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Isabel Cruz, RN, PhD. OBJN Editor |
picture by Paulinho Ganaê |
Isabel CF da Cruz*
* Editora do Online Brazilian Journal of Nursing; UFF, RJ, Brazil.
Abstract: PROBLEM: the authors fail to write a manuscript in a way that is accessible to readers of a general journal. OBJECTIVE: Point out that scientific manuscripts published by OBJN must follow the IMRaD style (introduction, methods, results and discussion) or DMPAEP and should have a structured abstract and a structured discussion. METHOD: Fast class about writing a manuscript. CONCLUSION: The OBJN argues for including "writing for publication" as subject of the research methodology nursing discipline.
Keywords: research; authorship; nursing
Resumo: PROBLEMA: a dificuldade de autores em redigir manuscritos que sejam de interesse para os leitores dos periódicos científicos. OBJETIVO: apresentar a estrutura recomendada para publicação de manuscritos no OBJN, seguindo o estilo IMRaD ou DMPAEP. MÉTODO: curso rápido sobre redação científica. CONCLUSÃO: O OBJN solicita a inclusão do tema "escrever para publicar em periódico científico" nas disciplinas sobre metodologia da pesquisa em enfermagem.
Palavras-chave: pesquisa; autoria; enfermagem
Breve descrição do contexto
A publicação do seu manuscrito em um periódico científico é uma etapa inerente ao processo de pesquisa e uma comunicação direta com os profissionais e leitores interessados no seu tema. Portanto, a mesma atenção que é dada à elaboração do projeto e à análise e discussão dos dados, deve também ser reservada à organização do manuscrito visando sua publicação em periódico científico de modo que ele tenha o mais alto impacto possível, isto é, que seja lido e citado por algumas centenas de pesquisadores, assim como utilizado como referência pelas enfermeiras no cuidado cotidiano dos pacientes.
Descrição do problema
Recentemente, divulguei na lista de emails do OBJN um artigo[1] no qual a editora revelava que a principal queixa de editores e revisores é sobre os manuscritos mal escritos, razão da maior parte da recusa em publicar. Ela todavia reconhece que os periódicos também são vagos quanto a orientação sobre a redação científica.
Também no OBJN a grande maioria dos manuscritos recusados não atende às normas editoriais. Assim, para reduzir o número de manuscritos rejeitados pelo OBJN devido à forma precária ou inadequada de redação, resolvi dar este curso rápido como o propósito de ajudar você, autor(a), na elaboração de diversos tipos de manuscrito(s) científico(s) e orientar quanto ao processo de publicação no Online Brazilian Journal of Nursing.
Medidas-chave para a mudança (ou melhoria)
A primeira medida-chave para a mudança na redação de um manuscrito científico é pensar no(a) leitor(a) desse manuscrito.
O OBJN tem como meta fundamentar o cuidado de enfermagem baseado em evidência científica.
O OBJN quer falar prioritária e preferencialmente para a enfermeira que cuida diretamente do cliente.
Para quem você, autor(a), quer falar? Sem ter a consciência sobre a interlocução não teremos um grande avanço na redação científica.
Além de pensar na interlocução, não se pode prescindir de uma forma e um estilo.
O artigo científico bem redigido deveria seguir a fórmula clássica IMRD, ou seja, Introdução, Métodos, Resultados e Discussão.
Todavia, eu concordo com Cassiani[2], quando indica que essa estrutura (IMRD) nem sempre é adequada para alguns textos ou outras experiências. Tanto concordo que sempre que possível utilizo a estrutura de texto (DMPAEP) que ela cita a partir do editorial da Revista Quality in Health Care, de 1999, vol. 8. A saber:
. Descrição do problema . Medidas chaves para a mudança (ou melhoria) . Processo de obter dados . Análise e interpretação . Estratégias para mudanças . Próximos passos |
Portanto, conforme a seção do periódico, há tanto o clássico IMRD quanto o moderno DMPAEP, para você utilizar como estrutura de seu manuscrito científico.
Além disso, para fechar o manuscrito com chave de ouro, o British Medical Journal sugere (e o OBJN endossa) que o(a) autor(a) redija no final do manuscrito, em destaque, o seguinte quadro ou seção:
“What this paper adds” / “O que este
estudo acrescenta ou traz de novo...” |
Cabe a você autor(a) mostrar explicitamente com o que especificamente o seu manuscrito contribui para a ciência de enfermagem sobre o tema e para o(a) leitor(a) (que talvez não leia o artigo todo). Não vale dizer apenas que “é importante...”
E por falar em não ler o artigo todo, o manuscrito deve ter uma estrutura de parágrafos enxutíssima.
Seção |
Número de parágrafos recomendados |
Introdução |
1 para “O que se procura” |
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1 para “O que trata o artigo” |
Metodologia |
1 para “Local, população” |
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1 para “Métodos estatísticos para definição da amostra” |
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1 para variáveis do estudo |
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1 para instrumento de coleta de dados e métodos de validação |
|
1 para aspectos éticos |
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1 para forma da coleta dos dados |
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1 para forma de tratamento (método estatístico) e apresentação dos resultados |
Resultados |
7 parágrafos no máximo |
Discussão |
3 parágrafos para o que foi encontrado |
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1 para “Limitações” |
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1 para “Potenciais” |
Conclusão |
1 para a avaliação do alcance dos objetivos ou resposta à questão norteadora ou confirmação/refutação da hipótese |
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1 para “Implicações futuras” |
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1 para “Qual é a mensagem” ou “O que este estudo acrescenta ou traz de novo...” |
Total |
24 parágrafos |
Estratégias para mudança
A primeira estratégia para mudança é reconhecer que é preciso mudar! Reconhecer que artigos longos e herméticos não são absolutamente científicos. A verdade da ciência e uma ciência de verdade são simples e objetivas.
Comece observando com atenção a norma para os autores do periódico para o qual você deseja submeter seu manuscrito. Vale também estudar as normas de Vancouver sobre formatação do manuscrito e das referências.
Em seguida, planeje o texto do manuscrito! Escreva para si própria (o) uma pequena sinopse com base em um dos modelos apresentados e, então, a desenvolva.
Escreva como se conversasse diretamente com a (o) outra (o) enfermeira (o). E lembre-se que escrever várias vezes é o normal.
Verifique se o texto final está de acordo com as normas gramaticais, ortográficas e para publicação conforme o periódico. Não se esqueça de verificar a parte discursiva, a fluidez do texto, sua estrutura (sequência lógica), título, subtítulos, numeração das páginas e tamanho do texto (o tamanho varia conforme a seção), assim como a precisão, conteúdo e apresentação de tabelas e gráficos. É fundamental que as referências corretas e completas para não vir a ser processado por plágio.
Antes de dar por encerrada a tarefa de redação, faça a leitura do texto em voz alta ou peça a um colega bastante crítico para ler e opinar sobre o texto para você. Não tema as críticas negativas. São elas que mais ajudam no seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Próximos passos
Uma vez redigido o manuscrito, o próximo passo para o autor é submetê-lo ao periódico previamente selecionado e acompanhar de perto o processo editorial. No que se refere a este curso rápido sobre redação científica, o próximo passo é pedir aos professores de todas as disciplinas de enfermagem, de graduação e pós-graduação, em especial, aos que ministram metodologia da pesquisa, que, pelo amor de Deus!, incluam a etapa “publicação em periódico científico” no continuum projeto-relatório de pesquisa.
O Online Brazilian Journal of Nursing antecipadamente agradece o empenho de todos e todas que desejam promover a qualidade e a quantidade das publicações em enfermagem, visando principalmente fundamentar o cuidado ao paciente/cliente baseado em evidências científicas.
“O que este estudo acrescenta ou traz de novo...” - sugestão de uma estrutura de texto para o manuscrito científico (IMRD ou DMPAEP) e número máximo de parágrafos (24) - inclusão do ensino sobre “publicação em periódico” nas disciplinas de enfermagem |
Referências
[1] Pierson, C Avoid Rejection: Write for the Audience and the Journal. Nurse Author & Editor 2009; 19(2). Available at http://www.nurseauthoreditor.com/article.asp?id=123
[2] Cassiani, SHB Uma nova estrutura para a redação de artigos científicos e teses de doutoramento Informativo Latino-Americano de Enfermagem http://www.eerp.usp.br/ilaenf/42/p/index.html, julho2002. Acesso em 26/04/2003
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