Overweight and obesity in public schools children of Fortaleza: an exploratory study

Sobrepeso e obesidade em crianças de escolas públicas de Fortaleza: um estudo exploratório

Suyanne Freire de Macêdo1, Marta Maria Coelho Damasceno1, Adman Câmara Soares Lima1, Ana Karine Girão Lima1, Hérica Cristina Alves de Vasconcelos1, Márcio Flávio Moura de Araújo1

1Universidade Federal do Ceará,CE,Brasil. 

Abstract: The increase of the predominance of weight excess among children has been considered a world epidemic which contributes for the development of chronic diseases. This study aimed at detecting the predominance of overweight and obesity in public schools children of Fortaleza. It is about a transversal study performed in 12 schools in the period of March to June, 2008. The sample involved 727 children between 6 and 11 years of age. A form was applied in which socio-demographic, weight, height and Body Mass Index data were recorded. 159 (21.9%) of the participants showed weight excess. 15.3% out of these were overweight, 6.6% obese, 7.7% belonged to the female gender and 9.8% were concentrated in the age group between 9 and 10 years of age. There was no statistical significant difference between gender (p = 0.666) and age group (p = 0.171). Considerable weight excess cases were noticed among the child population studied. The present study observed important information that may not only help for the knowledge of those conditions, but also for the performance of intervention strategies intended to fight the incidence of new cases.

Keywords: Overweight, Obesity, Child 

Resumo: O aumento da prevalência de excesso de peso entre crianças vem sendo considerado uma epidemia mundial, o que contribui para o desenvolvimento de doenças crônicas. Objetivou-se com este estudo detectar a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças de escolas públicas de Fortaleza. Trata-se de um estudo transversal, realizado em 12 escolas, no período de março a junho de 2008. A amostra envolveu 727 crianças com idade entre 6 e 11 anos. Aplicou-se um formulário no qual registrou-se os dados sociodemográficos, o peso, a altura e o Índice de Massa Corporal.  Dos participantes, 159 (21,9%) apresentaram excesso de peso. Desses, 15,3% tinham sobrepeso, 6,6% obesidade, 7,7% eram do sexo feminino e 9,8% se concentravam na faixa etária entre 9 e 10 anos.  Não houve diferença estatisticamente significante entre o sexo (p= 0,666) e a faixa etária (p=0,171). Observa-se que são consideráveis os casos de excesso de peso entre a população infantil estudada. O presente estudo contemplou informações importantes que devem servir, não apenas para o conhecimento dessas condições, mas também para a realização de estratégias de intervenção, com o intuito de combater a incidência de novos casos.

Palavras-Chave: Sobrepeso, Obesidade, Criança. 

Introdução

Sabe-se que a obesidade infantil vem aumentando sua prevalência nas últimas décadas, sendo considerada uma epidemia mundial ¹. O excesso de peso chega a atingir cerca de 25 a 30% da população infantil nos países ricos, contribuindo de forma importante para a carga de doenças crônicas e incapacidades 2.

Sobrepeso é definido como uma proporção relativa de peso maior que a desejável para a altura e a obesidade é o excesso de gordura corporal relacionado à massa magra 3,4.

O excesso de peso na infância pode resultar em distúrbios psicossociais e respiratórios, desordens ortopédicas, além de algumas alterações metabólicas, como: hiperinsulinemia, aumento dos níveis de colesterol total e LDL colesterol, gordura centralizada e diabetes mellitus tipo 2 5. Os casos de excesso de peso na infância mantêm relação com tal disfunção na vida adulta: 50 a 65% dos adultos obesos foram crianças obesas 6.

Um estudo longitudinal na Indonésia para avaliar o monitoramento do Índice de Massa Corporal (IMC) de 308 crianças entre a faixa etária de 6- 8 anos identificou que 100% das crianças obesas continuaram obesas e 84% continuaram apresentando sobrepeso após um período de 5 anos. A percentagem de sobrepeso aumentou de 4,2% para 8,8% e a obesidade, que antes acometia apenas 1,9% da população infantil aumentou para 3,2% com o passar do tempo 7.

A ocorrência de excesso de peso em crianças possui etiologia multifatorial, estando envolvidos fatores genéticos e ambientais 8. Os fatores genéticos desempenham papel importante na determinação da suscetibilidade do indivíduo para o ganho de peso, sabe-se que uma criança com sobrepeso, que possua um dos pais com obesidade, tem 70% de chance em vir a ser obeso 5.

Os hábitos de vida das crianças nos dias atuais estão levando ao aumento de atividades que propiciam o sedentarismo, como exemplos: passar muito tempo diante da TV, computadores e jogos eletrônicos, em detrimento das atividades físicas praticadas mais regularmente em algumas décadas atrás 3,9. Além disso, os meios de comunicação/publicidade exploram a alimentação, estimulando à ingestão de alimentos saborosos, hipercalóricos e pouco nutritivos 10.

No Brasil, a transição epidemiológica no campo da nutrição representa uma abordagem específica de mudanças mais abrangentes no perfil de morbi-mortalidade. Ao mesmo tempo em que declina a ocorrência da desnutrição num ritmo bem acelerado, aumenta a prevalência de sobrepeso e obesidade, o que expressa modificações mais gerais como a aquisição de novos estilos de vida 11.

Na perspectiva dos serviços de saúde, é desejável que se utilize um critério de diagnóstico de excesso de peso simples, de baixo custo, reproduzível e confiável, que tenha alta sensibilidade e especificidade, minimizando, assim, a ocorrência de diagnósticos falso-positivos ou negativos 12.

O Índice de Massa Corporal (IMC) vem sendo amplamente utilizado por se correlacionar com outras medidas corporais 13. Particularmente, durante a infância, as medidas de peso e estatura são consideradas de alta sensibilidade, por refletir variações nas condições nutricionais e, indiretamente, as influências do ambiente socioeconômico 14.

Todas as fases da vida são importantes para o estudo da obesidade, porém, é no período escolar que acontecem diversas mudanças, além de ser a idade em que a criança é direcionada para longe do grupo familiar e centrada ao redor do mundo.  Nessa etapa ocorre o desenvolvimento físico, mental e social, com ênfase no desenvolvimento das habilidades e competência. Essa é uma fase crítica para o desenvolvimento do auto-conceito 15.

Nos últimos anos tem aumentado o interesse de estudiosos em investigar o estado nutricional da população infantil, sendo a nutrição uma das temáticas mais abordadas 16.  Recomendações de pesquisadores e gestores de saúde durante evento nacional ressaltaram a importância de se realizar inquéritos em escolas buscando informações sobre o excesso de peso, dentre outros. Na cidade de Fortaleza os estudos publicados nesta temática são escassos, sobretudo, os que envolvem crianças 17. Diante disso, interessa, na presente investigação conhecer o estado nutricional das crianças da cidade de Fortaleza.

Os objetivos do presente estudo foram determinar a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças de 6 a 11 anos de escolas públicas da cidade de Fortaleza-Ceará e relacionar os casos de excesso de peso com as variáveis sexo e idade. 

Método

Trata-se de um estudo transversal desenvolvido em doze escolas públicas da rede municipal. Fortaleza é uma cidade dividida em seis regionais e, com a finalidade de abrangê-la totalmente foram investigadas duas escolas de cada regional, localizadas em bairros distintos no que diz respeito à infra-estrutura e serviços. Para ter acesso às escolas foram realizadas visitas anteriores em cada estabelecimento para conversar com os diretores e explicar detalhadamente os objetivos e a metodologia do estudo, além de obter por escrito a autorização deles para a realização do mesmo.

A população foi composta por crianças de 6 a 11 anos de idade, de ambos os sexos, regularmente matriculadas nas escolas municipais pesquisadas. A amostra foi calculada a partir de informações fornecidas pelo CREDE (Centro Regional do Desenvolvimento da Educação) sobre o número de crianças matriculadas nessa faixa etária nas Escolas Municipais da cidade de Fortaleza.

Participaram, portanto, 727 crianças, divididas nas seis regionais que compõem a cidade de Fortaleza. Para melhor abrangência, a amostra de cada regional foi distribuída de forma igualitária entre as duas escolas escolhidas.

Os dados foram coletados no período de março a junho de 2008, em dias e horários previamente combinados com os professores e diretores. Como todos eram menores de idade, os alunos levaram para casa um termo de consentimento livre e esclarecido, explicando detalhadamente os objetivos e a metodologia da pesquisa, que deveria ser lido e assinado pelos pais/responsáveis, autorizando a participação no estudo. Os alunos responderam a um formulário contendo nome, idade, sexo e série.

Em seguida, foram verificados o peso e a altura. O peso foi obtido em uma única tomada, através de uma balança portátil digital, da marca Plenna, com capacidade para registrar 150 kg e uma precisão de 0,1 kg. Os alunos estavam vestindo roupas leves e não portavam objetos que pudessem interferir no resultado da medida como bolsas, celulares, entre outros.

A estatura foi verificada em uma única tomada, sendo utilizada uma fita métrica com escala de 0,5 cm. Foi utilizada uma régua como auxílio para a verificação da altura, sendo essa colocada sobre o topo da cabeça para se obter um ângulo reto com a parede durante a leitura. O aluno foi orientado a ficar em posição ortostática, com os pés descalços, unidos e paralelos, mantendo contato com a fita os calcanhares e a região occipital e com a cabeça ajustada ao plano de Frankfurt.

Após a obtenção das medidas citadas anteriormente (peso e altura), foi calculado o Índice de Massa Corporal – IMC - (peso, em kg, dividido pela altura, em metros, ao quadrado). Adotou-se como critério de classificação os valores para idade e sexo e os respectivos pontos de corte 18.

Os dados coletados foram tabulados em planilha eletrônica (EXCELL) e foram digitados por três pessoas diferentes para garantir a fidedignidade dos dados. Em seguida, as informações foram analisadas no software SPSS versão 13.0 com a geração da estatística descritiva (média, desvio padrão, percentuais e etc). Para verificar a associação estatística entre as variáveis categóricas realizou-se o teste não paramétrico do qui-quadrado. Os achados foram apresentados em tabelas.

Em relação aos aspectos éticos, atenderam-se as exigências das Diretrizes e Normas da Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, apresentadas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal do Ceará (COMEPE) no dia 13 de março de 2008 sob protocolo nº 18/08. 

Resultados

Foram avaliadas 727 crianças, sendo, 54,3% do sexo feminino e 45,7% do sexo masculino. Constatou-se predominância na faixa etária entre 8-9 anos, com 40,2%. A média de idade foi de 8,47 anos e 8,67 anos para meninas e meninos, respectivamente. Em relação ao nível escolar, 26% encontravam-se cursando o 3º ano do ensino fundamental, enquanto apenas 1,8% encontravam-se no Jardim.

De acordo com o critério diagnóstico antropométrico utilizado 18, as crianças foram classificadas segundo o IMC, o que está apresentado na tabela 1.  

Tabela 1. Distribuição das crianças, segundo o Índice de Massa Corporal em escolas públicas. Fortaleza-CE, 2008.

Classificação do IMC

N

%

 

Normal

 

568

 

78,1

Sobrepeso

111

15,3

Obesidade

 

48

6,6

Total

727

100

 Em relação à distribuição das crianças, segundo IMC e gênero, pelo teste do Qui-quadrado, verifica-se que não há indicações de existência de associação estatisticamente significante entre essas variáveis. Contudo, identificou-se que cerca de 21% das meninas apresentaram excesso de peso. Por sua vez, entre os meninos o percentual foi ligeiramente maior por volta de 23%. A prevalência de crianças com obesidade foi de 6,6% no total, sendo o mesmo percentual observado em ambos os sexos. Já a prevalência de sobrepeso foi 15,3% no total, 14,2% para o sexo feminino e 16,6% para o sexo masculino (TABELA 2). 

Tabela 2. Associação entre IMC e sexo das crianças de escolas públicas. Fortaleza-CE. 2008

 

Sexo

 

Classificação do IMC

 

Normal

Sobrepeso

Obeso

 

 

N

%

%

Total

N

%

% Total

N

%

% Total

 

c2

Feminino

313

79,2

43,0

56

14,2

7,7

26

6,6

3,6

MD=17,2

DP=3,07

 

0,666

Masculino

255 

76,8

35,0

55

16,6

7,6

22

6,6

3,0

MD=17,3

DP=2,95

MD= Média; DP= Desvio Padrão; c2 = qui-quadrado 

Ao se associar os valores de IMC com a faixa etária das crianças do estudo, através do teste do Qui-quadrado, verifica-se que não há indicações de existência de associação estatisticamente significante entre as variáveis. No entanto, o excesso de peso acometeu, principalmente, as crianças com 6 anos de idade (26,7%). Porém, observou-se um aumento crescente até os 9 anos, em que foi observada uma prevalência de 5,4% de excesso de peso e uma diminuição desses valores entre as crianças com 10 e 11 anos (TABELA 3). 

Tabela 3. Associação entre IMC e faixa etária das crianças de escolas públicas. Fortaleza-CE. 2008

 

Faixa etária

(anos)

 

                Classificação do IMC

 

Normal

Sobrepeso

Obeso

 

 

N

%

%

Total

N

%

% Total

N

%

% Total

 

c2

6

63

73,3

8,7

15

17,4

2,1

8

9,3

1,1

MD=16,7 DP=3,86

 

7

94

83,2

12,9

15

13,3

2,1

4

3,3

0,6

MD=16,3

DP=1,85

 

8

126

81,3

17,3

16

10,3

2,2

13

8,4

1,8

MD=16,7 DP=2,67

p=0,171

9

98

71,3

13,5

26

19,0

3,6

13

9,5

1,8

MD=17,8 DP=3,12

 

10

121

79,1

16,6

24

15,7

3,3

8

5,2

1,1

MD=17,9

DP=3,08

 

11

66

79,5

9,1

15

2,4

2,1

2

18,1

0,3

MD=18,0

DP=3,10

 

MD= Média; DP= Desvio Padrão; c2 = qui-quadrado 

Discussão

Na pesquisa em questão houve maior participação de crianças do sexo feminino. A questão do gênero ainda é controversa, pois autores identificaram uma maior porcentagem de meninos participantes em sua pesquisa 19. Enquanto outros identificaram maior porcentagem de meninas, apesar de uma pequena diferença 20. Há, ainda aqueles que não encontraram diferença estatística entre as amostras 21.

Numa investigação com crianças na faixa etária de 5-11 anos, a idade média encontrada foi de 8,3 anos 22. A média de idade das crianças avaliadas em outro estudo foi 9 anos 23. Esses valores são semelhantes aos encontrados no presente estudo.

Na pesquisa, ora apresentada, aproximadamente 22% da amostra evidenciou acúmulo de peso corpóreo. Este valor estratificou-se em 15,3% e 6,6% de sobrepeso e obesidade, respectivamente. Utilizando referência do Centers for Disease Control(CDC), 7,7% das crianças avaliadas em Ontário foram classificadas como sobrepeso e 10,9% como obesas 24. Crianças nigerianas apresentaram prevalência de sobrepeso e obesidade de 13,7% e 5,2% respectivamente 25.

Na perspectiva brasileira, um estudo populacional com crianças de ambos os sexos mostrou que o excesso de peso em crianças da região norte do Brasil é mais baixo (7,4%) que os apresentados em outros inquéritos nacionais 26. Como exemplo, na região nordeste do país, foi evidenciado que 33,6% da população estudada tinham excesso de peso 27

Uma pesquisa realizada em São Paulo apontou prevalência de 17% da população com excesso de peso, sendo 10,8% de sobrepeso e 6,2% de obesidade 28. Já em Feira de Santana, 9,3 % estavam em sobrepeso e apenas 4,4% em obesidade, de uma amostra total de 699 crianças 29.Outro estudo realizado em Santos (SP) foi identificado prevalência de 15,7% de sobrepeso e 18,0% de obesidade 30.

Pesquisadores avaliaram 511 escolares da mesma faixa etária na cidade de Londrina, sul do Brasil, e identificaram 37% com sobrepeso e 26,8% com obesidade. Esses valores encontrados mostram que a prevalência de sobrepeso foi mais que o dobro do valor encontrado no presente estudo, enquanto a prevalência de obesidade foi 4 vezes maior 19.

Por outro lado, o resultado evidenciado por outros pesquisadores corresponde a três vezes menos às prevalências encontradas no presente estudo 26.

Alguns autores descrevem que a prevalência de excesso de peso começa cedo, por volta dos 5-6 anos de idade, especialmente em meninas 31.

Analisando 1140 crianças com idade média de 11 anos, residentes no Chipre, foram encontradas prevalência de sobrepeso e obesidade 18,3% e 2,9% entre as meninas e, 19,0% e 6,0% entre os meninos, respectivamente, de acordo com critérios recomendados pela a IOTF (International Obesity Task Force) 32.

Os resultados de uma pesquisa realizada em San Martin de Porres, Peru, mostraram uma prevalência de sobrepeso de 9,9% e de obesidade 5,7% em meninos, e uma prevalência de sobrepeso de 9,78% e de obesidade de 5,55% em meninas. Não houve diferença estatisticamente significante entre ambos os sexos 33.

A prevalência total de sobrepeso e obesidade observada em uma população de crianças na Bahia foi de 9,3% e 4,4%, respectivamente, não havendo diferença estatisticamente significante entre os sexos e faixa etária 29.

Ao contrário do presente estudo, outras pesquisas apontaram elevadas taxas de sobrepeso e obesidade tanto em meninas quanto em meninos, sobressaindo o sexo masculino ao feminino nos dois aspectos 19,34. Já outros estudiosos descrevem maior prevalência em meninas 21.

 Os estudos apresentados no que dizem respeito à relação entre o gênero e o excesso de peso são bem diversificados, não havendo um consenso quanto ao acometimento maior de um dos sexos. No estudo em questão não houve associação significativa entre essas variáveis.

Outro aspecto relevante que merece ser destacado é a relação do excesso de peso e a faixa etária das crianças.

Ao realizar um levantamento da prevalência de excesso de peso em uma população infantil de Emilia Romagna, Itália, foram observadas altas taxas de excesso de peso entre as crianças com 6 e 9 anos de idade. Porém, foi evidente uma menor porcentagem entre as crianças que tinham 6 anos, sendo 16,5% delas com sobrepeso e 8,9% com obesidade. Já nas crianças com 9 anos as taxas foram um pouco mais elevadas, mostrando 20,6% delas com sobrepeso e 9% com obesidade 35.

Alguns autores detectaram em seu estudo maior prevalência de sobrepeso em torno dos 10 anos de idade, enquanto a obesidade mostrou-se superior em crianças com 7 anos de idade 30. Outro estudo, por sua vez, observou que quanto maior a idade, maior os valores de prevalência de sobrepeso, já a obesidade não demonstrou diferença significativa entre as idades 34.

Da mesma forma, uma investigação na Alemanha, mostrou que as percentagens de crianças com sobrepeso e obesidade aumentam com a idade 36.

Embora não tenha havido associação estatisticamente significante essa comparação é evidente também neste estudo, em que encontrou-se um aumento crescente das taxas de sobrepeso e obesidade desde os 6 anos até os 9 anos de idade, havendo um pequeno decréscimo aos 10 e 11 anos de idade. Isto pode ser explicado pela menor quantidade de crianças com 11 anos participantes da pesquisa.  

Conclusão

Conclui-se que dentre as 727 crianças avaliadas, com idade compreendida entre 6 e 11 anos de idade, houve predominância do sexo feminino (54,2%). Foram identificadas 15,1% com sobrepeso e 6,5% com obesidade. A faixa etária predominante dos escolares estudados foi entre 8-9 anos, evidenciando 40,2% da população total. Ao se relacionar os casos de excesso de peso com as variáveis sócio-demográficas pesquisadas observamos maior prevalência de sobrepeso e obesidade na faixa etária intermediária 8-9anos (9,3%), do sexo feminino (11,4%) e cursando 3º ou 4º ano fundamental (10,5%).

Vê-se que são consideráveis os casos de excesso de peso entre a população infantil estudada, com percentuais semelhantes aos de publicações nacionais e internacionais recentes, o que se apresenta como problema de saúde pública, já que o excesso de peso é um importante fator de risco para o desenvolvimento de diversas doenças, como o Diabetes Mellitus tipo 2.

Algumas limitações foram encontradas no decorrer da realização dessa pesquisa. Dentre elas, pode-se destacar as estratégias para lidar com as crianças, tornando-se difícil controlá-las para que não prejudicassem a execução do estudo.

Outra limitação encontrada foi o fato de haverem diferentes formas de classificação de sobrepeso e obesidade, tornando difícil a seleção da forma mais adequada para este estudo. Selecionou-se uma classificação proposta em um estudo realizado em diversos países, o que permite realizar comparações com a literatura e, também, por apresentar percentil específico para idade e sexo das crianças.

O presente estudo contemplou informações importantes que devem servir, não apenas para o conhecimento dessas condições, mas também para o desenvolvimento de políticas de saúde pública e a realização de estratégias de intervenção, com o intuito de combater a incidência de novos casos e orientar a população quanto à ocorrência deles.

A pesquisa trouxe grandes contribuições à medida que possibilitou reconhecer a escola como um espaço para o desenvolvimento de ações de educação em saúde e prevenção de agravos. A escola oportuniza à enfermagem um campo fértil para trabalhar a promoção da alimentação saudável, educação em saúde, prática de atividade física dentre outras atividades com vistas a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos.

Devido às inúmeras diferenças existentes entre as cidades brasileiras geradas por aspectos econômicos, geográficos, éticos, comportamentais etc, sugere-se a reprodução deste inquérito em escolas públicas e particulares de outras cidades do Ceará, bem como do Brasil, construindo-se dessa forma, um perfil estadual e/ou nacional das variáveis em foco. 

Referências

1. Oliveira CL, Fisberg M. Obesidade na infância e adolescência: uma verdadeira epidemia. Arq Bras Endocrinol Metab 2003; 47(2): 107-8.

2. World Health Organization (WHO) [home page on the Internet]. Obesity and overweight. Global strategy on diet, physical activity and health. [ cited 2009 Jun 29]. Available from: <http://www.who.int/dietphysicalactivity/publications/facts/obesity/en/>.

3. Bee H. A criança em desenvolvimento. 9 ed. Porto Alegre: Artmed; 2003.

4. Oliveira AMA, Cerqueira EMM, Souza, JS, Oliveira AC. Sobrepeso e obesidade infantil: influência de fatores biológicos e ambientais em Feira de Santana, BA. Arq Bras Endocrinol Metab 2003; 47(2): 144-50.

5. Spada PV. Obesidade infantil: aspectos emocionais e vínculo mãe/filho. Rio de Janeiro: Revinter; 2005.

6. Mendes MJFL, Alves JGB, Alves AV, Siqueira PP, Freire EFC. Associação de fatores de risco para doenças cardiovasculares em adolescentes e seus pais. Rev Bras Saúde Matern Infant 2006; 6(suppl.1): 49-54.  

7. Julia M, van Weissenbruch MM, Prawirohartono EP, Surjono A, Delemarre-van de Waal HA. Tracking for underweight, overweight and obesity from childhood to adolescence: a 5-year follow-up study in urban indonesian children. Horm Res 2008;  69(5): 301-6.

8. Silva GAPS, Balaban G, Motta MEFA. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de diferentes condições socioeconômicas. Rev Bras Saúde Matern Infant 2005; 5(1): 53-9.

9. Fiates GMR, Amboni RDMC, Teixeira E. Comportamento consumidor, hábitos alimentares e consumo de televisão por escolares de Florianópolis. Rev Nutr 2008; 21(1): 105-14.

10. Almeida GAN, Loureiro SR. Psicologia da Alimentação. In: Ricco RG, Del Ciampo LA, Almeida CAN. Puericultura-princípios e práticas: atenção integral à saúde da criança. São Paulo: Atheneu; 2000. p. 49-55.

11. Filho MB, Rissin A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad. Saúde Pública 2003; 19(suppl.1):181-91.

12. Giugliano R, Melo ALP. Diagnóstico de sobrepeso e obesidade em escolares: utilização do índice de massa corporal segundo padrão internacional. J Pediatr 2004; 80(2): 129-34.

13. Cabral PC, Melo AMC, Amado TCF et al. Avaliação antropométrica e dietética de hipertensos atendidos em ambulatório de um hospital universitário. Rev Nutr Campinas 2003; 16(1): 61-71.

14. Fernandes IT, Gallo PR, Advíncula AO. Avaliação antropométrica de pré-escolares do município de Mogi-Guaçú, São Paulo: subsídio para políticas públicas de saúde. Rev Bras Saúde Matern Infant 2006; 6(2): 217-22.

15. Hockenberry MJ, Wilson D, Winkelstein ML. Wong Fundamentos de enfermagem pediátrica. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006.

16. Cardoso MVLML, França DF, Sousa WR, Lúcio IML. Analysis of the publications about child health in journals of nursing from 2000 to 2005. Online Braz J of Nurs. 2008 [cited 2008 22-02]; 7(1). Available from:http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/j.1676-4285.2008.1168/304

17. Araujo TL, Lopes MVO, Cavalcante TF, Guedes NG, Moreira RP, Chaves ES, Silva VM. Análise de indicadores de risco para hipertensão arterial em crianças e adolescentes. Rev Esc Enferm USP 2008; 42(2): 120-6.

18. Cole TJ, Bellizzi MC, Flegal KM, Dietz WH. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. BMJ 2000; 320(7244): 1240-5.

19. Ronque VER, Cyrino ES, Dórea VR, Júnior HS, Galdi EHG, Arruda M. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares de alto nível socioeconômico em Londrina, Paraná, Brasil. Rev Nutr 2005; 18(6): 709-17.

20. Papadimitriou A, Kounadi D, Konstantinidou M, Xepapadaki P, Nicolaidou P. Prevalence of obesity in elementary schoolchildren living in Northeast Attica, Greece. Obesity 2006; 14(7): 1113-17.

21. Troncon JK, Gomes JG, Guerra-Júnior G, Lalli CA. Prevalência de obesidade em crianças de uma escola pública e de um ambulatório geral de pediatria de hospital universitário. Rev Paul Pediatr 2007; 25(4): 305-10.

22. Hernández B, Cuevas-Nasu L, Shamah-Levy T, Monterrubio E, Ramírez-Silva C, García-Feregrino R, et al. Factors associated with overweight and obesity in mexican school – age children: results from the National Nutrition Survey 1999. Salud Pública Méx 2003; 45 (Suppl. 4):551-7.

23. Rivera MF. Obesidad en condiciones de pobreza: estudio epidemiológico en escolares de escuelas públicas de Tegucigalpa, Honduras, 2000. Rev méd hondur 2005; 73(1):10-14.

24. Galloway T. Obesity rates among rural Ontario schoolchildren. Can J Public Health 2006; 97(5): 353-6.

25. Senbanjo IO, Adejuyigbe EA. Prevalence of overweight and obesity in nigerian preschool children. Nutr Health 2007; 18(4): 391-9.

26. Neves OMD, Brasil ALD, Brasil LMBF, Taddei JAAC. Antropometria de escolares ao ingresso no ensino fundamental na cidade de Belém, Pará, 2001. Rev Bras Saúde Matern Infant 2006; 6(1): 39-46.

27. Brasil LMP, Fisberg M, Maranhão HS. Excesso de peso de escolares em região do nordeste brasileiro: contraste entre as redes de ensino pública e privada. Rev Bras Saúde Matern Infant 2007; 7(4): 405-12.

28. Mondini L, Levy RB, Saldiva SRDM, Venâncio SI, Aguiar já, Stefanini MLR. Prevalência de sobrepeso e fatores associados em crianças ingressantes no ensino fundamental em um município da região metropolitana de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública 2007; 23(8):1825-34.

29. Oliveira AMA, Cerqueira EMM, Oliveira AC. Prevalência de sobrepeso e obesidade infantil na cidade de Feira de Santana-BA: detecção na família x diagnóstico clínico. J Pediatr 2003;79(4):325-8.

30. Costa RF, Cintra IP, Fisberg M. Prevalência de Sobrepeso e Obesidade em Escolares da Cidade de Santos, SP. Arq Bras Endocrinol Metab 2006; 50(1):60-7.

31. Al-Shammari SA, Khoja T, Gad A. Communitybased study of obesity among children and adults in Ry adh, Saudi Arabia. Food Nutr Bull 2001; 22:178-83.

32. Lazarou C, Panagiotakos DB, Panayiotou G, Matalas AL. Overweight and obesity in preadolescent children and their parents in Cyprus: prevalence and associated socio-demographic factors - the CYKIDS study. Obes Rev 2008; 9(3): 185-93.

33. Tejada FKL, Morales EC. Distribución del indice de masa corporal (IMC) y prevalencia de obesidad primaria en niños pre-púberes de 6 a 10 años de edad en el distrito de San Martín de porres – Lima. Rev méd hered 2003; 14(3): 107-10.

34. Soar C, Vasconcelos FAG, Assis MAA. Grosseman S, Luna MEP. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares de uma escola pública de Florianópolis, Santa Catarina. Rev Bras Saúde Matern Infant 2004; 4(4): 391-97.

35. Albertini A, Tripodi A, Fabbri A, Mattioli M, Cavrini G, Cecchetti R, Dalle Donne E, et al. Prevalence of obesity in 6- and 9-year-old children living in Central-North Italy. Analysis of determinants and indicators of risk of overweight. Obes Rev 2008; 9(1):4-10.

36. Sanna E, Soro MR, Calò C. Overweight and obesity prevalence in urban sardinian children. Anthropol Anz 2006; 64(3):333-44.

NOTA: Parte da Dissertação “Fatores de risco para diabetes mellitus tipo 2 em crianças de escolas públicas de Fortaleza-CE”. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. 2009. Fortaleza.

Contribuição dos autores: Concepção e desenho: Marta Maria Coelho Damasceno e Suyanne Freire de Macêdo; Análise e interpretação: Marta Maria Coelho Damasceno, Suyanne Freire de Macêdo, Adman Câmara Soares Lima e Márcio Flávio Moura de Araújo; Escrita do artigo: Suyanne Freire de Macêdo, Adman Câmara Soares Lima, Ana Karine Girão Lima e Márcio Flávio Moura de Araújo; Revisão crítica do artigo: Marta Maria Coelho Damasceno, Suyanne Freire de Macêdo e Hérica Cristina Alves de Vasconcelos; Aprovação final do artigo: Marta Maria Coelho Damasceno, Suyanne Freire de Macêdo, Márcio Flávio Moura de Araújo, e Hérica Cristina Alves de Vasconcelos; Coleta de dados: Suyanne Freire de Macêdo, Hérica Cristina Alves de Vasconcelos, Ana Karine Girão Lima e Adman Câmara Soares Lima; Provisão de pacientes, materiais ou recursos: Marta Maria Coelho Damasceno e Suyanne Freire de Macêdo; Pesquisa bibliográfica: Hérica Cristina Alves de Vasconcelos, Suyanne Freire de Macêdo, Márcio Flávio Moura de Araújo, Adman Câmara Soares Lima e Ana Karine Girão Lima. Suporte administrativo, logístico e técnico: Universidade Federal do Ceará e CNPq

Endereço para correspondência: Avenida Senador Virgílio Távora, 1900, apartamento 401, Aldeota. Fortaleza-CE. CEP: 60.170-251

Editor´s Note:

You can interact with the authors and OBJN´s subscribers. Post a comment about this article related to:

- new insights or information about the theme (disease, procedure, drug, charting, patient safety, legal issues, ethical dilemmas, etc)

- nursing actions or registered nurse' roles.

- implications for the Registered Nurse (nursing diagnosis, interventions, and outcomes or procedures related to the client/family/community care) or to the Executive Nurse.

We all be thankful for your contribution!