The knowledge of nurses about new descriptors for classification of pressure ulcers: descriptive study

 O conhecimento de enfermeiros acerca dos novos descritores de classificação para úlcera por pressão: estudo descritivo 

Andréa Mathes Faustino1; Cristine Alves Costa de Jesus1; Ivone Kamada1; Paula Elaine Diniz dos Reis1; Sirlene Rocha Izidorio2; Simone Soares Ferreira2  

1 Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB), Brasília-DF; 2 Faculdade LS, Brasília-DF 

Abstract: Pressure Ulcers (PU) are ranked by the  stage of presentation by NPUAP through I to IV, and since 2007 has included two new descriptors, in order to promote more reliable evaluation and classification of the stages of this type of injury. The research objectives were to identify nurses' knowledge about PU, in the aspects of identification, staging / classification and characterize this population. We used an instrument to collect data and applied to nurses in a public hospital on the Federal District, Brazil. The method used was descriptive and observational, with a convenience sample. Participants were 30 nurses, 63% female, mean age 35.8 years, 40% natural from Federal District, with experience in hospital and 9.6 years in average duration of training as nurse. Regarding knowledge about the new staging, only 7% were aware of the new nomenclature of the PU and 52% still used the previous classification. On the description or image remark about the stages of the PU, only in stage I we got the most correct answers, so for the other stages of the PU nurses were unable to describe or classify. It was evident that knowledge of nurses regarding the staging of the PU was outdated, so they should be encouraged to take training updates on the theme.

Keywords: pressure ulcers, nursing care, knowledge. 

Resumo: As Úlceras por Pressão (UPP) são classificadas conforme o estágio de apresentação segundo o NPUAP de I a IV, e a partir de 2007 incluiu mais dois novos descritores, a fim de favorecer a mais fidedigna avaliação e classificação dos estágios deste tipo de lesão. Os objetivos da pesquisa foram: identificar o conhecimento de enfermeiros sobre úlcera por pressão, nos aspectos de identificação, estadiamento/classificação e caracterizar esta população. Foi utilizado um instrumento de coleta de dados e aplicado aos enfermeiros de um hospital público, no Distrito Federal, no Brasil. O método utilizado foi a pesquisa descritiva e observacional, com amostra por conveniência. Participaram 30 enfermeiros, 63 % do sexo feminino, média de idade de 35,8 anos, 40% naturais do Distrito Federal, com experiência na área hospitalar e tempo médio de formação como enfermeiro de 9,6 anos. Quanto ao conhecimento sobre os novos estadiamentos, somente 7% tinham conhecimento da nova nomenclatura da UPP e 52% ainda utilizou a classificação antiga. Sobre a descrição ou observação de imagens sobre os estágios da UPP, somente no estágio I obtivemos respostas corretas, sendo que para os outros estágios da UPP os enfermeiros não souberam descrever ou classificar. Ficou evidente que o conhecimento dos enfermeiros em relação aos estadiamentos da UPP está desatualizado, devendo ser incentivadas capacitações e atualizações sobre o tema.

Palavras-chave: úlcera por pressão, cuidados de enfermagem, conhecimento.

Introdução

                  As úlceras por pressão (UPP) constituem um problema de saúde pública, devido ao grande número de pacientes com este tipo de ferida. Estudos de incidência de UPP, no Brasil, tal como o de Costa (1), realizado em hospital escola do interior de São Paulo identificou taxa de incidência de UPP 37,7%, em Unidade de Terapia Intensiva. Em outro estudo realizado por Faustino e Caliri (2), no mesmo hospital escola, porém em unidades de ortopedia, observou-se incidência de 26,6% entre os pacientes com fratura de quadril. 

A presença da UPP representa aumento no sofrimento físico e emocional dos pacientes e consequentemente uma diminuição da capacidade funcional nas atividades de vida diária, merecendo por parte da equipe multiprofissional (enfermeiros, médicos, nutricionistas, entre outros) toda a atenção, para que haja prevenção ou intervenção tão logo seja identificada (3).

Por definição a UPP é uma lesão localizada na pele e/ou no tecido ou estrutura subjacente, geralmente sobre uma proeminência óssea, resultante de pressão isolada ou de pressão combinada com fricção e/ou cisalhamento, sendo classificadas conforme o estágio de apresentação segundo o National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) (4), que propõe adicionalmente dois descritores, com o propósito de favorecer a fidedignidade da avaliação e classificação dos estágios, conforme Quadro 1.

 

Quadro 1 – Descrição dos Estágios e Descritores de UPP, segundo NPUAP, 2007.

Estágios e Descritores

Definição

Descrição Adicional

Descritor 1: Suspeita de lesão tissular profunda

Área localizada de pele intacta de coloração púrpura ou castanha ou bolha sanguinolenta devido a dano no tecido mole, decorrente de pressão e/ou cisalhamento. A área pode ser precedida por um tecido que se apresenta dolorido, endurecido, amolecido, esponjoso e mais quente ou frio comparativamente ao tecido adjacente.

Lesão tissular profunda pode ser de difícil detecção em indivíduos com pele de tonalidades mais escuras. A sua evolução pode incluir uma pequena bolha sobre o leito escurecido da ferida. A lesão pode evoluir e ficar coberta por uma fina escara. A evolução pode ser rápida com exposição de camadas tissulares adicionais mesmo com tratamento adequado.

Estágio I

Pele intacta com hiperemia de uma área localizada que não embranquece, geralmente sobre proeminência óssea. A pele de cor escura pode não apresentar embranquecimento visível: sua cor pode diferir da pele ao redor.

A área pode apresentar-se dolorosa, endurecida, amolecida, mais quente ou mais fria comparativamente ao tecido adjacente. Feridas em estágio I podem ser difíceis de detectar em pessoas de pele com tonalidades escuras. Pode indicar pessoas “em risco” (um sinal precursor de risco).

Estágio II

Perda parcial da espessura dérmica. Apresenta-se como úlcera superficial com o leito de coloração vermelho pálida, sem esfacelo. Pode apresentar-se ainda como uma bolha (preenchida com exsudato seroso), intacta ou aberta/ rompida.

 

Apresenta-se como uma úlcera superficial brilhante ou seca sem esfacelo ou arroxeamento (aspecto de equimose)*. Este estágio não deve ser usado para descrever skin tears, abrasões por adesivos, dermatite perineal, maceração ou escoriação.

* indica suspeita de lesão tissular profunda.

Estágio III

Perda de tecido em sua espessura total. A gordura subcutânea pode estar visível, sem exposição de osso, tendão ou músculo. Esfacelo pode estar presente sem prejudicar a identificação da profundidade da perda tissular. Pode incluir descolamento e túneis.

 

A profundidade da úlcera por pressão em estágio III varia conforme a localização anatômica. A asa do nariz, orelha, as regiões occipital e maleolar não possuem tecido subcutâneo e, portanto, as úlceras podem ser rasas neste estágio. Em contraste, áreas com adiposidade significativa podem desenvolver úlceras por pressão em estágio III bastante profundas. Ossos e tendões não são visíveis nem diretamente palpáveis.

Estágio IV

Perda total de tecido com exposição óssea, de músculo ou tendão. Pode haver presença de esfacelo ou escara em algumas partes do leito da ferida. Freqüentemente, inclui descolamento e túneis.

 

A profundidade da úlcera por pressão em estágio IV varia conforme a localização anatômica. A asa do nariz, orelha, as regiões occipital e maleolar não possuem tecido subcutâneo e, portanto, as úlceras podem ser rasas neste estágio. As úlceras em estágio IV podem estender-se aos músculos e/ou estruturas de suporte (como fáscia, tendão ou cápsula articular), possibilitando a ocorrência de osteomielite. A exposição de osso/ tendão é visível ou diretamente palpável.

Descritor 2: Úlceras que não podem ser classificadas

Lesão com perda total de tecido, na qual a base da úlcera está coberta por esfacelo (amarelo, marrom, cinza, esverdeado ou castanho) e/ou há escara (marrom, castanha ou negra) no leito da lesão.

 

A verdadeira profundidade e, portanto, o estágio da úlcera não pode ser determinado até que suficiente esfacelo e/ou escara sejam removidos para expor a base da úlcera. Escara estável (seca, aderente, intacta, sem eritema ou flutuação) nos calcâneos serve como “cobertura natural (biológica) corporal” e não deve ser removida.

 

Para avaliação das úlceras, em pacientes que já apresentam a UPP é preciso também incluir uma anamnese que focalize os fatores causais, predisponentes ou de risco, além de um exame físico detalhado que inclua o exame geral das condições clínicas do cliente e especial atenção às indicações clínicas fornecidas pela aparência da ferida e de sua pele perilesional, tais como: profundidade ou gravidade, presença de eritema, necrose de tecido, além de verificar se há comprometimento muscular, do tecido ósseo ou das estruturas de suporte tecidual (5).

Os objetivos deste estudo foram: identificar o conhecimento de enfermeiros de um hospital regional do Distrito Federal sobre Úlcera por Pressão, no que concerne aos aspectos de identificação e estadiamento/classificação.  

Métodos

O presente estudo teve como delineamento o método descritivo e observacional, com momentos de avaliação de corte transversal, amostra não probabilística e por conveniência. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas (CEP) da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências de Saúde (FEPECS) pelo protocolo nº 228/2009.

Foi aplicado um questionário de forma individual contendo informações pessoais e dados a respeito do seu conhecimento sobre a classificação de UPP descritas pela NPUAP (4) e de imagens dos sites da NPUAP (6) e do Projeto On-line Úlcera por Pressão, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (7).

A amostra do estudo foi composta por enfermeiros de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos, que estavam presentes no hospital no dia da coleta de dados, em qualquer um dos três turnos de trabalho, de todas as clínicas do hospital, com disponibilidade em participar e que concordaram e assinaram de forma voluntária o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, utilizando medidas de freqüência absoluta e relativa (em percentual) de cada resposta e os mesmos foram comparados posteriormente com as informações preconizadas pela literatura científica referente à temática. Após a codificação e elaboração de um dicionário de dados (codebook), utilizou-se o processo de validação das informações coletadas, por meio de dupla digitação em planilhas do aplicativo Microsoft Excel. 

Resultados

A coleta de dados foi realizada durante os meses de setembro e outubro de 2009 e a amostra foi composta por 30 enfermeiros.

A média de idade dos participantes foi de 35,8 anos, com intervalo entre 23 a 56 anos, o sexo predominante foi o feminino, perfazendo o montante de 63 % (19) da amostra. Em relação à naturalidade, a maioria (40%) dos enfermeiros entrevistados, era do Distrito Federal (DF), seguidos do Estado do Goiás (27%) o que mostra que a mão de obra disponível era proveniente da própria região Centro Oeste.

A respeito do tipo de local em que já trabalharam como enfermeiros, 76,6% (n=23) já haviam trabalhado em outros hospitais e também em serviços de atenção básica a saúde. Quanto ao local de formação superior em Enfermagem, 67% (n=20) havia se formado em faculdades particulares do próprio DF. O tempo médio de atuação como enfermeiro foi de 9,6 anos.

Quanto às respostas sobre o conhecimento das nomenclaturas e classificação das UPP, em relação à primeira pergunta (Tabela 1): “Conforme avaliação em pacientes portadores de Úlcera por Pressão, como podemos estadiar ou classificar este tipo de lesão? “ somente 7% (2) respondeu a pergunta corretamente, onde era descrita que a classificação ou estadiamento é dada pela nomenclatura: Estágios de I à IV e mais dois novos descritores.  Destacamos que neste item uma resposta foi excluída pois um participante assinalou duas alternativas, o que levou à sua anulação.

A maioria dos enfermeiros, ou seja, 52%, respondeu a classificação antiga que ainda não se referia aos dois novos descritores. Evidenciando a falta de conhecimento sobre a atualização do tema. Também em 24% das respostas foram observados erros conceituais como, por exemplo, utilizar a denominação equivocada “graus” para a classificação de UPP, visto que tal nomenclatura se refere ao estadiamento de lesões decorrentes de queimaduras (8). 

Tabela 1. Distribuição das respostas referentes ao conhecimento de enfermeiro quanto à nomenclatura de estadiamento de UPP. Brasília – DF, 2009 (n=29)

Pergunta 1 - Conforme avaliação em pacientes portadores de Úlcera por Pressão, como podemos estadiar ou classificar este tipo de lesão?

f

%

 

a) Estágios de I a V

5

17

 

b) Graus de I a III

2

7

 

c) Estágios de I à IV

15

52

 

d) Estágios de I à IV e mais dois novos descritores (Resposta correta)

2

7

 

e) Graus de I à IV

5

17

 

Total

29

100

 

 Na segunda pergunta (Tabela 2), foram apresentadas as descrições de UPP e, em seguida, solicitado que o participante relacionasse à qual classificação – estágio ou descritor – correspondia àquela descrição, sendo observado os seguintes resultados: 40% (n=12) acertaram o item 1 (UPP em estágio III), 77% (n=23) acertaram o item 2 (UPP em estágio I), 53% (n=16) acertaram o item 5 (UPP em estágio II) e 57% (n=17) acertaram o item 6 (UPP em estágio IV). Destacam-se ainda os itens 3 e 4, relacionados na Tabela 2, nos quais se apresenta a descrição dos novos descritores, nenhum enfermeiro acertou tais itens e, geralmente, os classificaram como UPP estágio II (37%) ou UPP em estágio IV (57%).  

            Ressalta-se também que, dentre as respostas obtidas, alguns enfermeiros acrescentaram estágios à nomenclatura de UPP, dando origem aos estágios V e VI, os quais não existem de acordo com a literatura atual sobre o tema. Dessa forma, nas legendas das tabelas 2 e 3, constam tais descrições. Porém, reitera-se que tais estágios foram criados a partir das respostas fornecidas pelos enfermeiros entrevistados.

Tabela 2. Distribuição das respostas referentes ao Conhecimento do enfermeiro sobre o estadiamento de UPP na forma descritiva. Brasília – DF, 2009 (n=30)

Legenda: E1: estágio I, E2: estágio 2, E3: estágio 3; E4: estágio 4, E5: estágio 5, E6: estágio 6.

Pergunta 2 - Classifique que tipo de estadiamento é pertinente a descrição?

 

Total

 

 ITEM

E1

(f)

%

E2

(f)

%

E3

(f)

%

E4

(f)

%

E5

(f)

%

E6

(f)

%

f

%

 

1- Perda de tecido em sua espessura total. A gordura subcutânea pode estar visível, sem exposição de osso, tendão ou músculo. Esfacelo pode estar presente sem prejudicar a identificação da profundidade da perda tissular. Pode incluir descolamento e túneis. (Resposta correta = E3)

1

3

5

17

12

40

8

27

3

10

0

0

30

100

 

2- Pele intacta com hiperemia de uma área localizada que não embranquece, geralmente sobre proeminência óssea. A pele de cor escura pode não apresentar embranquecimento visível: sua cor pode diferir da pele ao redor. (Resposta correta = E1)

23

77

2

7

3

10

2

7

0

0

0

0

30

100

 

3- Área localizada de pele intacta de coloração púrpura ou castanha ou bolha sanguinolenta devidas a dano no tecido mole, decorrente de pressão e/ou cisalhamento. A área pode ser precedida por um tecido que se apresenta dolorido, endurecido, amolecido, esponjoso e mais quente ou frio comparativamente ao tecido adjacente. (Resposta correta = Suspeita de lesão tissular profunda)

7

23

11

37

8

27

4

13

0

0

0

0

30

100

 

4- Lesão com perda total de tecido, na qual a base da úlcera está coberta por esfacelo (amarelo, marrom, cinza, esverdeado ou castanho) e/ou há escara (marrom, castanha ou negra) no leito da lesão. (Resposta correta = Úlceras que não podem ser classificadas)

0

0

7

23

8

27

13

43

2

7

0

0

30

100

 

5- Perda parcial da espessura dérmica. Apresenta-se como úlcera superficial com o leito de coloração vermelho pálida, sem esfacelo. Pode apresentar-se ainda como uma bolha (preenchida com exsudato seroso), intacta ou aberta/ rompida. (Resposta correta = E2)

3

10

16

53

9

30

2

7

0

0

0

0

30

100

 

6- Perda total de tecido com exposição óssea, de músculo ou tendão. Pode haver presença de esfacelo ou escara em algumas partes do leito da ferida. Freqüentemente, inclui descolamento e túneis. (Resposta correta = E4)

0

0

3

10

1

3

17

57

5

17

4

13

30

100

 

Na terceira pergunta (Tabela 3), foram apresentadas as imagens de UPP em diversos estágios e solicitado que descrevessem a classificação das mesmas conforme a imagem apresentada. Nestes itens, foram obtidos os seguintes resultados:

-         item 1 (imagem de uma UPP em estágio I): 100% (30) dos enfermeiros respondeu corretamente.

-         item 2 (imagem correspondente a uma úlcera que não pode ser classificada até que seja feito o desbridamento do tecido necrosado): 50% (15) dos enfermeiros respondeu ser do estágio IV.

-         item 3 (imagem sugestiva de lesão tissular profunda, porém sem possibilidade de classificação): nenhum enfermeiro respondeu como sendo este um dos novos descritores e a maioria 53% (16) respondeu ser estágio III. 

-         item 4 (imagem de UPP  estágio II): 60% (18) enfermeiros respondeu corretamente.

-         item 5 (imagem de UPP em estágio IV): 43% (13) acertou o estágio.

-         item 6 (imagem de uma UPP em estágio III): 46 % (14) respondeu corretamente.

 Tabela 3. Distribuição das respostas referentes ao estadiamento de UPP por meio de imagens observadas pelos enfermeiros. Brasília – DF, 2009 (n=30)

Pergunta 3- Classifique que tipo de estadiamento é pertinente a foto?

Total

 

ITEM

E1

(f)

%

E2

(f)

%

E3

(f)

%

E4

(f)

%

E5

(f)

%

E6

(f)

%

f

%

 

(Resposta = E1)

1

30

100

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

30

100

 

(Resposta = úlcera que não pode ser classificada)

2

0

0

0

0

11

37

15

50

3

10

1

3

30

100

 

(Resposta = suspeita de lesão tissular profunda)

3

1

3

11

37

16

53

1

3

1

3

0

0

30

100

 

(Resposta = E2)

4

9

30

18

60

3

10

0

0

0

0

0

0

30

100

 

(Resposta = E4)

5

0

0

1

3

12

40

13

43

2

7

2

7

30

100

 

 (Resposta = E3)

 

6

0

0

8

27

14

43

5

17

3

10

0

0

30

100

 

Legenda: E1: estágio I, E2: estágio 2, E3: estágio 3; E4: estágio 4, E5: estágio 5, E6: estágio 6.

 Nesta pergunta pode ter havido falta de prática em observar as UPP em imagens, apesar de ter sido escolhido imagens padrão dos estágios, divulgadas em sites reconhecidos na área de educação para a prevenção e tratamento de UPP.

Os resultados apontam que os enfermeiros desconheciam os estadiamentos da UPP tanto para as descrições quanto para as imagens, fato este que pode dificultar a linguagem escrita entre a equipe de enfermagem que executa os cuidados a pacientes com UPP, as orientações de cuidado para o próprio paciente e familiares, bem como a recomendação de produtos quando há especificidade da indicação terapêutica.  

Discussão

Quanto ao sexo e idade, observa-se que os dados corroboram com os resultados apontados pela literatura como observado no estudo de Rangel (9), realizado em um hospital escola no interior de São Paulo, onde foi investigado o conhecimento de enfermeiros deste hospital quanto à UPP. Na pesquisa citada, a amostra foi composta de 96% de enfermeiros do sexo feminino com idade entre 31 e 40 anos (56%) Em relação a experiência de atuação, o tipo de local em que já trabalharam a maioria já tinha experiência hospitalar em outros períodos, o que também foi observado no estudo já citado(9), principalmente atuando na área de Emergência.

Em relação à pergunta a respeito da nomenclatura das UPP, alguns estudos já haviam observado a falta de conhecimento de enfermeiros. No estudo de Maciel e Costa (8), desenvolvido em uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital universitário do Estado de Mato Grosso, os enfermeiros entrevistados demonstraram desconhecer a forma correta de estadiamento e classificação das UPP, assim como também observado nos resultados aqui apresentados. Neste estudo, apesar dos enfermeiros afirmarem conhecer a classificação da UPP, observou-se que sua descrição foi feita de forma errônea, evidenciando a necessidade de aprofundar os conhecimentos para haver uma melhor classificação da UPP no momento de coleta de dados de enfermagem e direcionar os métodos preventivos ou terapia tópica.

No estudo de Rangel (9) quanto ao conhecimento dos estágios foi observado que em relação ao estadiamento das UPP, 58,3% enfermeiros não souberam identificar de forma correta a úlcera no estágio II e 48% erraram a questão referente à descrição das características anatômicas da úlcera de pressão em estágio III. A falta de conhecimento também ficou evidente entre os enfermeiros entrevistados no presente estudo principalmente os relacionados aos novos descritores.  Já no estudo realizado por Miyazaki (10), em hospital universitário do interior paulista, no qual se avaliou o conhecimento de 136 enfermeiros sobre classificação de UPP, a maior porcentagem de respostas corretas foi para a descrição de UPP em estágio I (83,1%), e para as UPP em estágio IV (94,1%). Destaca-se que nos estudos mencionados não foi avaliado o conhecimento sobre os novos descritores de estadiamento.

Observou-se que para algumas descrições os enfermeiros atribuíram classificações não existentes na literatura. Tal fato ocorreu para 10% dos enfermeiros. . Esta classificação inadequada pode levar a uma dificuldade para a uniformização nos registros e, consequentemente, no planejamento dos cuidados de enfermagem. Em relação à investigação do conhecimento da classificação por meio de imagens, não foi encontrado estudos semelhantes que utilizaram este tipo de recurso.

Em relação ao conhecimento sobre a UPP, alguns autores destacam que a incidência da úlcera de pressão em hospitais é diretamente proporcional ao nível de conhecimento e compromisso dos profissionais de saúde e administradores com a prevenção, porque na maioria dos casos os pacientes estão com alto grau de dependência em relação ao seu cuidado, o que faz aumentar o risco para a UPP (2,11).

Além disso, alguns autores destacam que o conhecimento de medidas de prevenção e conhecimentos acerca da classificação da UPP deve fazer parte do conhecimento de todos os profissionais da área de enfermagem (12). 

Conclusões

Ficou evidente a falta de atualização acerca dos estadiamentos de UPP entre os enfermeiros que compuseram a amostra deste estudo, podendo prejudicar o planejamento e a implementação dos cuidados de enfermagem a pacientes com UPP.

Além disso, observa-se que são poucos os estudos nacionais que buscaram descrever o conhecimento dos enfermeiros sobre UPP, necessitando de mais pesquisas para ressaltar a necessidade tão evidente na prática, no que concerne ao estadiamento e classificação das UPP.

Ressalta-se que os enfermeiros, por serem os responsáveis pela implementação do processo de enfermagem, precisam ter conhecimento abrangente sobre as UPP, relacionado à prevenção, classificação, cuidados e tratamento, tornando a assistência de enfermagem mais adequada, eficiente e direcionada aos pacientes em risco de desenvolver UPP ou àqueles que já apresentam a UPP em algum estágio.

Conclui-se que a importância do conhecimento cientifico de enfermagem em relação à UPP trará contribuições na prática do cuidado em enfermagem, sendo assim necessária à realização de capacitações e atualizações contínuas sobre a temática “Úlcera por Pressão” para enfermeiros e equipe de enfermagem. 

Referências

1. Costa IG. Incidência de úlcera de pressão e fatores de risco relacionados em pacientes de um Centro de Terapia Intensiva. 2003. 133f. Dissertação (Mestrado). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto (SP), 2003.

2. Faustino AM; Caliri MHL. Pressure ulcer in adult patients with femoral and hip fracture: a descriptive study. Online Braz J Nurs [Serial on the Internet] 2010 Apr; [Cited 2010 May 17] 9 (1). Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/j.1676-4285.2010.2690.

3. Blanes L, Duarte IS, Calil JA, Ferreira LM. Avaliação clínica e epidemiológica das úlceras por pressão em pacientes internados no Hospital São Paulo. Rev. Assoc. Med. Bras. [Serial on the Internet] 2004 Apr; [Cited 2010 March 30] 50(2):182-7. Available from:<http://www.scielo.br/pdf/ramb/v50n2/20781.pdf>

4. National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP). Pressure Ulcer Definition and Stages. Tradução Vera Conceição de Gouveia Santos; Maria Helena Caliri. Rev Estima 2007 July / August / Sept ; 5(3):43-44.

5. Dealey C. Tratamento de pacientes com feridas crônicas. In: Dealey C. Cuidando de Feridas: Um Guia Para As Enfermeiras. Tradução Rúbia Aparecida Lacerda, Vera Lúcia Conceição Gouveia Santos. 3ª ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2008. cap. 5, p.121-168.

6. National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP). Updated staging system. [Cited 2009 July 19], Available from: <http://www.npuap.org/index.html>

7.Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Projetos on-line: Úlcera por pressão. [Cited 2009 July 19], Available from: <http://www.eerp.usp.br/projetos/feridas/upressao.htm>

8. Maciel RM, Costa IG. Conhecimento dos Enfermeiros de Uma UTI, Sobre Úlcera de Pressão. Recenf: Revista Técnico-Científica de Enfermagem. 2006 December; 4(16): 188-200.

9. Rangel EML. Conhecimento práticas e fontes de informação de enfermeiros de um hospital sobre a prevenção e tratamento da úlcera de pressão. Ribeirão Preto: [s.n.], 2004. 74 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, 2004.

10. Miyazaki MY. Conhecimento das recomendações para a prevenção da úlcera por pressão pela equipe de enfermagem de um hospital universitário. 2009. 116f. Dissertação (Mestrado). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto (SP), 2009.

11. Nogueira PC, Caliri MHL, Santos CB. Fatores de risco e medidas preventivas para úlcera de pressão no lesado medular. Experiência da equipe de enfermagem do HCFMRP-USP. Medicina. [Serial on the Internet] 2002 Jan / Mar; [Cited 2010 March 30] 35(1): 14-23. Available from: <http://www.fmrp.usp.br/revista/2002/vol35n1/fatores_risco.pdf>

12. Fernandes LM, Caliri MHL, Haas VJ. Efeito de intervenções educativas no conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre prevenção de úlceras pressão. Acta paul. enferm.  [Serial on the Internet]. 2008  [Cited  2010  March  06] ;  21(2): 305-311. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002008000200012&lng=en>

 

Contribuição dos autores: Concepção e Desenho: Andrea Mathes Faustino; Pesquisa Bibliográfica, Análise, Interpretação e Escrita do Artigo: Andrea Mathes Faustino, Sirlene Rocha Izidorio, Simone Soares Ferreira; Revisão Crítica do Artigo: Andrea Mathes Faustino, Cristine Alves Costa de Jesus, Ivone Kamada,  Paula Elaine Diniz dos Reis; Aprovação Final do Artigo: Andrea Mathes Faustino.

Endereço para correspondência:  Andréa Mathes Faustino. Departamento de Enfermagem – FS/UnB, Campus Darcy Ribeiro, CEP: 71900-910, Brasília - DF . Email: andreamathes@unb.br