Online braz j nurs

Patient satisfaction in the postoperative of fracture as nursing care: descriptive study.

 Satisfação de pacientes no pós-operatório de fratura quanto aos cuidados de enfermagem: estudo descritivo.

 Satisfacción de los pacientes en el postoperatorio de fractura como la atención de enfermería: estudio descriptivo.

 Rosângela Marion da Silva 1, Carmem Lúcia Colomé Beck 1, Luis Felipe Dias Lopes 1, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago 1, Francine Cassol Prestes 1, Juliana Petri Tavares 1 

1 Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil. 

Abstract: The assessment of care from the perspective of patients provides information to evaluate the care given and enables the identification of factors that are involved, as well as work in the search for quality. It was an exploratory and descriptive field research, with a quantitative approach which aimed to identify patients’ satisfaction in the postoperative of fracture on the care provided by nursing staff. The evaluation was conducted with 22 patients in the period from September to November 2009. The Instrument of Patients’ Satisfaction was used as a technique for data collection and the data were analyzed using simple descriptive statistics with the support of the Statistical Analysis System tool. It was identified the fact that patients feel more satisfied with the trust domain, followed by professional and educational domains. These data lead to reflection, since the patients visualize as less satisfactory the skills of the nursing staff in providing information to the patient for care follow-up.

Keywords: Patient satisfaction; Health services evaluation; Nursing care. 

Resumo: A avaliação dos cuidados na perspectiva dos pacientes fornece subsídios para avaliar o atendimento oferecido e possibilita identificar fatores que estão implicados no intuito de trabalhar na busca da qualidade. Pesquisa de campo, exploratório-descritiva com abordagem quantitativa que teve como objetivo identificar a satisfação dos pacientes no pós-operatório de fratura quanto aos cuidados realizados pela equipe de enfermagem. A avaliação foi realizada com 22 pacientes, no período de setembro a novembro de 2009. Utilizou-se como técnica de coleta dos dados o Instrumento de Satisfação do Paciente e os dados foram analisados por meio da estatística descritiva simples com apoio da ferramenta Statistical Analisys System. Identificou-se que os pacientes sentem-se mais satisfeitos com o domínio confiança, seguido pelos domínios profissional e educacional. Esses dados remetem para reflexão, uma vez que os pacientes visualizam como menos satisfatórias as habilidades da equipe de enfermagem em fornecer informações ao paciente para a continuidade do cuidado.

Palavras-chave: Satisfação do paciente; Avaliação de serviços de saúde; Cuidados de enfermagem. 

Resumen: La evaluación de los cuidados en la perspectiva de los pacientes aporta  elementos para evaluar la atención ofrecida y posibilita identificar algunos factores implicados, bien como, trabajar en busca de la calidad. Investigación de campo, exploratorio-descriptiva, con un abordaje cuantitativo que tuvo como objetivo identificar la satisfacción de los pacientes en el postoperatorio de fractura con el cuidado brindado por el equipo de enfermería. La evaluación se llevó a cabo con 22 pacientes, en el periodo de septiembre a noviembre de 2009. Se utilizó como técnica de recolección de datos el Instrumento de Satisfacción del Paciente y se analizaron los datos por medio de la estadística descriptiva simple con el apoyo de la herramienta Statistical Analisys System. Los resultados indicaron que los pacientes se sienten más satisfechos con el dominio confianza, seguidos por los dominios profesional y educacional. Esos datos conducen a la reflexión, una vez que los pacientes visualizan como menos satisfactorias las habilidades del equipo de enfermería en suministrar informaciones al paciente para la continuidad del cuidado.

Palabras-clave: Satisfacción del paciente; Evaluación de servicios de salud; Atención de enfermería. 

Introdução 

A hospitalização pode desencadear sentimentos negativos no indivíduo, pois ao deparar-se com um problema de saúde, vê-se impedido de desempenhar suas atividades. A distância do convívio familiar associado ao fato de ter que permanecer, mesmo que temporariamente, em um ambiente com normas e rotinas a que não está habituado podem fazer emergir sentimentos de ansiedade. A expectativa do indivíduo em relação à hospitalização, ao tratamento e a qualidade do cuidado é fator que pode repercutir na assistência que virá a receber. 1

Na prática diária, a convivência constante e ininterrupta da equipe de enfermagem com os pacientes faz com que essa equipe seja o elo de interação com a instituição, tornando-se alvo de críticas e elogios e recebendo, às vezes, as queixas sobre os problemas relacionados à estrutura inadequada e outros serviços, como, por exemplo, a falta de roupas, de medicamentos, dentre outros aspectos. Esses problemas apontados pelos pacientes devem ser valorizados e considerados como indicadores de outros serviços, uma vez que para os pacientes é difícil a compreensão dos problemas que são relacionados exclusivamente ao processo de trabalho da enfermagem. 2

A qualidade do atendimento na área da saúde pode ser avaliada pela medida da satisfação do paciente com os cuidados prestados. Essa informação pode servir para (re) avaliar o cuidado de enfermagem, uma vez que a expectativa do paciente é ter seu problema resolvido e esse desejo é, geralmente, acompanhado pelo sentimento de satisfação tendo em vista a maneira com que recebe os cuidados.

Em se tratando de pacientes em período pós-operatório de fratura, identifica-se na prática profissional que alguns fatores podem interferir na satisfação desse paciente com relação ao cuidado recebido. Dentre eles destacam-se as suas perspectivas quanto ao tratamento, a limitação física com relativa perda da autonomia, a relação com os trabalhadores da área da saúde, o isolamento social e familiar, a adaptação ao novo ambiente, a preocupação com o retorno ao trabalho, entre outros fatores.

Identificar a satisfação do paciente sobre o cuidado recebido pela equipe de enfermagem pode tanto contribuir para o reconhecimento dos trabalhadores, quanto auxiliar na implementação de ações que visem planejar e qualificar a assistência, objeto de estudos na área da saúde.  1, 3

Este estudo tem como objetivo identificar a satisfação dos pacientes em período pós-operatório de fratura quanto aos cuidados realizados pela equipe de enfermagem. 

Metodologia 

Esta é uma pesquisa de campo, exploratória-descritiva com abordagem quantitativa. O método quantitativo tem como estratégia de pesquisa, verificar resultados por meio de objetivos previamente definidos, sendo uma das abordagens que está sendo cada vez mais utilizada, tendo em vista que a maior parte dos estudos avaliativos preocupa-se em mensurar o impacto ou efeito da intervenção. 4

Foi realizada em um Hospital Universitário do RS. Esse hospital, certificado como de ensino e caracterizado como de Porte IV, é referência de alta complexidade para 45 cidades do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Dados da instituição informam que os atendimentos prestados à comunidade são realizados em 291 leitos da Unidade de Internação e em 37 leitos da Unidade de Tratamento Intensivo, além das 53 salas de ambulatório, 11 salas para atendimento de emergência, 6 salas do Centro Cirúrgico e 2 salas do Centro Obstétrico. As unidades escolhidas para a realização da pesquisa foram o Pronto Socorro e a Unidade de Clínica Cirúrgica, que disponibilizam, juntas, 12 leitos para pacientes da especialidade traumatológica.

Os critérios de inclusão dos sujeitos foram estar no período pós-operatório da especialidade traumatológica, ter tempo de internação superior a três dias, ter idade maior de 18 anos e ter condições físicas e mentais para responder ao instrumento. Foi utilizado um relatório diário nas unidades baseado nos critérios de inclusão para identificar os pacientes.

A coleta dos dados foi realizada de setembro a novembro de 2009 por dois pesquisadores que não realizavam atividades no cenário do estudo e que foram previamente capacitados. Inicialmente os pacientes foram informados sobre os objetivos da pesquisa e orientados quanto ao direito de desistir em qualquer momento da pesquisa sem prejuízo, conforme preconizam as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos, referenciadas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. 6 Posteriormente foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, solicitado a leitura e posterior assinatura em caso de concordância com os termos expostos. A seguir foi entregue o Instrumento de Satisfação do Paciente (ISP) e estabelecido um tempo para o preenchimento e devolução.

O ISP foi traduzido, adaptado e validado à cultura brasileira e tem o objetivo de mensurar a satisfação do paciente com os cuidados de enfermagem. 5 São 25 itens agrupados em três domínios: Profissional- 7 itens, Educacional- 7 itens e Confiança- 11 itens. Esses itens estão dispostos em uma escala do tipo Likert, com cinco alternativas de respostas que varia entre “concordo totalmente” e “discordo totalmente” sendo que, quanto maior a pontuação, maior o nível de satisfação. Os pesquisados puderam optar por preencher o instrumento sozinhos ou fazê-lo com o auxílio de um dos pesquisadores. Destaca-se que cada domínio possui questões com enunciados positivos e negativos, sendo que os itens negativos permaneceram com a pontuação no sentido original, ou seja, “concordo totalmente” tem valor 1, “concordo” tem valor 2 e assim por diante até “discordo totalmente” que tem valor 5 pontos. Os itens positivos tiveram a pontuação invertida, ou seja, “concordo totalmente” assumiu valor 5.

É relevante mencionar que, para a maioria dos pacientes, é difícil distinguir o papel desempenhado pelos membros da equipe de enfermagem. Nesse sentido, o instrumento utiliza nos enunciados a denominação “enfermeiro”.

A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva simples e tabelas de frequência, com apoio da ferramenta Statistical Analisys System (SAS) versão 9.1, utilizando-se a distribuição absoluta e relativa das variáveis categóricas. Para tanto, foi elaborado um banco de dados, utilizando-se planilhas do programa Excel®. As médias dos domínios foram obtidas por meio da soma dos itens de cada domínio e a posterior divisão pelo número de itens do respectivo domínio. 5

O projeto recebeu parecer favorável do Comitê de Ética da Universidade à qual pertence o hospital sob número do processo 23081.008445/2009-27 e número do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 0133.0.243.000-09 em agosto de 2009.

 Resultados

Participaram da pesquisa 22 pacientes que correspondeu à população do estudo, sendo que 59,09% estavam internados na Unidade de Clínica Cirúrgica e 40,91% no Pronto Socorro. A maioria (81,81%) optou por preencher o instrumento sem o auxílio do pesquisador. Segue na Tabela 1 a apresentação dos dados sociodemográficos dos participantes do estudo. 

Tabela 1- Estatística descritiva das variáveis sociodemográficas. RS, Brasil. (N=22)

Dado Sociodemográficos

N

%

Sexo

 

 

Feminino

6

27,27            

Masculino

16

72,73           

Faixa etária

 

 

20 a 30

4

18,18

31 a 40

5

22,73

41 a 50

4

18,18

>51       

9

40,91

Situação conjugal

 

 

Solteiro

5

22,73

Separado/divorciado

3

13,64

Casado/companheiro

13

59,09

Viúvo

1

4,55

Filhos

 

 

Sim

18

81,82

Não

4

18,18

Hospitalização prévia

 

 

Sim

12

54,55

Não

10

 

Acidente de trabalho

 

 

Sim

11

50,00

Não

11

50,00

            A Tabela 1 permite visualizar que a maioria dos pacientes eram do sexo masculino, com predominância de pacientes com mais de 51 anos de idade (40,91%). A situação conjugal que prevaleceu entre os pacientes internados foi casado/companheiro (59,09%), com filhos (81,82%) e que já tiveram hospitalização prévia (54,55%). 

A Tabela 2 mostra a distribuição das médias de satisfação dos pacientes por domínio.  

Tabela 2 – Distribuição das médias de satisfação dos pacientes por domínio. RS, Brasil, 2009. (N=22) 

DOMÍNIO

MÉDIA

Domínio Educacional

34,43

Domínio Profissional

60, 71

Domínio Confiança

73,09

         Por meio da Tabela 2, é possível observar que o domínio confiança é aquele com o qual os pacientes consideraram-se mais satisfeitos (média de 73,09). Neste domínio, são avaliadas as características da equipe de enfermagem que permitem a interação construtiva e confortável com o paciente e aspectos da comunicação. 

Considerando-se que a escala varia de um a cinco pontos, destacam-se, a seguir, algumas situações relacionadas a esse domínio que obtiveram as maiores médias: a gente se sente à vontade para fazer perguntas ao enfermeiro (a) (4,64); o enfermeiro (a) é uma pessoa agradável de se ter por perto (4,27); o enfermeiro (a) é uma pessoa que consegue entender como eu me sinto (4,09); quando eu preciso conversar com alguém, eu posso contar meus problema ao enfermeiro (a) (3,86).

Esses dados permitem identificar que o processo de comunicação do trabalhador de enfermagem com o paciente está satisfatório e que a equipe de enfermagem interage com o paciente, o que se entende ser aspectos que contribuem para o estabelecimento da confiança. Estudo que teve como objetivo compreender o significado de cuidado para profissionais da equipe de enfermagem encontrou que a confiança entre cliente e profissional é um imperativo essencial para a consolidação do cuidado. 7

Pesquisa que objetivou verificar a percepção do familiar do paciente crítico no que se refere à comunicação adequada com a equipe de enfermagem, encontrou que os familiares consideram comunicação adequada como sendo aquela em que as informações sobre o estado do paciente acontecem nos horários da visita e são transmitidas de uma maneira simples, clara e objetiva, sem o uso de termos difíceis para a compreensão de pessoas com qualquer nível de escolaridade. 8

Autores identificaram que entre os fatores que impulsionam a necessidade de fortalecer os processos de comunicação na gerência em Enfermagem estão a maior demanda da troca de informações entre a população, os serviços e as instituições. 9

A relação saudável entre a equipe de enfermagem, o familiar e o paciente que se encontra no pós-operatório de fratura precisa ser marcada pelo respeito e confiança, pois ao estabelecer vínculo de confiança por meio da comunicação e atitudes frente ao paciente e seu familiar, a equipe de enfermagem poderá ter reconhecimento do seu trabalho, o que contribuirá para a satisfação pessoal e profissional dos trabalhadores envolvidos.

O domínio profissional foi aquele que ficou em segundo lugar no que se refere à satisfação do paciente (média de 60,71). Esse domínio avalia a competência da equipe de enfermagem para o desempenho de atividades técnicas e o conhecimento baseado nas necessidades para se completar as tarefas do cuidado de enfermagem.

 As situações que obtiveram as maiores médias incluem: o enfermeiro(a) é habilidoso ao auxiliar o médico nos procedimentos (4,36); o enfermeiro(a) realmente sabe do que está falando (4,27). No entanto, outras situações como o enfermeiro(a) faz questão de me mostrar como seguir as orientações médicas (1,36); o enfermeiro(a) dá bons conselhos (1,45); o enfermeiro(a) não faz corretamente o seu trabalho (1,77); o enfermeiro(a) está sempre muito desorganizado para aparentar calma (2,41) foram situações que apresentaram valores médios baixos, o que sugere que os pacientes estão pouco satisfeitos com o conhecimento da equipe de enfermagem e a sua competência para o desempenho de atividades técnicas.

O domínio educacional ficou em terceiro lugar (média 34,03). Ele avalia as habilidades da equipe de enfermagem em fornecer informações ao paciente e que incluem as respostas aos questionamentos dos pacientes, suas explicações sobre o cuidado e demonstração de técnicas.

Percebe-se que o domínio educacional e o domínio profissional possuem situações semelhantes, como a questão do domínio profissional sobre as orientações do enfermeiro, que apresentou baixo escore (o enfermeiro(a) faz questão de me mostrar como seguir as orientações médicas - 1,36).

 As questões do domínio educacional que apresentaram baixos escores incluem situações como: o enfermeiro(a) muitas vezes acha que você não é capaz de entender a explicação médica sobre sua doença, então ele simplesmente não se preocupa em explicar (1,41); o enfermeiro(a) explica as coisas em uma linguagem simples (1,5), é sempre fácil entender o que o enfermeiro está dizendo (1,55); eu gostaria que o enfermeiro(a) me desse mais informações sobre os resultados do meu exame (1,55); o enfermeiro(a) sempre dá explicações completas e suficientes do porquê os exames foram solicitados (1,55); o enfermeiro(a) fornece as orientações na velocidade correta (1,95).

Questões como a carência de recursos humanos de apoio e de enfermagem, tempo insuficiente para prestar cuidados de enfermagem a pacientes com diferentes exigências podem ser fatores que tenham contribuído para que os sujeitos deste estudo estejam menos satisfeitos com o domínio educacional. Esses fatores indicam que o tempo dispensado pela enfermeira com o paciente pode não estar adequado, o qual pode ser atribuído a elevada carga de trabalho dos enfermeiros, rapidez na execução das tarefas e recursos humanos insuficientes. Autores referem que a administração eficaz do tempo requer análise das características do trabalho e dos hábitos de trabalho individuais dos membros da equipe e intervenção na perspectiva positiva em relação à utilização adequada do tempo de trabalho. 10

O domínio educacional merece reflexão, uma vez que os pacientes em período pós-operatório de fratura demonstraram menos satisfação com as atividades inerentes à profissão de enfermagem que são, entre outras, realizar ações educativas e estimular a reflexão sobre o processo saúde-doença.

Educação em saúde considerada uma prática social, como um processo que contribui para a formação e desenvolvimento da consciência crítica das pessoas a respeito de seus problemas de saúde. Possibilita ao profissional desenvolver integração com e entre as pessoas ao estabelecer uma relação de confiança, principalmente no que está sendo proposto, uma vez que trabalhar com o conhecimento popular e a cultura pré-estabelecida requer cautela, persistência, paciência e motivação do profissional. 11

Conceber a educação em saúde como processo participativo e dialógico, é conceber a possibilidade de romper com a unilateralidade do conhecimento e poder utilizar a criatividade como arte que favorece o movimento rumo à qualidade de vida. Visualiza-se assim, estratégias cotidianas de educação em saúde, utilizando-se de estruturas permeadas pelo inovador, pelo criativo e, sobretudo, pelo estabelecimento de vínculos sociais onde o indivíduo tem lugar de sujeito da ação dotado de conhecimentos e de experiências que fazem e enriquecem o processo educativo. 12

Pacientes que se encontram no período pós-operatório de fratura necessitam de orientações específicas de acordo com cada tipo de cirurgia. Dentre os cuidados, almeja-se que o paciente compreenda como utilizar recursos auxiliares de deambulação tais como muleta e andador, conheça os cuidados com gesso, com o fixador externo, quais as orientações a serem seguidas pós cirurgia de quadril, dentre outras orientações. Nesse sentido, é essencial que a equipe de enfermagem esteja capacitada técnica e cientificamente para orientar esses pacientes e seus familiares, no intuito de diminuir as internações decorrentes de complicações pós-operatórias.

É importante que a equipe de enfermagem, ao abordar o paciente e seus familiares, mantenha linguagem simples e objetiva, considerando a singularidade, história de vida e necessidades de cada paciente no intuito de impossibilitar interpretações errôneas, o que se constitui barreiras na comunicação que podem ser fontes de insegurança.

Pesquisa que teve como objetivo verificar as expectativas dos pacientes soropositivos hospitalizados quanto à assistência de enfermagem encontrou, no discurso dos sujeitos como fator que provoca expectativa nos pacientes, o fato de não conhecerem o seu estado de saúde e sua doença e de não serem comunicados quanto aos resultados dos exames que realizaram durante a internação. Nesse sentido, o enfermeiro ao esclarecer os pacientes sobre o seu estado de saúde, aponta para um tratamento cuidadoso e integral, à medida que este tem maior envolvimento com o paciente por estar presente nos momentos difíceis de sua hospitalização e por incentivar a manutenção do autocuidado. 10

A informação da equipe de enfermagem, quando deficiente, pode prejudicar o tratamento do paciente, uma vez que compromete sua capacidade de apreensão das orientações e a sua replicação no domicílio. No cuidado de enfermagem é necessário considerar a cordialidade, a confiança, o preparo técnico científico e o respeito àquele que está sob seus cuidados. No entanto, há de se considerar que, atualmente, a avaliação realizada pelos usuários se encontra influenciada por diferentes situações, expectativas e antecedentes, o que dificulta a determinação de critérios específicos para sua avaliação. 13 Assim, entende-se que a avaliação da satisfação do paciente é complexa porque é subjetiva, podendo também ser influenciada pelas diversas circunstâncias em que o paciente se encontra, o que inclui seu estado físico, psicológico, espiritual e emocional.

Identificar a satisfação do paciente poderá fornecer subsídios para a avaliação do atendimento oferecido e do trabalho da equipe de enfermagem, uma vez que funciona como um feedback do serviço. Assim, é possível identificar fatores que podem comprometer este processo e delinear um planejamento orientado para a melhoria da qualidade do cuidado prestado. 

Considerações finais  

O presente estudo possibilitou identificar a satisfação dos pacientes no período pós-operatório de fratura quanto aos cuidados realizados pela equipe de enfermagem. Identificou-se a predominância de pacientes do sexo masculino, internados na Clínica Cirúrgica, casados ou com companheiro, com filhos, que já vivenciaram hospitalização prévia, sendo que a maior parcela dos pacientes estavam com mais de 51 anos de idade.

Os pacientes que estão no período pós-operatório de fratura encontram-se mais satisfeitos com o domínio confiança, se comparado aos domínios profissional e educacional. Isso nos possibilita apreender que os pacientes consideram a comunicação e a interação com a equipe de enfermagem mais efetivas, seguida pela satisfação com o conhecimento e desempenho de atividades técnicas e pelas habilidades da equipe de enfermagem em fornecer informações ao paciente para a continuidade do cuidado.

            Como limitações deste estudo podem ser citados o número de participantes do estudo, devido ao reduzido número de leitos nas unidades de internação e o prolongado tempo de internação dos pacientes por diversos motivos como substituição das cirurgias agendadas (eletivas) por cirurgias de emergência, cancelamento da cirurgia por falta de equipamentos ou complicações clínicas pós operatórias, dentre outros fatores.

Os resultados desta pesquisa fornecem subsídios para que as práticas de cuidado de enfermagem nas unidades pesquisadas sejam revistas, para que estratégias de educação permanente sejam elaboradas, e, mais ainda, estimula que outros estudos que explorem o olhar do usuário sobre a qualidade do cuidado que lhe é prestado nos serviços hospitalares sejam realizados.

Além disso, esse estudo demonstra que na orientação da equipe de enfermagem para o paciente, é necessário atuar com cordialidade, estabelecer uma relação de confiança, possuir conhecimentos e considerar a capacidade de apreensão do indivíduo para não comprometer a continuidade do tratamento no domicílio.  No entanto, a avaliação dos cuidados de enfermagem está relacionada a diversos fatores momentâneos e intrínsecos do paciente e que podem sofrer variações no decorrer de um dia, mas que precisam ser investigados. 

Referências 

1 Oliveira AML, Guirardello EB. Satisfação do paciente com os cuidados de enfermagem:comparação entre dois hospitais, Rev Esc Enferm USP. 2006; 40(1): 71-7.

 2 Carmagnani MIS, D’Innocenzo M, Labbadia LL, Grande NS, Fogliano RRF. Avaliação da satisfação do paciente atendido no Hospital São Paulo. RAS. 2008; 10(39): 61-64.

 3 Fonseca SM, Gutiérrez MGR, Adami NP. Avaliação da satisfação de pacientes oncológicos com atendimento recebido durante o tratamento antineoplásico ambulatorial. Rev Bras Enferm. 2006; 59(5): 656-60.

 4 Minayo MCS, Souza ER, Constantino P, Santos NC.  Métodos, técnicas e relações em triangulação. In: Minayo MCS, Assis SG, Souza E, editors. Avaliação por triangulação de métodos. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2005. p.71-103.

 5 Oliveira AML. Satisfação do paciente com os cuidados de enfermagem: adaptação cultural e validação do Patient Satisfaction Instrument [dissertação]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas; 2004.

 6 Conselho Nacional de Saúde (Brasil). Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa em Seres Humanos. Resolução N° 196/96, de outubro de 1996. Brasília, 1996.

 7 Baggio MA. O significado de cuidado para profissionais da equipe de enfermagem. Rev Eletr Enf [serial on the internet]. 2006; 8(1):9-16. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_1/original_01.htm.

 8 Inaba LC, Silva MJP, Telles SCR. Paciente crítico e comunicação: visão de familiares sobre sua adequação pela equipe de enfermagem. Rev esc enferm USP. 2005; 39(4): 423-429.

 9 Peres AM, Ciampone MHT. Gerência e competências gerais do enfermeiro. Texto contexto - enferm.  2006; 15(3): 492-499.

 10 Costa JP, Silva LMS, Silva MRF, Miranda KCL.Expectativas de pacientes com HIV/AIDS hospitalizados, quanto à assistência de enfermagem. Rev Bras Enferm. 2006; 59(2): 172-6.

 11 Rolim MO, Moreira TMM, Viana GRO. Course for pregnant mothers: educational action from co-responsibility standpoint. a descriptive study. Online Braz J of Nurs [serial on the Internet]. 2006 [cited 2010 Apr 10]; 5(3) Disponível em: <http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/595/140>

 12 Macêdo-de-Sousa F.Gomes-Terra M.Schmidt-Reibnitz K.Schubert-Backes V. Health education, nurses and creativity: the necessary interconnection to the educative process Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2007 August 9; [Cited 2010 September 25]; 6(2):[about ## p.]. Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/829

 

13 Zanetti ML, Otero LM, Biaggi MV, Santos MA, Péres DS, Guimarães FPM. Satisfação do paciente diabético em seguimento em um programa de educação em diabetes. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2007; 15(4): 583-589.

 

Contribuição dos autores:

Pesquisa bibliográfica: Rosângela Marion da Silva, Carmem Lúcia Colomé Beck, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Francine Cassol Prestes, Juliana Petri Tavares. Coleta dos dados: Rosângela Marion da Silva, Francine Cassol Prestes. Concepção e desenho: Rosângela Marion da Silva, Carmem Lúcia Colomé Beck, Luis Felipe Dias Lopes, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Francine Cassol Prestes, Juliana Petri Tavares. Análise e interpretação: Rosângela Marion da Silva, Carmem Lúcia Colomé Beck, Luis Felipe Dias Lopes, Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, Francine Cassol Prestes, Juliana Petri Tavares Revisão crítica do artigo  e aprovação final do artigo: Rosângela Marion da Silva, Carmem Lúcia Colomé Beck.

 

Contato: Rosângela Marion da Silva. E-mail: rosangelamarion@smail.ufsm.br