fim de conhecer o atual estágio da produção científica sobre hipertensão arterial em periódicos de enfermagem. Tal análise torna-se importante para verificar as atuais construções acerca da temática e identificar lacunas no arcabouço teórico-conceitual acerca da hipertensão arterial, seja em termos clínicos, conceitual ou empírico, estimulando estudos posteriores sobre o tema.

Dessa maneira, tomamos como objetivo geral analisar a produção do conhecimento sobre hipertensão arterial, em periódicos de enfermagem, no período de 1995-2005. E como objetivos específicos: 1) Descrever as referidas produções quanto ao periódico e ao ano de publicação; 2) Verificar o cenário e unidade federativa de origem dos artigos; 3) Identificar a natureza, o tipo e a adoção ou não de referencial teórico nos estudos em análise; 4) Descrever a qualificação dos autores por número de produção; e 5)

Averiguar os conteúdos abordados nesses artigos e as lacunas de conhecimento existentes.

 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo bibliográfico, retrospectivo, de natureza quantitativa. A pesquisa bibliográfica tem como característica o envolvimento de uma série de fenômenos mais amplos do que se poderia pesquisar diretamente. Reúne dados publicados isoladamente em um conjunto lógico e crítico8. A realização de uma pesquisa bibliográfica é de grande utilidade, pois possibilita ao pesquisador conhecer o que já foi investigado acerca de determinada temática e o que ainda pode ser pesquisado, além da avaliação dos resultados já alcançados em determinada área e do retorno benéfico para a população e para a profissão9.

    Este trabalho teve como objeto de estudo os artigos publicados em periódicos de enfermagem sobre a temática “hipertensão arterial”. Para a seleção dos estudos a fazerem parte da amostra, adotamos alguns critérios de inclusão: artigos publicados em periódicos da área de enfermagem no Brasil, de circulação internacional, segundo a Classificação QUALIS-CAPES. A opção por esse critério fundamentou-se na idéia de ampla divulgação e acesso desses periódicos entre os enfermeiros, assim como na qualidade dessas produções; Artigos que tivessem a palavra “hipertensão” como descritor; Artigos publicados no período de 1995 a 2005, prazo considerado hábil para estudos bibliográficos.

    A localização e seleção dos artigos foram efetuadas inicialmente na Internet na Base de Dados Bibliográficos Especializados na Área de Enfermagem do Brasil (BDENF). Consideramos adequado realizar o levantamento nessa base por englobar as publicações referentes às principais revistas de enfermagem nacionais. Após a realização dessa seleção, iniciou-se a procura por mais artigos manualmente e nos sites das revistas. O resultado final foi de 38 artigos. A partir das referências obtidas, os artigos foram adquiridos na Biblioteca de uma universidade de Fortaleza e pelo site de algumas revistas que disponibilizam o artigo na íntegra (Revista Latino-Americana de Enfermagem, Revista da Escola Enfermagem da USP e Revista Acta Paulista de enfermagem).

    A realização dos levantamentos bibliográficos, a busca dos artigos, aquisição das cópias e a análise dos resultados ocorreram no período de abril a maio de 2006.

Para organizar e facilitar a análise dos artigos utilizou-se um formulário contemplando as seguintes variáveis: periódico, ano de publicação, natureza e tipo de estudo, cenário e unidade federativa de desenvolvimento da pesquisa, utilização ou não de referencial teórico e número e qualificação de autores por número de artigo.

Os dados foram tratados descritivamente com indicação de freqüências simples e percentual, sendo apresentados em tabelas e gráficos. A partir daí, buscamos discuti-los respaldadas na literatura pertinente. 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

De acordo com os dados do gráfico 1, observamos a predominância de publicações sobre hipertensão na Revista da Escola de Enfermagem da USP, com doze trabalhos e na Revista Latino-Americana de Enfermagem, com nove trabalhos. Resultados semelhantes foram encontrados por Almeida, Damasceno e Araújo1, que constataram que os principais meios de divulgação dos trabalhos relacionados à temática Saúde do Trabalhador foram estes dois periódicos. As autoras chamam atenção para o fato de que um dos primeiros cursos de pós-graduação stricto sensu do Brasil foi desenvolvido na Escola de Enfermagem da USP, em 1973. A reconhecida importância da pesquisa nesta instituição pode estar motivando os enfermeiros a privilegiarem os periódicos por ela veiculados.

Acreditamos que tais números estejam relacionados à tradição dessas revistas, visto que os enfermeiros de todo o Brasil publicam nesses periódicos. Além disso, ressaltamos que a Revista Latino-Americana foi a primeira e ainda hoje é uma das poucas revistas brasileiras com Qualis B internacional, despertando o interesse dos pesquisadores em nela publicar.

Quanto ao número de artigos por ano, houve maior publicação dessa temática nos anos de 2004 e 2005. Tal fato pode estar relacionado ao aumento da incidência das doenças cardiovasculares10, bem como da maior percepção pelos enfermeiros quanto à necessidade da valorização de tais estudos, para melhoria da condição biopsicossocial de seus portadores. 

 

 

 Quanto ao cenário da pesquisa, constatamos que foi priorizada a atenção primária, pois a maioria dos estudos ocorreu em ambulatórios dos hospitais, centros e unidades básicas de saúde. Salienta-se que alguns estudos foram desenvolvidos em mais de um cenário.

Recomenda-se que de 60 a 80% dos casos de hipertensão arterial e diabetes mellitus sejam tratados na rede básica4. Dessa forma, entendemos ser de extrema importância a realização de pesquisas nesses locais, onde os profissionais de saúde, em especial, os enfermeiros poderão estar atuando na promoção da saúde, na educação em saúde e prevenindo possíveis complicações que a hipertensão poderá causar. 

Os outros lugares onde ocorreram os estudos foram: grupos desenvolvidos por programas de extensão, Universidade e artigos, isto é, nas revisões bibliográficas.

No que tange à unidade federativa onde as pesquisas foram realizadas, verificamos um número maior do estado de São Paulo, com dezessete trabalhos, embora haja uma aproximação com o Ceará, que publicou treze trabalhos.

Deve-se registrar que, a Região Sudeste concentra 54,9% dos cursos de mestrado e 66,6% dos de doutorado, seguida da Região Sul (19,6% e 17,1%)11, podendo justificar, em parte, o maior número de trabalhos realizados neste estado. Pois nos cursos de pós-graduação há uma necessidade e exigência de publicações.

 Mesmo observando a predominância do Sudeste, gostaríamos de destacar os avanços das pesquisas, nessa área, no estado do Ceará. Tal fato está relacionado à existência de grupos de pesquisas que abordam a temática da saúde cardiovascular no Estado.

 

Verificamos na tabela 1, estudos do tipo exploratório-descritivo, descritivo e exploratório como dominantes, com vinte e seis trabalhos. O estudo descritivo inicia-se a partir da fase exploratória12. Portanto, entendemos tornar-se redundante a utilização do termo “exploratório-descritivo”, devendo-se utilizar apenas estudo descritivo. Percebemos que os estudos de enfermagem ainda se voltam mais à ação descritiva.

A pesquisa descritiva baseia-se na descrição de fenômenos relativos à profissão, baseados em observação, descrição e classificação dos fenômenos observados. Ela se subdivide em pesquisa de campo, que busca a descrição dos fenômenos em cenários naturais, examinando as práticas, comportamentos e atitudes das pessoas ou grupos em ação na vida real; e pesquisa bibliográfica, que é uma modalidade da pesquisa descritiva, sendo feita leitura, seleção e registro de tópicos de interesse para pesquisa9 .

São necessários, portanto, estudos voltados ao campo experimental e analítico, que propiciem à enfermagem o desenvolvimento de tecnologias e patentes.

Quanto à natureza dos estudos, predominou a qualitativa, com 18 trabalhos, corroborando com os achados de Almeida, Damasceno e Araújo1. Muitas áreas do conhecimento têm utilizado as pesquisas qualitativas, fato que pode está relacionado à característica holística do cuidado de enfermagem, que pode destoar da lógica positivista13.

Porém Minayo e Sanches14 afirmam que ambas as abordagens são necessárias. Ou seja, uma pesquisa, por ser quantitativa, não se torna objetiva e melhor, caso deforme ou desconheça aspectos importantes dos fenômenos ou processos sociais estudados. Da mesma forma, uma abordagem qualitativa em si não garante a compreensão em profundidade. Assim, o estudo quantitativo pode gerar questões a serem aprofundadas qualitativamente e vice-versa.

    

        Nos trabalhos encontrados sobre hipertensão arterial, vinte e sete (71.0%) não continham teoria como referencial, ou pelo menos não informaram utilização de referencial teórico. Onze (28.9%) utilizaram teorias ou marcos teóricos. Dentre estes, oito (21,0%) eram teorias de enfermagem e três (7,9%) utilizaram outras teorias.

Esses dados levam-nos a questionar: porque um grande número de trabalhos foi realizado sem a utilização das teorias de enfermagem e de outros modelos teóricos? 

Compartilhamos com a opinião de George15 no que se refere à importância da utilização das teorias nas pesquisas, embasando, assim, a prática profissional e melhorando a qualidade da assistência de enfermagem.

As teorias de enfermagem, segundo George 15, permitem uma delimitação do âmbito de atuação do enfermeiro no trabalho com outros profissionais, ressaltando que, quanto maior for a pesquisa em relação a uma teoria em particular, mais útil à prática será essa teoria.

É nítida a maior qualidade dos trabalhos com modelo teórico, sendo dotados de caráter mais crítico e permitindo o desenvolvimento de pesquisas conceituais16.

 

De acordo com a qualificação, observamos no gráfico 3, a presença de 20 doutores, 16 mestres e 12 graduandos. Deste total, 14, 15 e 12 pessoas, respectivamente, publicaram um artigo sobre a temática.

A partir dos dados encontrados, podemos perceber uma prevalência maior de doutores. Tal fato pode estar relacionado à exigência da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Ensino Superior (CAPES) para que os profissionais com essa qualificação mantenham um perfil relativo em números de publicações. O mesmo pode ocorrer no mestrado, no qual muitos enfermeiros desenvolvem trabalhos por ser uma exigência do curso e por está visando o doutorado. Um aspecto que também chama a atenção é o número de graduandos. Acreditamos que possa ser associado ao fato das bolsas de iniciação científica e do estímulo das Universidades à produção científica.

Acreditamos que exigir a participação de doutores em programas de pós-graduação e grupos de pesquisa em determinada temática contribui para realização de pesquisas.

Para análise dos conteúdos explorados nas pesquisas sobre hipertensão arterial, tomamos por base as V diretrizes brasileiras de hipertensão5.

 

De acordo com os dados do Quadro 1, verificamos que os conteúdos mais abordados referem-se à abordagem multiprofissional no cuidado com a saúde do cliente hipertenso, na qual foram desenvolvidos dez trabalhos (26,3%), sendo que a maioria dos estudos refere-se à consulta de enfermagem. A equipe multiprofissional pode ser constituída por todos os profissionais que lidem com pacientes hipertensos: médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, professores de educação física, fisioterapeutas, musicoterapeutas, farmacêuticos, funcionários administrativos e agentes comunitários de saúde, devendo cada membro trabalhar de acordo com os limites e especificidades de sua formação5.

Durante a consulta de enfermagem a um paciente portador de hipertensão arterial, o enfermeiro tem a oportunidade de acompanhar integralmente esse paciente, orientado-o quanto à importância da adoção de hábitos saudáveis de vida para o controle da pressão arterial e prescrevendo medicamentos autorizados pelo Ministério da Saúde.

 Neste estudo, podemos observar a preocupação dos pesquisadores em investigar sobre o tratamento medicamentoso da HAS com sete (18,4%) trabalhos, dentre estes, cinco abordam a adesão ao tratamento da doença e dois referem-se às complicações hipertensivas agudas. Segundo Pierin, Gusmão e Carvalho17, a adesão ao tratamento merece apreciação cuidadosa por parte dos profissionais da área da saúde, pois a não adesão representa uma barreira ao controle da hipertensão. Portanto, esforços devem ser direcionados para a adesão ao tratamento pelo paciente, evitando as complicações que esta doença poderá causar.

Identificamos temas não abordados diretamente nas V Diretrizes brasileiras de HAS5 como a ocorrência da doença em mulheres, perfil da clientela hipertensa e o processo de vivenciar a HAS com dois (5,3%) trabalhos cada assunto. Temas como prevenção de doença renal em pacientes com HAS, e a ocorrência da doença em trabalhadores de enfermagem foram abordados em um (2,6%) trabalho cada.

Algumas temáticas relevantes não foram exploradas nas pesquisas, como investigação clínico-laboratorial e decisão terapêutica e, hipertensão arterial secundária, podendo servir de estímulos para a realização de estudos sobre esses conteúdos, visto que a investigação clínico-laboratorial tem por objetivo confirmar a elevação da pressão arterial e firmar o diagnóstico de hipertensão arterial, identificar fatores de risco para doenças cardiovasculares, avaliar lesões de órgãos-alvo e presença de doença cardiovascular, diagnosticar doenças associadas à hipertensão, estratificar o risco cardiovascular do paciente e diagnosticar hipertensão arterial secundária5.

Percebemos que vários conteúdos necessitam ser mais bem investigados, requerendo maior participação dos profissionais que cuidam de indivíduos portadores da HAS abordando vários aspectos da temática indispensáveis para um cuidado integral.  

CONCLUSÕES

Ao analisarmos os artigos sobre hipertensão arterial, tivemos algumas dificuldades, pois é sabido que, ao trabalharmos com dados existentes, temos pouco ou nenhum controle sobre estes, podendo algumas informações importantes não serem registradas pelos autores dos trabalhos (ver roteiro de coleta de dados na figura a seguir).  

 

Sobre a produção do conhecimento de enfermagem referente à temática, temos que:

- Dos 38 artigos identificados, doze (31,5%) foram publicados na Revista da Escola de Enfermagem da USP e nove (23,7%) na Revista Latino-Americana de Enfermagem; A maior incidência de publicações sobre hipertensão arterial deu-se nos anos de 2004 e 2005;

- No tocante ao cenário da pesquisa, foram priorizados ambientes de atenção primária e as pesquisas, na sua maioria, foram realizadas no estado de São Paulo;

- Houve prevalência de autores doutores e de produções de natureza qualitativa (dezoito = 47,3%). Do total de estudos sobre hipertensão arterial, vinte e sete (71.0%) não continham teoria como referencial;

- Quanto aos temas relativos a essa produção, foi observada uma diversidade de abordagens. Os artigos, na sua maioria, versavam sobre abordagem multiprofissional dez (26,3%) e tratamento medicamentoso da doença (sete = 18,4%).

Por meio do estudo realizado, consideramos de fundamental importância a continuidade de trabalhos abordando essa temática, conteúdos que foram pouco ou não abordados poderão ser realizados em outras pesquisas, visto que, as doenças cardiovasculares estão aumentando, tendo a hipertensão arterial como um dos seus principais fatores de risco.  

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Endereço para correspondência: Av. José Leon, 1078, B 8, Apto 404- Fortaleza-CE- Brasil.

Received Oct 18, 2006
Revised Nov 1st
Accept Nov 11th,  2006