Uso de Simulador de Baixo Custo na Autoaplicação de Insulina: Estudo Quase-experimental

 

Wallison Pereira dos Santos1, Mailson Marques de Sousa1, Bernadete de Lourdes André Gouveia2, Ana Maria de Almeida3, Simone Helena dos Santos Oliveira1

1  Universidade Federal da Paraíba

2  Universidade Federal de Campina Grande

3  Universidade de São Paulo

 

 

RESUMO

Objetivo: Avaliar o efeito de uma intervenção educativa com uso de simulador de baixo custo na prática de autoaplicação de insulina entre indivíduos com Diabetes Mellitus tipo 2. Método: Estudo quase-experimental, com 136 indivíduos e que fazem uso de insulina convencional. O estudo será divido em duas etapas, a primeira etapa será a pré-intervenção e intervenção e a segunda etapa, pós-intervenção. Os dados serão analisados por testes estatísticos. Resultados esperados: A intervenção educativa com uso de simulador de baixo custo voltada aos indivíduos que fazem uso de insulina poderá favorecer o desenvolvimento de habilidades para uma autoaplicação correta e segura de insulina, tal como a remissão de sinais e sintomas cutâneos nos locais de injeção.

Descritores: Diabetes Mellitus tipo 2; Tratamento farmacológico; Insulina.

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

O uso de Antidiabéticos Injetáveis (ADI) como a insulina, requer cuidados importantes quanto à habilidade no preparo, administração e descarte. De acordo com o Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamento, a insulina é um medicamento avaliado e classificado como potencialmente perigoso, ou seja, apresenta risco aumentado de danos ocasionados por falhas na utilização(1). A insulina pode ser administrada por profissionais de saúde, cuidadores treinados ou pelo próprio indivíduo devidamente habilitado, realizando a autoaplicação.  

Para se efetivar a autoaplicação é necessário que o usuário possua competências e habilidades cognitivas e psicomotoras, além de compreender o processo de armazenamento, transporte, preparo da solução, aplicação e o descarte adequado do material(2).

A frequente perfuração do tecido subcutâneo pode causar lipodistrofias, em especial a hipertrófica, dor e edema, incômodos que poderão influenciar negativamente na adesão do indivíduo ao tratamento(1). As complicações cutâneas e eventuais descontroles glicêmicos estão relacionados principalmente com falhas no preparo e autoaplicação do hormônio(3).

O processo educativo das pessoas com Diabetes Mellitus (DM) tem como principal objetivo favorecer o desenvolvimento de conhecimentos, técnicas, manejo, atitudes e comportamentos para o controle da doença, proporcionando uma melhor qualidade de vida, visando evitar ou retardar as complicações(1).

Buscar estratégias para melhorar as habilidades para autoaplicação da insulina fazendo com que o indivíduo  assuma a responsabilidade do tratamento deve ser um dos alvos do cuidado em saúde. Essa prática pode reduzir complicações e o índice de comorbidades relacionadas ao descontrole do DM, concorrendo para o alcance das metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, no Plano de enfrentamento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis.

Nesse sentido, a intervenção educativa com uso de simulador de baixo custo construído e validado para essa finalidade, poderá proporcionar o desenvolvimento de habilidades em indivíduos com DM no manejo da autoaplicação e consequentemente permitir a remissão e/ou redução dos sinais e sintomas locais decorrentes de falhas nesse processo.

 

OBJETIVO

Avaliar o efeito de uma intervenção educativa com uso de simulador de baixo custo na prática de autoaplicação de insulina entre indivíduos com Diabetes Mellitus tipo 2.

 

MÉTODO

Estudo quase-experimental (before and after), comparativo, de intervenção educativa e de abordagem quantitativa.

A amostra será constituída por indivíduos que convivem com DM tipo II atendidos no ambulatório de endocrinologia de um hospital no município de João Pessoa, estado da Paraíba. A partir do cálculo amostral para população finita, serão incluídos 136 participantes que se enquadrem nos seguintes critérios: idade superior a 18 anos e menor que 60 anos; ser responsável pela aplicação de insulina, utilizar tratamento injetável convencional (insulina regular ou NPH) e residir no município em questão. Serão excluídos aqueles que apresentam alguma complicação crônica do DM.

O estudo será desenvolvido em duas etapas: ETAPA 1- Pré-intervenção e intervenção, na qual serão coletados os dados sociodemográficos e clínicos, será observada e fotografada a região de autoaplicação e posteriormente será solicitado que o indivíduo demonstre no simulador como realiza a técnica de autoaplicação no seu cotidiano, sendo o procedimento registrado por mídia digital do tipo vídeo. Após registrar a prática desempenhada pelo participante, o pesquisador irá apresentar e treinar a técnica conforme preconizado pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e o participante reproduzirá a técnica no simulador. O material registrado em vídeo e fotografia será enviado para avaliadores que serão selecionados conforme aproximação com a temática, estes, por sua vez, irão avaliar a técnica desempenhada com base no passo a passo descrito pela SBD.

O instrumento de avaliação da técnica de autoaplicação foi construído tendo como base os passos estabelecidos pela SBD para um preparo e aplicação segura da insulina, composta por 19 competências e com variações de sim (adequado/inadequado) e não realizado. Entretanto, o instrumento em questão por não ser validado, passará por avaliação de especialistas, com a finalidade de identificar possíveis inadequações e posteriores mudanças.  

A ETAPA 2- Pós-intervenção será realizada após 30 dias da intervenção, quando o participante será novamente abordado pelo pesquisador e na oportunidade será avaliado e fotografado novamente os locais da autoaplicação e gravada novamente a técnica desempenhada no simulador, que passará por um novo processo de avaliação pelos avaliadores, atestando ou não a efetividade da intervenção educativa.

A intervenção educativa será realizada entre março e abril de 2020. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Lauro Wanderley, sob parecer de nº 3.457.517.

Para análise dos dados serão empregados testes estatísticos.

 

RESULTADOS ESPERADOS

Considera-se que a intervenção educativa usando demonstrações práticas com o uso de simulador poderá fortalecer a autonomia e responsabilização do indivíduo com DM2, no sentido de favorecer ao indivíduo o desenvolvimento de habilidades necessárias para torna-se gestor da sua condição clínica/patológica, por meio do preparo e autoaplicação correta de insulina.

Para a enfermagem o estudo trará benefícios no sentido de identificar práticas inadequadas de autoaplicação de insulina e simultaneamente estratégias educativas inovadoras e dinâmicas que envolvem o indivíduo e com potencialidade de sensibilizá-lo para modulação comportamental, favorecendo a adesão ao tratamento.

REFERÊNCIAS

 

  1. 1. Oliveira JEP, Montenegro Júnior RM, Vencio S. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018 [Internet]. São Paulo: Editora Clannad. 2018 [cited 2019 jul 18]. Available from: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf

    2. Moreira TR, Toledo LV, Colodette RM, et al. Fatores relacionados à autoaplicação de insulina em indivíduos com diabetes mellitus. Rev Gaúcha de Enfem [Internet]. 2018 [cited 2019 jul 15]; 39(esp):1-9. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v39/1983-1447-rgenf-39-e2017-0066.pdf

    3. Gaertner F, Schneider A, Spanevello S, Colet C. Procedimentos relacionados ao uso de insulina por portadores de diabetes mellitus tipo I e II. Rev Contexto & Saúde [Internet]. 2014 [cited 2019 jul 20]; 14(27):44-53. Available from: https://revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/view/2891

 

Participação dos autores:

 

Wallison Pereira dos Santos: Construção do manuscrito e versão final após sugestões;

Mailson Marques de Sousa: Análise do manuscrito;

Bernadete de Lourdes André Gouveia: Análise do manuscrito;

Ana Maria de Almeida: Análise do manuscrito e apresentação da versão final;

Simone Helena dos Santos Oliveira: Análise do manuscrito e apresentação da versão final.

 

Recebido: 17/12/2019

Revisado: 25/01/2020

Aprovado:25/01/2020