Avaliação das dimensões da qualidade de vida de pessoas com leishmaniose visceral: estudo exploratório

 

Sergio Vital da Silva Junior1, Allan Batista Silva1, Caliandra Maria Bezerra Luna Lima1, Ana Cristina de Oliveira e Silva1, Valeria Peixoto Bezerra1, Maria Eliane Moreira Freire1

 

1 Universidade Federal da Paraíba, PB, Brasil

 

RESUMO

Objetivo: Avaliar a qualidade de vida de pacientes acometidos pela leishmaniose visceral segundo aspectos sociais, clínicos e epidemiológicos. Método: Estudo descritivo, transversal e quantitativo, desenvolvido em um hospital na Paraíba, Brasil, entre julho e outubro de 2019. Amostra probabilística, sendo inclusos: indivíduos acima dos 18 anos, de ambos os sexos e em tratamento para leishmaniose visceral. Utilizou-se questionário sociodemográfico e o Medical Outcomes Survey Short-Form 36. Resultados: Participaram da presente investigação 23 pacientes, maioria do sexo masculino, solteiros, entre 18 e 80 anos de idade. Há impacto negativo em todos os domínios da qualidade de vida, com menores scores no papel emocional, função física e função social. Discussão: A leishmaniose visceral é uma doença negligenciada e que afeta várias dimensões humanas, o que pressupõe a inserção do enfermeiro em ações educativas e assistenciais que possam mitigar os efeitos da doença e melhorar a qualidade de vida da referida população.

 

Descritores: Qualidade de Vida Relacionada à Saúde; Leishmaniose Visceral; Enfermagem.

 

INTRODUÇÃO

No escopo das doenças negligenciadas, encontra-se a leishmaniose que é caracterizada por uma zoonose endêmica, principalmente nos trópicos de clima quente(1). Causada por protozoários do gênero Leishmania, é responsável por acometer humanos que podem desenvolver a forma visceral e cutânea(2).

A leishmaniose visceral (LV), também conhecida como Calazar, é uma doença parasitária sistêmica causada pelo parasita de Leishmania donovani, referida como um complexo de espécies. Estima-se cerca de 500.000 novos casos de LV ocorrem anualmente. É caracterizada por febre, perda de peso substancial, hepatoesplenomegalia e anemia nos estágios mais graves. Quando não tratada, a taxa de mortalidade (principalmente nos países em desenvolvimento) torna-se elevada(3).

É uma das doenças mais negligenciadas no mundo, afetando as pessoas mais pobres dos países em desenvolvimento e pode estar associada à desnutrição relacionada com a pobreza, a fraqueza do sistema imune, o deslocamento geográfico do paciente a locais endêmicos, habitação inóspita ou em áreas de ocorrência da doença, analfabetismo, papeis de gênero exercidos pelos doentes e falta de recursos financeiros(4).

A LV é um agravo crônico, sistêmico, caracterizado por febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia, hepatoesplenomegalia e anemia, dentre outras apresentações clínicas. Quando não tratada, pode evoluir para o óbito em mais de 90% dos casos. Cabe ressaltar que só uma pequena parcela de indivíduos infectados desenvolve sinais e sintomas da doença. Após a infecção, caso o indivíduo não desenvolva a doença, observa-se que os exames que pesquisam imunidade celular ou humoral permanecem reativos por longo período(5).

Dessa forma, o impacto da infecção e do processo terapêutico, em especial a necessidade de hospitalização, pode interferir na qualidade de vida dos pacientes, que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) é definida como a apreensão do indivíduo de sua posição na vida no contexto dos sistemas de cultura e de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Esta definição considera a satisfação da pessoa em relação à dimensão física, psicológica, interações sociais, meio ambiente e aspectos espirituais da sua vida(3,6).

A avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) tem sido utilizada para determinar os aspectos associados às doenças ou ao tratamento instituído, que, ao ocorrerem, modificam o estado de saúde das pessoas e podem suscitar repercussões para sua qualidade de vida(7).

A partir dessa discussão, a presente investigação é permeada pelo seguinte questionamento: Que dimensão da qualidade de vida de pessoas acometidas pela LV sofre maior impacto? Nesse sentido, esse estudo tem por objetivo avaliar a qualidade de vida de pacientes acometidos pela leishmaniose visceral segundo aspectos sociais, clínicos e epidemiológicos.

 

MÉTODO

Estudo descritivo, de corte transversal, com abordagem quantitativa. O estudo foi realizado na Unidade de Doenças Infecciosas e Parasitarias (DIP) em um Hospital Universitário referência no atendimento a pessoas acometidas pela leishmaniose no estado da Paraíba, Nordeste do Brasil. A amostra foi do tipo probabilística, obtida por meio de cálculo amostral, que se deu a partir dos dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS), observando-se que na Paraíba, entre 2016 e 2017, foram notificados 43 casos de LV em pessoas acima dos 15 anos de idade. Considerando-se um nível de significância de 10%, um poder de teste de 80% a amostra deste estudo, foi composta por 23 participantes em regime de internamento hospitalar.

Para compor a amostra da presente investigação, foram considerados os seguintes critérios de elegibilidade: indivíduos com idade acima de 18 anos, de ambos os sexos, que apresentaram diagnóstico médico de LV, e sob tratamento no serviço mencionado. Foram excluídos pacientes em uso de psicotrópicos e àqueles com notável incapacidade física ou cognitiva (evidenciada por meio de perguntas relacionadas ao cotidiano, local onde se encontra idade e dia da semana) para responder aos questionários utilizados na investigação.

Para operacionalização da coleta de dados, foi utilizado um questionário contendo informações sociodemográficas e epidemiológicas dos participantes, como: idade, sexo, cidade de procedência, escolaridade, estado civil, ocupação, e uso de álcool e drogas (lícitas ou ilícitas), deslocamento dentro ou fora do estado, tipo de moradia, material utilizado na construção da residência, a localidade e proximidade com matas e rios, bem como a presença de animais domésticos e/ou silvestres na redondeza. Sobre os aspectos clínicos, foram abordadas informações referentes à queixa principal do paciente ao procurar o serviço de saúde, as comorbidades presentes e os exames laboratoriais realizados para diagnóstico da leishmaniose.

Para avaliação da qualidade de vida dos participantes do presente estudo, foi utilizado o Medical Outcomes Survey Short-Form 36 (SF-36) que é um instrumento generalizado para medida de QV, de caráter multidimensional, formado por 36 itens, já validado e traduzido para língua portuguesa(8). Apresenta oito domínios: capacidade funcional, aspectos físicos, aspecto emocional, saúde mental, aspectos sociais, vitalidade, dor e percepção geral de saúde. O escore varia de 0 a 100, sendo que valores maiores indicam melhor QV(9).

Os pacientes atendidos na DIP do HULW-UFPB foram convidados a participar do estudo, sendo explicitados os objetivos da pesquisa. Em seguida, procedeu-se à obtenção da anuência do participante, a partir da leitura e aposição de assinatura ou impressão digital no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Posteriormente, em ambiente privativo, houve interação com o participante da pesquisa por meio de perguntas norteadas pelos instrumentos de coleta de dados e medida da QVRS. A coleta de dados ocorreu entre os meses de julho e outubro de 2019.

Os dados oriundos das respostas dos participantes foram tabulados numa planilha eletrônica do Microsoft Office Excel 2010 e posteriormente transferidos para o software SPSS versão 20. Foi realizado o teste Shapiro-Wilk para cada uma das variáveis dependentes a fim de verificar a normalidade dos dados. Para análise dos dados, foram utilizadas medidas descritivas (frequência, média e desvio-padrão) e testes estatísticos não paramétricos (Mann-Whitney para variáveis com apenas duas categorias e Kruskal-Wallis para variáveis com mais de duas categorias).

O presente estudo, sob CAAE: 11309619.9.0000.5183, obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, conforme Parecer nº 3.362.887, atendendo às prerrogativas da Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde.

 

RESULTADOS

Participaram da presente investigação 23 pacientes que se encontravam em regime de internação hospitalar, no serviço referência para tratamento de leishmaniose no Estado da Paraíba.

A caracterização sociodemográfica dos participantes do estudo, descrita na tabela 1, evidencia que 91,3% dos participantes eram do sexo masculino, com faixa etária incluída no intervalo entre 18 e 80 anos, com média de 36,83 anos de idade (± 16,708), sendo a maioria com idade até 39 anos (69,6%) e renda familiar em média de R$ 1.311,78 (± R$ 681,71). Ressalta-se que no período de desenvolvimento deste estudo o salário mínimo no Brasil era de R$ 1.039,00.

Concernente ao estado civil, a maioria dos participantes era solteiro (60,9%) e desenvolvia atividade agropecuária (52,2 %). Quando perguntado sobre o uso de bebida alcóolica e outras substâncias (cigarro, maconha ou cocaína), 65,2% dos participantes referiram fazer uso de álcool (quer seja frequentemente - 52,2% ou esporadicamente - 13,0%) e 60,8 faz uso de outras substâncias (seja cigarro - 34,8%, maconha - 17,4% ou cocaína- 8,7%).

No que se refere ao deslocamento (dentro ou fora do estado) nos últimos seis meses, 87,0% dos entrevistados afirmaram não ter se deslocado, 100% afirmaram residir em casa, sendo 69,6% em imóvel próprio, na zona rural (60,9%) e construído com tijolos de cerâmica (95,7%).

Referente às características do entorno do imóvel, 69,6% afirmaram residir próximo a matas, 60,9% disseram que há rios próximos a sua residência, e 78,3% afirmaram não haver bananeiras próximas ao seu domicílio. No que tange à presença de animais no imóvel, 69,6% dos participantes possuíam animais de estimação no momento da investigação, dos quais 56,5% eram cachorros e 30,4% eram gatos; e 82,6% disseram não haver animais doentes nas proximidades do domicílio.

No que diz respeito aos dados clínicos dos participantes do presente estudo, a Tabela 1 ilustra que 91,3% dos pacientes procuraram o serviço de saúde com queixa inicial de febre. Referente às comorbidades apresentadas pelos pacientes internados no hospital para tratamento da LV observa-se que 17,4% tinha diabetes. Para o diagnóstico laboratorial da leishmaniose, 65,2% dos pacientes foram diagnosticados por meio da sorologia.

 

Tabela 1 - Distribuição dos dados sociodemográficos e clínicos de pessoas com leishmaniose visceral. João Pessoa, PB, Brasil, 2020 (n=23)

Dados sociodemográficos dos participantes

Variável

Categoria

Pacientes com LV

 

 

n

%

 

 

 

 

Sexo

Masculino

21

91,3

 

Feminino

2

8,7

 

 

 

 

Faixa etária

Até 39 anos

16

69,6

 

40 anos ou mais

7

30,4

 

 

 

 

Estado civil

Solteiro

14

60,9

 

Casado

7

30,4

 

Divorciado/ Separado

2

8,7

 

 

 

 

Profissão

Atividade agropecuária

12

52,2

 

Atividade social

9

39,1

 

Atividade comercial

2

8,7

 

 

 

 

Uso de bebida alcóolica

Frequentemente (1x/sem)

12

52,2

 

Não bebe

8

34,8

 

Esporádico (1x/mês)

3

13,0

 

 

 

 

   Uso de substância química

Não

9

39,1

Cigarro

8

34,8

 

Maconha

4

17,4

 

Cocaína

2

8,7

 

 

 

 

Deslocamento do estado (últimos seis meses)

Não

20

87,0

Sim

3

13,0

 

 

 

 

Tipo de moradia

Casa

23

100,0

 

Apartamento

0

0,0

 

 

 

 

Condição do imóvel

Próprio

16

69,6

 

Alugado

7

30,4

 

 

 

 

Zona de residência

Rural

14

60,9

 

Urbana

9

39,1

 

 

 

 

Material do imóvel

Tijolo

22

95,7

 

Taipa

1

4,3

 

 

 

 

Imóvel próximo às matas

Sim

16

69,6

 

Não

7

30,4

 

 

 

 

Imóvel próximo à rios

Sim

14

60,9

 

Não

9

39,1

 

 

 

 

Imóvel próximo a bananeiras

Não

18

78,3

 

Sim

5

21,7

 

 

 

 

Presença de animais domésticos no domicílio

Sim

16

69,6

Não

7

30,4

 

 

 

 

Gato

Sim

7

30,4

 

Não

16

69,6

 

 

 

 

Cachorro

Sim

13

56,5

 

Não

10

43,5

 

 

 

 

Animais doentes

Não

19

82,6

 

Sim

4

17,4

Dados clínicos dos participantes

Variável

Categoria

Pacientes com LV

 

 

n

%*

 

 

 

 

Queixa inicial

Febre

21

91,3

 

Emagrecimento

15

65,2

 

Palidez

8

34,8

 

Esplenomegalia

8

34,8

 

Hepatomegalia

8

34,8

 

Dor

5

21,7

 

Diarreia

3

13,0

 

 

 

 

Comorbidades

Diabetes

4

17,4

 

Hipertensão arterial sistêmica

3

13,0

 

Doença reumática

1

4,3

 

HIV e AIDS

1

4,3

 

Sem comorbidades

14

61

 

 

 

 

Diagnóstico laboratorial da leishmaniose

Sorologia

15

65,2

 

Histopatológico

6

26

 

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

5

21,7

* Quantitativo em relação à frequência de respostas e não em relação à amostra.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

 

Quanto aos domínios de qualidade de vida conforme o instrumento SF-36, a Tabela 2 mostra, por meio das médias dos escores que houve maior impacto negativo na QV de pessoas com LV no domínio papel emocional (8,70), seguido do domínio função física (9,78) e função social (33,70).

 

Tabela 2 - Escores dos domínios do Medical Outcomes Survey Short-Forma 36 para pessoas com leishmaniose visceral. João Pessoa, PB, Brasil, 2020 (n=23)

Domínios

Pacientes com Leishmaniose

 

Média

Mediana

Desvio Padrão

Dor corporal

58,83

52,00

28,84

Saúde Geral

45,83

42,00

23,52

Funcionamento físico

38,26

35,00

32,88

Saúde mental

44,52

44,00

24,16

Vitalidade

37,17

30,00

29,88

Função social

33,70

37,50

18,63

Função física

9,78

0,0

25,83

Papel emocional

8,70

0,0

28,81

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

 

Com base na estatística inferencial referente ao impacto das características sociodemográficas, epidemiológicas e clínicas na qualidade de vida das pessoas acometidas pela LV, observa-se na Tabela 3 que houve diferença estatística entre o sexo e os domínios funcionamento físico (p valor: 0,036), dor corporal (p=0,012), saúde geral (p=0,016), vitalidade (p=0,020), função social (p=0,032) e saúde mental (p=0,036). Houve diferença estatística referente à idade do participante e o domínio funcionamento físico (p=0,017) e entre o domínio saúde geral e a zona de moradia do paciente (p=0,015).

 

Tabela 3 - Escores dos domínios do Medical Outcomes Survey Short-Forma 36, segundo dados sociodemográficos de pessoas com leishmaniose visceral. João Pessoa, PB, Brasil, 2020 (n=23)

Variável sociodemográfica

Funcionamento físico

Função física

Dor corporal

Saúde Geral

Vitalidade

Função social

Papel emocional

Saúde mental

Sexo (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Masculino (n= 21)

12,90

12,19

12,95

12,98

12,93

12,88

12,10

12,88

Feminino (n= 2)

2,50

10,00

2,00

1,75

2,25

2,75

11,00

2,75

Valor de p

0,036(**)

1,000

0,012(**)

0,016(**)

0,020(**)

0,032(**)

1,000

0,036(**)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Idade(a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Até 39 anos (n= 16)

14,19

12,88

12,34

12,09

13,59

12,34

12,44

12,81

40 anos ou mais (n= 7)

7,00

10,00

11,21

11,79

8,36

11,21

11,00

10,14

Valor de p

0,017(**)

0,273

0,728

0,935

0,091

0,739

0,557

0,402

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Zona (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Urbana (n= 9)

10,39

10,00

10,50

7,78

9,83

10,11

11,00

8,89

rural(n= 14)

13,04

13,29

12,96

14,71

13,39

13,21

12,64

14,00

Valor de p

0,374

0,127

0,409

0,015(*)

0,227

0,287

0,502

0,079

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Profissão (b)

 

 

 

 

 

 

 

 

Atividade agropecuária    (n= 12)(1)

11,33

11,88

12,63

12,63

11,42

11,46

11,96

10,83

atividade social (n= 9)(2)

11,44

12,61

10,89

11,67

12,33

13,00

12,28

14,56

atividade comercial (n= 2)(3)

18,50

10,00

13,25

9,75

14,00

10,75

11,00

7,50

Valor de p

0,361

0,750

0,812

0,841

0,866

0,836

0,884

0,282

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Resultados significativos: (*) valor de p < 0,01 e (**) valor de p < 0,05.

(a)-Teste de Mann-Whitney

(b)-Teste de Kruskal-Wallis

(1)- Agricultor e pescador

(2)- Aposentado, soldador, agente de saneamento, agente de combate à endemias, estudante, assistente social, pedreiro e vigilante

(3)- Comerciante e empresário

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

 

Não houve diferença estatística significante quando realizados testes não paramétricos entre os domínios do SF-36 e as comorbidades apresentadas pelas pessoas com LV, evidenciados na Tabela 4.

 

Tabela 4 - Escores dos domínios do Medical Outcomes Survey Short-Forma 36 segundo dados clínicos (comorbidades) de pessoas com leishmaniose visceral. João Pessoa, PB, Brasil, 2020 (n=23)

Variável

Funcionamento físico

Função física

Dor corporal

Saúde Geral

Vitalidade

Função social

Papel emocional

Saúde mental

Diabetes (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n=4)

9,38

12,63

10,13

12,38

10,25

10,88

11,00

14,75

Não (n=19)

12,55

11,87

12,39

11,92

12,37

12,24

12,21

11,42

Valor de p

0,420

1,000

0,561

0,921

0,598

0,799

1,000

0,398

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Doença reumática (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n=1)

17,00

20,50

3,00

17,00

7,50

4,00

11,00

20,00

Não (n=22)

11,77

11,61

12,41

11,77

12,20

12,36

12,05

11,64

Valor de p

0,652

0,174

0,391

0,652

0,696

0,304

1,000

0,391

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hipertensão arterial sistêmica (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n=3)

6,83

10,00

15,50

11,33

12,83

11,50

11,00

12,50

Não (n=20)

12,78

12,30

11,48

12,10

11,88

12,08

12,15

11,93

Valor de p

0,173

0,807

0,365

0,880

0,861

0,878

1,000

0,916

 

 

 

 

 

 

 

 

 

HIV e aids (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n=1)

8,50

10,00

21,00

10,50

19,00

18,00

11,00

15,50

Não (n=22)

12,16

12,09

11,59

12,07

11,68

11,73

12,05

11,84

Valor de p

0,739

1,000

0,391

0,913

0,435

0,609

1,000

0,739

 (a) - Teste de Mann-Whitney

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

 

O domínio função social apresentou diferença estatística quando relacionada à queixa inicial dor (p=0,032). Ao referir palidez, houve diferença estatística no domínio vitalidade (p=0,019). A diarreia apresentou diferença quando comparada ao domínio saúde mental (p=0,020).

 

Tabela 5 - Escores dos domínios do Medical Outcomes Survey Short-Forma 36 segundo dados clínicos (queixa inicial) de pessoas com leishmaniose visceral. João Pessoa, PB, Brasil, 2020 (n=45)

 

Funcionamento físico

Função física

Dor corporal

Saúde Geral

Vitalidade

Função social

Papel emocional

Saúde mental

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dor (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n= 5)

11,00

12,10

7,00

8,50

8,50

6,20

11,00

8,10

Não (n= 18)

12,28

11,97

13,39

12,97

12,97

13,61

12,28

13,08

 Valor de p

0,730

1,000

0,061

0,204

0,205

0,032(**)

1,000

0,155

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Febre (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n= 21)

12,79

12,19

11,71

11,55

12,62

12,33

12,10

12,74

Não (n= 22)

3,75

10,00

15,00

16,75

5,50

8,50

11,00

4,25

Valor de p

0,075

1,000

0,569

0,352

0,213

0,573

1,000

0,111

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Emagrecimento (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n= 15)

11,73

11,57

11,40

10,90

11,93

12,43

11,77

12,17

Não (n= 8)

12,50

12,81

13,13

14,06

12,13

11,19

12,44

11,69

 Valor de p

0,813

0,534

0,578

0,300

0,964

0,704

1,000

0,886

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Palidez (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n= 8)

14,06

12,94

15,63

14,88

16,44

15,56

12,44

15,13

Não (n= 15)

10,90

11,50

10,07

10,47

9,63

10,10

11,77

10,33

 Valor de p

0,299

0,423

0,061

0,143

0,019(**)

0,064

1,000

0,111

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esplenomegalia (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n= 8)

15,50

13,13

13,44

13,06

15,00

14,13

13,88

14,69

Não (n= 15)

10,13

11,40

11,23

11,43

10,40

10,87

11,00

10,57

 Valor de p

0,071

0,312

0,473

0,600

0,125

0,265

0,111

0,173

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hepatomegalia (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n= 8)

15,31

13,13

13,44

12,88

15,38

14,13

13,88

15,69

Não (n= 15)

10,23

11,40

11,23

11,53

10,20

10,87

11,00

10,03

 Valor de p

0,089

0,312

0,473

0,669

0,081

0,265

0,111

0,057

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Diarreia (a)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sim (n= 3)

13,00

13,50

7,67

14,50

11,83

14,83

11,00

20,17

Não (n= 20)

11,85

11,78

12,65

11,63

12,03

11,58

12,15

10,78

 Valor de p

0,821

1,000

0,260

0,530

0,992

0,465

1,000

0,020(**)

Resultados significativos: (**) valor de p < 0,05.

(a) - Teste de Mann-Whitney

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

 

DISCUSSÃO

Os resultados desta investigação demonstram que do total de participantes com infecção pela LV, ocorre maior acometimento de pessoas do sexo masculino, corroborando estudos desenvolvidos anteriormente que apresentam o mesmo delineamento desta pesquisa(4,10). Situação semelhante é encontrada no sertão da Paraíba onde o acometimento de homens com LV foi maior do que em mulheres(11).

Referente à faixa etária dos indivíduos acometidos pela Leishmaniose, a presente investigação aponta dados similares a estudo desenvolvido no Estado do Rio Grande do Norte em 2018, demonstrando que a faixa etária média de acometimento pela LV vem aumentando (acompanhando o cenário nacional brasileiro) com média etária no ano de 2014 de 21,7 anos. Essa característica se dá provavelmente em decorrência das alterações ambientais e a maior exposição dos adultos ao vetor que transmite a leishmania(12).Em outra investigação desenvolvida na Etiópia, com 590 pessoas com coinfecção pela LV e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) entre 2015 e 2016, houve média de idade de 35 (± 8,5) anos(3), aproximando-se dos achados do presente estudo.

No que se refere à renda dos indivíduos acometidos pela LV, observa-se que quanto menor o poder aquisitivo e escolaridade, piores são as condições de moradia e possibilidade de criadouros do vetor, facilitando a propagação da infecção, o que dificulta ações de educação em saúde e prevenção da transmissão da LV(13).

Concernente à caracterização do entorno do imóvel dos participantes desta investigação, observa-se a proximidade com matas, rios e bananeiras, havendo ainda presença de animais no domicílio, inclusive aparentando doenças, o que pode estar associado ao acometimento da infecção pelos participantes. O presente estudo demonstrou que a maioria dos pacientes acometidos pela leishmaniose reside em zona rural, diferindo do perfil epidemiológico na atualidade(14).

A LV tem obrigatoriedade de notificação no território nacional, em decorrência de sua gravidade sintomatológica, o que configura importância no seu diagnóstico rápido e preciso, podendo ser realizado em nível ambulatorial de asssitência por meio do método diagnóstico clínico, diferencial, parasitológico e sorológico(13).

As pesquisas científicas referentes à temática em evidência apontam que a leishmaniose impacta negativamente a qualidade de vida das pessoas que são acometidas pela doença, em especial na dimensão psicológica da saúde do ser humano, na saúde geral e na dimensão física dessas pessoas(15).

Nessa perspectiva, o termo Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) envolve de um modo geral a percepção da saúde e do impacto dos aspectos físicos, sociais, psicológicos e espirituais sobre ela, mas excluem outros aspectos mais genéricos como, por exemplo, ganho salarial, liberdade, meio ambiente entre outros(7,16).

Na presente investigação, os resultados apontam que os domínios de qualidade de vida baseados no SF-36, de pessoas acometidas pela LV foram afetados, com menores scores nos domínios papel emocional, função física e função social. Em pesquisa realizada na Índia utilizando o instrumento SF-36 é evidenciado impacto negativo para qualidade de vida de pessoas com leishmaniose pós calazar (acometimento clínico dermal após episódio de LV), particularmente na dimensão saúde mental, funcionamento social, dor corporal e saúde geral(4).

Dessa forma, a QVRS das pessoas acometidas pela LV sofre interferência em diversas dimensões, o que limita a utilização apenas de instrumentos generalizados de medida de qualidade de vida que podem não ser suficientes em emergir as particularidades desse agravo. No Brasil, no ano de 2018, foi validado um instrumento específico para medir a qualidade de vida de pessoas com leishmniose tegumentar, observando-se assim a necessidade também de um instrumento capaz de permear as particularidades do impacto da LV na QVRS das pessoas acometidas pela doença(17).

Quando se trata da análise do impacto da LV na qualidade de vida dos participantes no que concerne aos dados sociodemográficos e clínicos, possivelmente houve piora nos domínios funcionamento físico, dor corporal, saúde geral, vitalidade, função social e saúde mental quando relacionados ao sexo e zona de moradia do paciente. Diante disso, existe diferença no padrão epidemiológico atual da leishmaniose que passou de uma zoonose acidental no ser humano a uma infecção parasitária decorrente do incremento da doença em territórios urbanizados advindos de intenso desmatamento, o que pode estar relacionado à adaptação do mosquito ao ambiente(18).

Ao serem analisados os scores dos domínios do SF 36 segundo a queixa inicial os domínios função social, vitalidade e saúde mental apresentaram comprometimento relacionado à dor, palidez e diarreia. Enquanto entidade clínica sistêmica, a LV persiste no indivíduo de forma insidiosa. O emagrecimento e febre de duração longa, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia e anemia, hipoalbuminemia, edema e estado de debilidade progressivo são características nessa infecção parasitária, que se divide em inaparente/assintomática, período inicial, de estado e final(5,11).

Ressalta-se que a LV tem alta letalidade em pacientes com regime terapêutico ineficaz ou com forte desnutrição, o que é agravado quando ocorre em pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana(19).

 

CONCLUSÃO

Com intuito de responder à questão que permeou a presente investigação, os dados apresentados exprimem considerável impacto da leishmaniose visceral na qualidade de vida das pessoas acometidas por essa infecção.

No que tange às dimensões de qualidade de vida afetadas pela leishmaniose, evidencia-se que há impacto negativo pela doença em todos os scores nos domínios do SF 36, em especial nos domínios papel emocional, função física e função social. Isso evidencia a necessidade de ações imediatas no sentido de mitigar o impacto dessa doença na qualidade de vida dos seres humanos.

Dessa forma, os profissionais de enfermagem poderão desenvolver assistência à saúde de forma integral aos indivíduos expostos ou já acometidos pela leishmaniose visceral, com objetivo de suprir as necessidades de cuidado dessas pessoas, pois, observa-se que essa doença, negligenciada na atualidade, impacta negativamente em várias dimensões da qualidade de vida humana como evidenciado na presente investigação.

Sendo assim, o enfermeiro pode estar inserido na promoção da saúde por meio de ações educativas para prevenção da infecção e assistenciais, por meio da sistematização da Assistência de Enfermagem direcionada às dimensões de qualidade de vida afetadas pelo agravo com atividades de informação sobre o aspecto e características da doença e a terapêutica instituída para que os impactos negativos na dimensão psicológica possam ser mitigados.

A presente investigação teve limitação no que se refere à ausência de um instrumento validado para averiguar o impacto na qualidade de vida de pessoas com leishmaniose visceral. Dessa forma, sugere-se que novas pesquisas possam propor e validar um instrumento específico para essa população com vistas a aperfeiçoar essa medida de forma refinada, considerando-se as particularidades das pessoas acometidas pela doença.

 

REFERÊNCIAS

 

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Recebido: 03/03/2020

Revisado: 19/06/2020

Aprovado: 01/07/2020

 

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