More responsabilities to OBJN´s people...

Mais Uma Responsabilidade Para Esta “Brava Gente” Do OBJN

 Margareth Santos Zanchetta*

* Ryerson University, Canadá

 A mais recente expansão de indexação do Online Brazilian Journal of Nursing traz em si um aumento significativo do nosso esforço coletivo para responder continuamente aos critérios de qualidade também de um público leitor internacional.  Algumas práticas dos autores internacionais para melhorarem a qualidade de seus manuscritos merecem ser consideradas principalmente pelos autores e revisores do OBJN. Após a preparação do manuscrito, os autores submetem-no a uma leitura crítica pelos leitores/revisores considerados “internos”: um especialista nos aspectos teóricos sobre o tema; um especialista no desenho metodológico da pesquisa, e um terceiro especialista procedente do contexto da prática relativo ao tema do manuscrito. Isto representa a oportunidade de um diálogo científico: eles questionam, criticam e sugerem para ajudar o autor a aumentar suas chances de ter seu manuscrito melhor considerado pelos revisores do periódico para publicação. Tal diálogo e exposição à crítica significa caminhos para o desafio do pensamento científico, revisão de conhecimentos e de posturas filosóficas. Ao autor cabe então usar de humildade acadêmica e abertura de espírito para admitir que o manuscrito submetido pode ser melhorado (e muito!) após tal contribuição não remunerada desses especialistas. Dilema cruel para alguns autores que algumas vezes, por influência da vaidade pessoal, os leva a crer que sua trajetória profissional e titulação acadêmica constituem um selo incontestável da excelência do manuscrito. Aqueles autores que se beneficiam de tal prática da leitura interna comprovam terem elevado suas possibilidades de receberam comentários mais positivos pelos revisores do periódico, após uma segunda ordem de comentários e sugestões.

Isto implica que algumas das nossas práticas atuais necessitam de renovação. Agora precisamos lembrar que artigos publicados em Português são lidos por um público estrangeiro incalculável. Para permitir uma citação mais ampla dos nossos artigos por autores internacionais, deveríamos reconsiderar o seguinte: O conteúdo expresso no título e no resumo, bem como a qualidade de suas traduções para a língua inglesa. Os autores que pretendem publicar no OBJN devem responsabilizar-se pela busca de um profissional comprovadamente proficiente na língua inglesa ou, se possível, alguém que a tenha como língua materna. O que constatamos ainda hoje é que traduções apresentam inúmeros neologismos idiomáticos, assim como na linguagem técnica de Enfermagem. Títulos e resumos encontram-se indecifráveis para um público não proficiente em Português! Como resultado eliminam-se as possibilidades de citação em publicações internacionais e, lamentavelmente, distorce-se também a real imagem do nível de excelência da pesquisa em Enfermagem ora em curso no Brasil.

O detalhamento do desenvolvimento metodológico da pesquisa que se descreve no artigo também deve ser revisto. Habitualmente, um público leitor mais crítico e exigente inicia a leitura do artigo pela seção “método de pesquisa”. Dependendo do que é apresentado, decide-se pela leitura ou não do mesmo. Ainda, os aspectos éticos da pesquisa devem ser descritos de modo a serem entendidos por leitores de outros espaços geográficos. Mencionar que a pesquisa respondeu às normas da portaria X do país Z não traduz em nada o rigor ético na condução da pesquisa e, portanto, sem mesmo percebê-lo, o autor expressa sua desatenção a detalhes metodológicos que comprometem a qualidade geral do seu trabalho. Precisamos descrever como asseguramos os direitos de populações vulneráveis, protegemos o anonimato dos participantes, asseguramos a confidencialidade dos dados obtidos e coibimos as possibilidades de coerção. Portanto, a assinatura do termo de consentimento esclarecido não significa mais absolutamente tudo! A proteção ética dos participantes força-nos assim a rever como lidamos com o poder do recrutador, pesquisador ou entrevistador contra o participante; que direito existiu para a participação ser cessada, para não serem respondidas algumas perguntas, de poder comunicar-se com outras pessoas as quais o pesquisador esteja hierarquicamente ligado, de poder obter informações mais detalhadas sobre a pesquisa e de obter cópias das informações fornecidas. Temos ainda que responder: O que aconteceu? Quem fez o quê? Como foi feito? Como foi a participação livre e espontânea na condução da pesquisa? Que riscos existiram? Que medidas preventivas e corretivas foram colocadas em prática? Que formas alternativas de consentimento foram oferecidas aos participantes?

A oportunidade de estarmos mais próximos de um público leitor internacional criou mais uma responsabilidade para esta “brava gente” do OBJN e nos faz perguntar: O que cada um de nós necessitaria atualizar e expandir conhecimentos no ensino, na prática e na leitura da pesquisa em Enfermagem?  Apenas um convite à reflexão crítica e, sem dúvida, humilde a ser realizada por nossos autores, revisores e leitores…

Received Aug 7th, 2007
          Accept Aug 9th, 2007