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Parturient´s companion and their relationship with the nursing team: a qualitative study

 Acompanhante da parturiente e sua relação com equipe de enfermagem: um estudo qualitativo

Renata Kelly Castro Soares1, Sabrina Ferreira da Silva1, Paula Renata Amorim Lessa1, Escolástica Rejane Ferreira Moura1, Patrícia Neyva da Costa Pinheiro1, Ana Kelve de Castro Damasceno1 

1 Universidade Federal do Ceará, CE, Brasil 

Abstract: The participation of the parturient´s companion of choice during the birth process was pointed as one of the factors that contribute for a humanized childbirth. The aim of this study was to identify the nursing team’s perceptions regarding the presence of the companion during childbirth. This descriptive qualitative research was carried through the months of May and June of 2008 with 15 members of the nursing team who give assistance to women in labor in a maternity of reference in Fortaleza. The data was collected from interviews, free observations and standards and routines of the institution and analyzed according to Bardin’s method. Although the lack of a previous preparation of the companion was the main difficulty pointed out, the interviews revealed a good acceptance of these companions from the nursing team’s behalf. There are evidence of the benefits that the companions’ presence are decisive to the humanized birth assistance, so it must be pointed out that individual resistance attitudes towards the companions presence need to be overcomed in order to achieve success in this assistencial proposal.

Keywords: Childbirth; Obstetrics; Women’s Health  

Resumo: A participação do acompanhante de escolha da parturiente no processo de parir foi apontada pelo Ministério da Saúde como um dos fatores que contribuem para a humanização do parto. Assim, objetivou-se identificar a percepção da equipe de enfermagem que presta assistência à parturiente acerca da presença do acompanhante durante o trabalho de parto e parto. Pesquisa descritiva e qualitativa realizada entre maio e junho de 2008 com 15 membros da equipe de enfermagem em uma maternidade de referência de Fortaleza. Os dados foram obtidos a partir de entrevistas, observação livre e consulta às normas e rotinas da instituição e analisados segundo o método de análise de conteúdo de Bardin. As entrevistas expressaram que há boa aceitação do acompanhante pela equipe de enfermagem, sendo as maiores dificuldades encontradas àquelas relacionadas à falta de preparação prévia desse acompanhante. Ressalta-se que atitudes isoladas de resistência à presença do acompanhante precisam ser superadas para que haja sucesso nessa proposta assistencial, visto que as evidências dos benefícios da presença do acompanhante são decisivas à humanização da assistência ao parto.

Palavras-chaves: Parto; Obstetrícia; Saúde da Mulher 

 INTRODUÇÃO

Até meados do século XX, no Brasil, as mulheres pariam em seus ambientes domiciliares com a ajuda de outras mulheres, sendo os índices de mortalidade materna e infantil elevados. A assistência à gestante nos serviços públicos de saúde foi por muitos anos, orientada principalmente pela melhoria dos indicadores de saúde infantil.1 No entanto, o cenário do nascimento transformou-se de um processo fisiológico para um processo patológico, tornando-se desconhecido e amedrontador para as mulheres, pois no ambiente hospitalar as mesmas começaram a ter uma postura mais passiva e menos autônoma com relação ao processo de parturição.

Essa transformação de algo fisiológico para algo patológico favoreceu a medicalização do parto e o abuso tecnológico, em que a evolução da prática obstétrica em conjunto com os progressos científicos cooperou para a despersonalização do corpo feminino, culminando com a perda da autonomia da mulher diante do parto.2

Esse contexto mostrou-se inadequado ao atendimento das necessidades das mulheres no tocante à vivência da parturição, pois o parto assumiu a forma de doença. Apesar dos benefícios da institucionalização, o parto tornou-se técnico, impessoal, com pouca ou nenhuma afetividade, excluindo a participação da família e tornando esse momento singular em uma experiência sofrida, na qual a mulher passou de sujeito a objeto do processo de nascimento.3, 4

Percebendo que essa mudança de valorização do potencial feminino em detrimento a procedimentos tecnicistas durante o trabalho de parto e parto refletia uma má assistência à parturiente, o Ministério da Saúde (MS), lançou em junho de 2000, o Programa de Humanização do Pré-Natal e do Nascimento (PHPN), como novo modelo de atenção à mulher, no ciclo gravídico-puerperal no Sistema Único de Saúde (SUS). Com o PHPN criou-se um conjunto de portarias que contempla práticas assistenciais baseadas em critérios científicos e que respeitam a autonomia da mulher, compreendendo o parto como um momento único da sua vida, visando à assistência humanizada.5

No contexto da humanização, espera-se que a atuação do profissional de saúde respeite os aspectos fisiológicos do parto, não intervenha desnecessariamente, reconheça os aspectos sociais e culturais deste evento e ofereça suporte emocional à mulher e sua família, facilitando a formação dos laços afetivos familiares e o vínculo mãe-bebê. Humanizar o parto não significa fazer ou não o parto normal, realizar ou não procedimentos intervencionistas, mas sim tornar a mulher protagonista desse evento, de modo seguro.6

Percebeu-se com isso, que a mudança no modelo assistencial do parto com a implantação da política de humanização depende basicamente do trabalho da enfermeira, a quem foi lançada tamanha responsabilidade. A enfermeira, tendo uma visão holística da assistência, é uma profissional com perfil para assistir ao parto eutócico e contribuir com a política de humanização do parto no país, sendo incentivadora das práticas benéficas e desestimuladoras de práticas prejudiciais ao nascimento.7

Com a institucionalização do parto, as parturientes foram afastadas de suas famílias no processo do nascimento. O ambiente hospitalar, por ser um local geralmente associado a vários procedimentos invasivos, pode intensificar o sentimento de medo do trabalho de parto, agravando a dor peculiar ao processo de parturição.

O direito mais consensualmente mencionado como uma prática humanizadora foi o de permitir que a gestante venha a ter um acompanhante de sua escolha no momento do trabalho de parto, parto e pós-parto imediato em hospitais públicos e conveniados com o Sistema Único de Saúde,fato garantido por meio da lei no 11.108 do Ministério da Saúde.8 Entretanto, a presença de um acompanhante escolhido pela parturiente é uma intervenção comportamental que mobiliza a opinião dos profissionais de saúde, por isso aqueles que prestam assistência a essas parturientes, são apontados como importantes mediadores de tornar a proposta de acompanhante na sala de parto uma realidade.9

Portanto, além da parturiente e do acompanhante, é necessário sensibilizar os profissionais de saúde que estejam envolvidos no processo do trabalho de parto e parto a repensarem o significado do nascimento a ponto de estimulá-los ao retorno do parto mais natural possível, agora com maior segurança e apoio tecnológico, mas sem perder de vista o enfoque na humanização.

Com o intuito de conhecer esse novo cenário, que se configura com a inserção do acompanhante no processo de nascimento, esse estudo teve como objetivo identificar a percepção da equipe de enfermagem que presta assistência à parturiente acerca da presença do acompanhante durante o trabalho de parto e parto.  

METODOLOGIA

Estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizado no Centro de Parto Humanizado da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC) de Fortaleza-CE, de maio a junho de 2008.

Participaram 15 profissionais de enfermagem da instituição que atuavam diretamente durante o trabalho de parto e parto, sendo quatro enfermeiras obstetras, oito técnicas e três auxiliares de enfermagem. O tamanho da amostra foi estabelecido durante a coleta de dados pelo critério de saturação, ou seja, quando os dados se tornam repetitivos, pode-se considerar a amostra suficiente.10

A coleta de dados foi realizada por meio de observação livre, entrevistas semi-estruturadas e consultas às normas e rotinas da instituição. Os dados referentes à observação livre foram registrados em diário de campo. As entrevistas seguiram um formulário semi-estruturado e foram realizadas no horário e local de preferência do colaborador, sendo as respostas gravadas e transcritas na íntegra. Já os dados provenientes das normas e rotinas foram citados na discussão, dando fundamentação e explicação aos eventos abordados. 

Os dados obtidos foram organizados segundo a Técnica de Análise Categorial da Análise de Conteúdo de Bardin, seguindo as etapas de pré-análise, exploração do material e interpretação.11

Na pré-análise os dados foram organizados pelo uso da lógica, da intuição e do conhecimento das autoras sobre o conteúdo, objetivando sistematizar as idéias iniciais por meio de leituras repetidas e identificação dos pontos semelhantes e divergentes, agrupando os dados em categorias oriundas de sentimentos e percepções dos sujeitos. Na etapa de exploração do material realizou-se a codificação e enumeração dos sujeitos. Para facilitar a contagem dos eventos, as entrevistas foram numeradas e os sujeitos codificados por nomes fictícios. Assim, os resultados foram apresentados em três categorias: implantação do programa de acompanhamento; impacto da presença do acompanhante na rotina de trabalho e preparação do acompanhante para o parto.

O estudo obteve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da referida maternidade conforme protocolo no. 032/08. Os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, tiveram o anonimato e o sigilo garantidos e foram seguidos as demais recomendações da Resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que trata de pesquisas envolvendo seres humanos.12 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No contexto observado, percebeu-se que a filosofia de trabalho da instituição baseia-se na humanização do parto, promovendo à parturiente uma condição mais segura possível, estimulando o  parto normal, garantindo a presença do acompanhante de escolha da parturiente na sala de parto.

Da equipe de enfermagem envolvida no cuidado, de acordo com as 15 entrevistadas na pesquisa, 8  afirmaram ter feito algum curso na área de Obstetrícia, incluindo humanização do parto. Ressalta-se que os participantes apresentaram, em média, nove anos de atuação na área obstétrica, sendo este um fator a ser considerado na condução do cuidado de enfermagem, devendo o profissional passar por uma aprendizagem e uma adaptação para essa nova modalidade de assistência à parturiente na presença do acompanhante.

Implantação do programa de acompanhante

Essa categoria revela a reação da equipe de enfermagem à inserção do acompanhante de escolha da parturiente na sala de parto. A maioria reconhece os benefícios da presença do acompanhante para a parturiente, citando-o como fonte segura de suporte emocional, de modo a facilitar o trabalho de parto.

“Eu achei que foi uma boa, porque elas [as parturientes] se sentem mais seguras com alguém perto delas...” (Abnora)

 “... às vezes até o trabalho de parto fica facilitado.” (Adameire)

Estudo realizado com mulheres durante o trabalho de parto e parto em instituições da região Sul do Brasil, percebeu-se que, se a mulher sentir-se cuidada e confortada, esta experiência poderá ser menos traumática.13  E isto é explicado no mesmo estudo, porque se observou nas falas das mulheres que elas não temem apenas a dor do parto, mas também, sentem medo em relação aos cuidados que receberão, tendo em vista os freqüentes relatos apresentados nos meios de comunicação sobre os atendimentos impessoais e distantes em serviços públicos de saúde .

Os depoimentos confirmam que a equipe de enfermagem percebe que o apoio físico, empático e contínuo durante o trabalho de parto beneficia as parturientes.

Outro aspecto reconhecido como benefício pela equipe de enfermagem foi que a presença do acompanhante resgata o momento do parto como um evento familiar.

“A presença do acompanhante se torna uma âncora com sua vida familiar (...) é muito importante porque a pessoa dentro do hospital fica descaracterizada.” (Abigail)

O acompanhante, por ser uma pessoa da escolha da parturiente, representa um laço com seu ambiente domiciliar, tornando-se uma presença reconfortante, de contato físico, para dividir o medo e a ansiedade, para estimular positivamente a parturiente nos momentos difíceis. 14

A participação do acompanhante no processo de parir pode ser apontada como componente que caracteriza humanização do parto, tornando-o um ato mais natural que patológico, ao contrário de como vem se configurando nos últimos tempos.

Alguns profissionais manifestaram uma postura receosa no início do projeto de inserção do acompanhante no centro de parto:

“A princípio tive muito temor de tanto as pessoas falarem. O acompanhante era um bicho-papão.” (Anice)

Isto pode ser justificado por não ter havido um treinamento para a equipe acerca da presença do acompanhante, gerando medo e ansiedade relacionados à incerteza e preocupações relativas à observação de como estão sendo ofertados os cuidados às parturientes. Estudo qualitativo realizado em uma maternidade em Campinas (SP) com o objetivo de descrever a percepção de profissionais de saúde sobre assistência à parturiente na presença do acompanhante por ela escolhido, e a percepção dos acompanhantes sobre essa mesma experiência, também constatou que os profissionais de saúde apresentaram rejeição inicial, preconceito e medo dos possíveis questionamentos do acompanhante sobre a conduta profissional.15

Um estudo semelhante desenvolvido em um centro obstétrico de um hospital público do Município de São Paulo que objetivou compreender o significado dado pelos profissionais de saúde ao trabalho de parto e parto humanizado enfocou a necessidade de superação das crenças, valores e pré-conceitos que prejudicam a implantação de práticas benéficas para o processo do nascimento e parto, sendo estas etapas fundamentais para uma assistência obstétrica adequada, sob os pontos de vista técnicos e humanísticos.16

Em alguns outros relatos, essa resistência à presença do acompanhante, pareceu ter surgido com maior intensidade na categoria médica, fato confirmado pelo depoimento a seguir:

 “Quem tem mais resistência são os obstetras plantonistas.” (Arabi)

Os profissionais da equipe médica podem se sentir desconfortáveis diante do acompanhante visto que, em sua maioria, são os responsáveis pelo maior número de procedimentos invasivos, tais como: toque, episiotomia e manobra de Kristeller, expressão do fundo do útero na fase expulsiva do parto, gerando uma expectativa de como esse acompanhante interpreta essas ações.

Impacto da presença do acompanhante na rotina de trabalho

A influência, a modificação ou a interferência da presença do acompanhante, bem como as alterações da dinâmica de trabalho da equipe são apresentadas nessa categoria.

 No relato a seguir os participantes trazem benefícios da presença dos acompanhantes.

“Melhorou porque são muitas salas. Aí, quando tem um parto, eles [os acompanhantes] chamam. Porque quando tem três parindo de uma vez, não posso estar no mesmo lugar ao mesmo tempo, aí eles chamam e eu corro.” (Aricléia)

De acordo com o que foi citado, percebe-se que a equipe de enfermagem, principalmente as técnicas e as auxiliares, ganham a colaboração da presença do acompanhante no que diz respeito à vigilância das necessidades das pacientes. Este aspecto também foi registrado em um hospital público de São Paulo, no qual se observou que a presença contínua do acompanhante junto à parturiente, possibilitou a detecção rápida de problemas e o atendimento das demandas por cuidados com prontidão, proporcionando segurança tanto para as parturientes quanto para os profissionais.17

 Em outros depoimentos foram encontradas dificuldades que surgem com a presença do acompanhante:

“Às vezes faz atrapalhar porque as mulheres ficam muito dengosas.” (Adália)

 “Tem acompanhante que quer se meter no serviço da gente.” (Agnes)

O relato de Adália, com relação a deixar a parturiente “dengosa”, coincide com o mesmo aspecto observado em outro estudo realizado em uma maternidade do interior do Estado de São Paulo que objetivou identificar a percepção das enfermeiras obstétricas sobre a humanização da assistência ao parto. Nesse estudo foi observado que os profissionais ainda esperam da parturiente um comportamento que julgam como adequado, de passividade e aceitação das circunstâncias inerentes ao modelo de assistência centrado na conveniência do profissional e da instituição, e não nas necessidades da mulher.2

Em alguns momentos, também se observou o próprio acompanhante evocando da parturiente expectativas idealizadas, repreendendo-a e ameaçando-a que se a mesma não assumir “comportamentos esperados” pela equipe de saúde poderá ser repreendida ou ignorada. Em alguns outros depoimentos a presença do acompanhante no cenário do parto provocou mudanças na postura dos profissionais frente à parturiente e a assistência.

“... influencia no que diz respeito ao trato (...) a presença do acompanhante exige que você converse mais (...) nesse momento a humanização fica muito favorecida...”. (Abigail)

Preparação do acompanhante

Como a equipe de enfermagem avalia o desempenho e o preparo do acompanhante no cenário do parto está descrita nessa categoria.

Segundo as entrevistadas, não há preparação prévia do acompanhante para desempenhar o seu papel na sala de parto, aspecto enfatizado na fala abaixo:

“Os acompanhantes não são preparados para ser acompanhantes.” (Ânima)

Com base na observação e no relato acima, os acompanhantes não estão sendo orientados e preparados previamente para exercer a função, parece pouco compreender o trabalho de parto em si, bem como o suporte emocional que devem oferecer, visto que se sentem desarticulados em um ambiente desconhecido. Assim, o acompanhante também necessita de apoio e da colaboração dos profissionais de saúde na condução adequada do suporte à mulher.18

A presença de um acompanhante por si só não é considerada sinônimo de suporte, para tanto é preciso dar condições para realização dessa atividade.19 É necessário que a equipe convide o acompanhante a se envolver de forma ativa no processo de parturição e não se torne apenas um espectador “assustado”, do parto.

Algumas entrevistadas citam a necessidade de uma pessoa específica para esse treinamento do acompanhante.

 “Não tem pessoa que faça orientação, lógico que é um caso ou outro, porque está todo mundo em procedimento. Quem é que vai orientar o acompanhante?” (Anice)

Percebe-se pelas falas que a equipe de enfermagem não reconhece como sua, a responsabilidade pela orientação e treinamento do acompanhante, embora a faça na prática. Isto contradiz as expectativas da literatura existente, incluindo o próprio Ministério da Saúde, que aposta na enfermagem para o sucesso da inserção do acompanhante na sala de parto e consequentemente da humanização do parto.7

Em alguns outros relatos a equipe cita que esse treinamento deve se iniciar no pré-natal:

“Acho que o acompanhante deveria acompanhar desde o pré-natal, a enfermeira devia aproveitar e orientar a pessoa que ia acompanhar o parto.” (Adameire)

Por meio do relato, constata-se que a sala de parto, por ser o local do desfecho da gestação, vivencia as lacunas da baixa qualidade da assistência pré-natal, principalmente no que diz respeito às atividades de educação em saúde, pois se acredita que o processo de acompanhamento desde o pré-natal pode proporcionar maior familiaridade do acompanhante com o ambiente de assistência e a equipe profissional.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo geral, no conjunto das percepções, evidenciou-se aceitação do acompanhante pela equipe de enfermagem, mesmo sem ter havido uma preparação dos profissionais para lidar com esse novo personagem no cotidiano da assistência ao parto.

A equipe de enfermagem possui papel decisivo no processo de mudança de paradigma na assistência obstétrica, visto que são os profissionais que mais se envolvem e se relacionam com a parturiente. É preciso então, que a equipe de enfermagem desenvolva, amparada por instrumentos pertinentes e educação permanente, um modo de cuidar próprio, caracterizando-o como uma prática autônoma e consciente do seu papel como agente de mudança.

Ressalta-se que atitudes isoladas de resistência à presença do acompanhante precisam ser superadas para que haja sucesso nessa proposta assistencial, visto que as evidências dos benefícios da presença do acompanhante são decisivas à humanização da assistência ao parto.

Espera-se que a presença do acompanhante na sala de parto possa estimular e subsidiar a implantação do programa em outras maternidades, abrindo possibilidades para que mais parturientes, independente de sua situação socioeconômica e cultural, tenham o apoio de uma pessoa de sua escolha durante todo o processo de nascimento. 

REFERÊNCIAS  

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8.              Ministério da Saúde (BR). Lei Nº 11.108, 7 de Abril de 2005 DOU de 8/4/2005, capítulo VII. Do subsistema de acompanhamento durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, 2005. 3p.

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Contribuição dos autores: Concepção e desenho: Renata Kelly Soares de Castro, Sabrina Ferreira da Silva e Ana Kelve de Castro Damasceno.Análise e interpretação: Renata Kelly Soares de Castro, Paula Renata Amorim Lessa, Sabrina Ferreira da Silva, Patrícia Neyva da Costa Pinheiro, Escolástica Rejane Ferreira Moura e Ana Kelve de Castro Damasceno.Escrita do artigo/Revisão crítica do artigo/Aprovação final do artigo: Renata Kelly Soares de Castro, Paula Renata Amorim Lessa, Sabrina Ferreira da Silva, Patrícia Neyva da Costa Pinheiro, Escolástica Rejane Ferreira Moura e Ana Kelve de Castro Damasceno. Coleta de dados: Renata Kelly Soares de Castro. Pesquisa bibliográfica: Renata Kelly Soares de Castro, Paula Renata Amorim Lessa, Sabrina Ferreira da Silva, Patrícia Neyva da Costa Pinheiro, Escolástica Rejane Ferreira Moura e Ana Kelve de Castro Damasceno.