Saúde e qualidade de vida em idosos que realizam trabalho voluntário – um estudo transversal

Luccas Melo de Souza, Liana Lautert 

Resumo: Trata-se de um Estudo transversal, analítico, do tipo ex posto facto, a ser realizado com 300 idosos (250 que realizam trabalho voluntário e 50 que não o realizam), com o objetivo de investigar a qualidade de vida e a saúde de idosos que realizam trabalho voluntário, correlacionando com idosos que não realizam trabalho voluntário. Esta pesquisa constitui um Projeto de Dissertação de Mestrado vinculado à Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Palavras chave: enfermagem; idoso, qualidade de vida; depressão; trabalho; envelhecimento, trabalhadores voluntários.

 

Introdução: Atualmente, o trabalho voluntário desponta como uma forma de participação social em constante crescimento, principalmente entre jovens e idosos.  Nesses últimos, destaca-se que o voluntariado é uma prática comum, servindo como alternativa para alguns manterem-se socialmente ativos e afastarem-se da ociosidade e do preconceito social advindo com a aposentadoria. Nos Estados Unidos, bem como nos países da Europa e da Ásia, o trabalho voluntário tem sido pesquisado há algumas décadas, tanto pelos profissionais das ciências sociais quanto por médicos e enfermeiros. Alguns autores1 afirmam que para se atingir um cuidado integral, não basta estudar e entender somente o corpo do ser humano e o seu funcionamento. É preciso considerar o indivíduo e sua conformação em um espaço social que incluí suas relações humanas e afetivas. Contudo, no Brasil, pouco se pesquisou a respeito do trabalho voluntário e a sua associação com a saúde e qualidade de vida dos idosos. Frente a isso, tornam-se necessários estudos que investiguem tal correlação, a medida que os idosos constituem a parcela da população com maior crescimento percentual.

Objetivos: Avaliar a qualidade de vida de idosos que realizam trabalho voluntário e de idosos que não o realizam, utilizando o WHOQOL-bref; verificar as condições de saúde auto-percebidas de idosos que realizam trabalho voluntário e de idosos que não o realizam; descrever a classificação do estado de saúde auto-percebida de um grupo de idosos; correlacionar os escores do WHOQOL-bref de um grupo de idosos com o desenvolvimento de trabalho voluntário; correlacionar os escores da Escala de depressão geriátrica de um grupo de idosos com o desenvolvimento trabalho voluntário.

Materiais e métodos: Trata-se de um estudo transversal, analítico, do tipo ex posto facto. O estudo será desenvolvido junto à Organização Não-Governamental Parceiros Voluntários (ONGPV), na cidade de Porto Alegre. A população/amostra compreenderá duas partes. A primeira será formada por 250 idosos que realizam trabalho voluntário (Idosos Voluntários - IVs) vinculados  à ONGPV, e a segunda incluirá 50 idosos que não realizam trabalho voluntário (Idosos Não-voluntários - INVs). Para ser incluído na pesquisa, o IV deverá ter realizado trabalho voluntário, pelo menos uma vez, em algum dos trinta dias anteriores à data da entrevista. Os pesquisadores entrarão em contato com os IVs por intermédio das ONGs em que estão vinculados, conforme lista fornecida pela ONGPV. A entrevista será agendada conforme disponibilidade  de tempo e local indicado pelo entrevistado. Os 50 INVs serão escolhidos a partir da amostra de IVs, utilizando-se a sistemática: de que os IVs referência serão aqueles cujo número da entrevista, em ordem de realização, seja múltiplo de 5. Após a entrevista com cada IV referência, será solicitado a este que forneça seu endereço para que os pesquisadores possam contatar o INV. Esse deverá, obrigatoriamente,  ser do mesmo sexo do IV referência e residir próximo a este, medidas utilizadas na intenção de manter as amostras pareadas quanto ao sexo e ao nível socioeconômico. Os critérios de inclusão da amostra de INVs serão:  não exercer atividade de trabalho voluntário; aceitar participar do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; responder afirmativamente a primeira pergunta do Instrumento de Coleta de Dados - O(a) Senhor(a) sente-se com condições físicas para realizar trabalho voluntário? Serão utilizados três instrumentos para a coleta de dados junto aos idosos. O primeiro foi elaborado a partir do estudo ‘Os idosos do Rio Grande do Sul’2 e contém 40 questões que abordam variáveis demográficas, socioeconômicas, situação de saúde/doença e questões relativas ao trabalho voluntário. Os outros dois instrumentos são: o questionário WHOQOL-bref para avaliação da qualidade de vida3 (composto de 26 questões) e a versão reduzida da Escala  de Depressão Geriátrica4 (contemplando 15 perguntas). Os dados serão analisados  utilizando-se da estatística descritiva (freqüência, medidas de tendência central e de dispersão) e analítica (t de Student, Mann-Whitney, Qui-quadrado e testes de Pearson ou Spearman), utilizando-se o software SPSS. Os princípios éticos serão respeitados, conforme determina a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

 

Dados do Projeto: Projeto de Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRGS, aprovado em 27/03/2006 pela banca  de qualificação composta pelos Doutores: Eneida Rejane Rabelo, Marta Julia Marques Lopes e Sérgio Antônio Carlos. Aprovado no CEP/UFRGS em 18/05/2006 com o número 2006554. Apoio financeiro: Bolsa CAPES.

 Referências

 1 Marcon SS, Lopes M, Antunes CR, Fernandes J, Waidman MA. Famílias cuidadoras de pessoas com dependência: um estudo bibliográfica. Online Braz J Nurs [online] 2006; 5(1). Available at: http://www.uff.br/objnursing/viwarticle.php?id=216 .

 2 Rio Grande do Sul. Conselho Estadual do Idoso. Os idosos do Rio Grande do Sul: estudo multidimensional de suas condições de vida: relatório de pesquisa. Porto Alegre: CEI; 1997.

 3 Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref”. Rev Saúde Pública 2000: 34(2): 178-83.

 4 Almeida OP, Almeida AS. Confiabilidade da versão brasileira da escla de depressão em geriatria (GDS): versão reduzida. Arq Neuropsiquiatr 1999: 57(2-B): 421-6.